Praça da Matriz em 1950. Foto: Acervo Público.
Encanto. A história sempre o é. Sobretudo, da terra natal ou da cidade que é a residência de alguém. A bela Patrocínio não é diferente. Ainda mais considerando que, para a nação patrocinense, o inesquecível e o maravilhoso moram no Município. Há 66 anos, a energia elétrica existente pertencia aos patrocinenses. Pois, havia a Companhia Força e Luz, cuja sede localizava na Av. Rui Barbosa (em frente à Caixa Econômica, hoje). A energia era gerada por duas pequenas usinas situadas na região da Serra do Cruzeiro e do Rio Dourados. Luz fraca que proporcionou aos poetas dizerem que Patrocínio era iluminada pelo luar e pelo romantismo. O telefone também era de patrocinenses, por meio de sua Companhia Telefônica de Patrocínio S.A. Nos últimos anos de sua existência, situava-se na Rua Governador Valadares (em frente à Casas Manoel Nunes). E sua lista telefônica (catálogo) destacava como era a cidade e alguns residentes. Como o telefone era produto caro e raro, somente a classe mais abastada o possuía. Tudo isso é uma imagem histórica municipal.
LETRA A – A lista mostrava nomes como Amir Amaral (médico), Altamiro Amaral (promotor público) e Armazém São Lucas (Rua Gov. Valadares com Rua Rio Branco, no antigo casarão de 150 anos que foi jogado ao chão inexplicavelmente, há alguns anos).
LETRAS B E C – A cidade contava com quatro bancos: Brasil (Rua Presidente Vargas), Minas Gerais, Mineiro da Produção (que se tornou Bemge, Rua Presidente Vargas) e Comércio e Indústria (Praça Honorato Borges, no belo casarão ainda existente). No Edifício Melhoramentos (2º andar, Praça Santa Luzia, ao lado do futuro Cine Patrocínio) com o telefone 1-4-0, estava o elitizado Clube Itamaraty. Gente inesquecível como Casimiro Barbosa (vereador do PSD), João Barbosa (vereador da UDN), Olney Barreira (empresário), Otávio Brito (farmacêutico, já falecido em 1955), Aníbal Carvalho (pai da grei Carvalho) e João Moreira Caldeira (contador, à época chamado de guarda-livros) possuíam telefones (para não esquecer, fixos e pretos).
TODOS SE ETERNIZARAM – Na letra F, existiam os números de Jorge Facury (1-0-5), Frederico Lopes (2-1-4) e Demócrito França. Nas outras letras não faltaram nomes de patrocinenses de sempre. Joaquim Leonel (comerciante), Elmiro Machado (tabelião), Antônio Mansur (comerciante), Matias Alfaiate (um dos criadores da Corrida da Fogueira). Levy Matos (farmacêutico), Geraldo Alves do Nascimento (o famoso Baim, residente em BH), Mário Alves do Nascimento, Geraldo Barbosa, Januária Novais (mãe da Dona Waldete, hoje com 99 anos), Abdias Alves Nunes (o maior vereador do século XX que a cidade conheceu), José Constantino (empresário), Péricles Paiva (fazendeiro), Carlos Pierucceti (Rua Marechal Floriano 165, pai da professora Lirinha), Lindolfo Queiroz (fone 1-6-5) e Modesto Teixeira (o mais conhecido dentista “prático”)
MAIS ETERNOS... – Na letra E era encontrado o número 1-9-4 da Empresa Força e Luz de Patrocínio (a Cemig surgiu em 1961). Na passarela da saudade ainda José Elói Santos (jornalista, pai de Sebastião Elói), Alexandrina Silveira (folclórica, e seu Gordini – pequeno automóvel dos Anos Dourados), José Luiz Silva (desportista, um dos criadores do CAP), e Wadhy Miguel Felippe (comerciante, revendedor Ford).
OS ADVOGADOS – João Aguiar Amaral (parente do político Márcio Amaral), residiu na rua Coronel João Cândido, nº 331. Roberto Pires Barbosa e Tarciso Cardoso atendiam na Rua Presidente Vargas. Waldoliro Carvalho na Rua Marechal Floriano nº 404. O quinto nome registrado no catálogo telefônico era do lendário Hélio Furtado de Oliveira, com o telefone 3-3-3.
POSTOS DE GASOLINA E AUTOMÓVEIS – A Auto Comercial Patrocínio Ltda., de Dimas José Silva (residente em Belo Horizonte), representava a Chevrolet e a Atlantic. A Miguel Felippe & Cia. a Ford e a Esso. Seu endereço era Av. Rui Barbosa com Av. Faria Pereira. Na mesma esquina, do outro lado, localizava-se o Posto São Cristovão de Antônio Felix, revendedor (caminhonete) Studebaker e a Shell. Já na Rua Presidente Vargas, 1.721, havia o Posto Internacional de Cherulli & Cia.
TÁXI (naquele tempo, “carros de praça”) – A publicidade do Ponto de Automóveis nº 1 indicava os “chauffers” (motoristas) daquele local. Eram João de Deus (o símbolo de bom no volante – tranquilo e seguro), João Pereira de Melo, Agostinho Luiz da Silva, Jair Francisco de Deus, José de Lourdes e Milton Marques (marido da Vó Zaca, primeira miss de Patrocínio). Endereço do ponto: Praça Santa Luzia com o telefone 4-0-6.
COMO ERA A DIFUSORA – O grande anúncio na Lista informa: “Rádio Difusora, da cidade que mais cresce no Alto Paranaíba”. E mais: ZYW-8, transmissor de 250 watts, 590 KHZ na onda Média e auditório para 80 lugares (nos anos 50 e 60 eram comuns e concorridos programas de auditório). A emissora era no 2º andar do Edifício Rosário, na Praça Honorato Borges. Assim terminava o quadro publicitário: o maior “porta-voz da região”.
O COMÉRCIO NOS ANOS 50 – Dragão das Louças, de João Mansur. Instituto de Beleza Manon, de Idalice Mendes Nascimento (Praça Honorato Borges). Casa Americana, de Joaquim Leonel Filho. Farmácia N. S. Perpétuo Socorro, de Benedito Romão de Melo (vice-prefeito em 1959-1962), na Praça Honorato Borges. Casa Nova (tecidos, sedas e chapéus) de Miguel Elias. Fábrica de Balas Tamandaré de Queiroz, Barreira & Cia. Bar e Restaurante Caçula, de Geraldo Barbosa Naves (refeições até às 2h da madrugada, no Hotel Santa Luzia). Bar Trianon, dos Irmãos Caixeta, também na Praça Santa Luzia.
A MODA – Pedro Rodrigues Pereira, o primeiro nome em roupas e era o revendedor Ducal. O endereço: Praça Santa Luzia, 329 – Fone: 2-0-4. Na mesma praça, do outro lado, Caldeira Alfaiate (brins, linhos, casimiras). Já na Rua Governador Valadares, Matias Alfaiate, um dos pilares da elegância patrocinense (ícone).
COMO O TELEFONE FUNCIONAVA – Havia na Praça Santa Luzia, nº 1.292 uma rudimentar central telefônica. Sua operação era semelhante a um então (hoje, um velho) PABX com telefonista. Por exemplo, para ligar para a Prefeitura Municipal (Praça da Matriz, onde é atualmente a Casa da Cultura), discava 1-0-6. A telefonista atendia e completava a ligação (ainda não existia no Município o serviço interurbano). Outro detalhe, ao pedir a ligação deveria ser dito um, zero, meia, neste caso, da prefeitura.
CURIOSIDADES – Existiam pouco mais de 300 telefones (números) na cidade. Segundo o regulamento, o pagamento da conta era adiantado. O assinante (proprietário do número telefônico) não deveria permitir o empréstimo do telefone. O uso de linguagem obscena ou falta de educação, indicados pela telefonista, motivavam a retirada do aparelho, que era da empresa telefônica patrocinense.
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Educação. É o maior componente sustentável de uma comunidade desenvolvida. Juntamente com a Saúde. Nos últimos anos, Patrocínio tem evoluído com qualidade no Ensino Básico. Ou seja, no Ensino Infantil, Fundamental e Médio tem apresentado números alvissareiros. É o que demonstra as informações do Censo Escolar, ano 2020, publicado pelo IBGE.
ENSINO MÉDIO – No ano passado, havia 3.339 alunos matriculados, distribuídos na 1ª, 2ª, 3ª e 4ª séries. Isso posiciona Patrocínio em 35º lugar em Minas. O que é bom, pois o Município é o 39º em população. Entre as quatro séries, segundo o IBGE, a 4ª de Patrocínio é o destaque, porque avança Patrocínio para a 26º lugar.
QUANTIDADE DE PROFESSORES – O Município tem 332 docentes no Ensino Médio. Um número muito satisfatório. Além de colocar Patrocínio em 25º lugar quanto a esse quesito, posiciona a cidade à frente de outras cidades mineiras mais populosas. Um exemplo é a progressista Araxá, que tem população um pouco superior, onde há menos 58 docentes do que Patrocínio. Ou seja, lá o número de docentes é 274.
ENSINO MÉDIO: NÚMERO DE ESCOLAS – Mais uma boa lição patrocinense. Patrocínio tem 18 unidades, Araxá 11, Monte Carmelo 6 e Patos de Minas, com população maior, 26 escolas. Nessa variável, há no Estado apenas 23 cidades com mais escolas de Ensino Médio do que Patrocínio. E todas essas com população maior.
AGORA O ENSINO FUNDAMENTAL – Quanto à quantidade de matrículas, Patrocínio tem 11.639 alunos matriculados (34º lugar). Para exemplificar, dentre as nove séries do Fundamental, a 4ª série é uma boa amostra. Na Rede Estadual tem 546 alunos (21º lugar), a Rede Privada com 194 alunos (36º lugar) e a Rede Municipal com 478 alunos (58º). O desempenho quantitativo e relativo ao Estado da Rede Estadual na cidade é excelente.
PROFESSORES NO FUNDAMENTAL – Nos anos finais Patrocínio conta com 384 docentes (28º lugar). E nos anos iniciais tem 342 docentes. Isso totaliza 726 mestres.
ESCOLAS NO FUNDAMENTAL – No grupo “Anos Iniciais” há 37 unidades escolares. E nos “Anos Finais” 26 unidades (28º lugar em Minas), à frente de Araxá que tem 21. O total perfaz 63 escolas.
ENSINO INFANTIL – Nesse quesito, Patos de Minas e Araxá ganham folgadamente de Patrocínio. Enquanto, a Capital do Café possui 4.045 matrículas, a Capital do Milho e a Estância Hidromineral aproximam de 5.900 matrículas. Mesmo assim, o desempenho patrocinense é aceitável (34º lugar em Minas).
SHOW DO SETOR PRIVADO – O Ensino Infantil é dividido em dois subgrupos: Creche e Pré-Escolar. Quanto à creche, há 1.680 crianças matriculadas. Dessas matriculadas, 1.063 é em creches privadas, o que dá o 18º lugar no Estado, quanto a essa iniciativa (setor privado). Para se ter ideia, o número de matrículas em creche particular de Patrocínio (1.063) ganha do número de Patos de Minas, que tem 809 crianças matriculadas em creches privadas. As creches municipais (da Prefeitura) completam o quadro de creches em (nosso) Município.
AINDA O ENSINO INFANTIL – Além das Creches, tem o Pré-escolar. Nesse quesito, a rede da Prefeitura Municipal coloca Patrocínio no excelente 25º lugar em Minas, com 2.033 crianças matriculadas. Já o setor privado patrocinense fica distante no atendimento, quanto ao Pré-escolar (48º lugar), com 332 matriculados.
QUANTIDADE DE ESCOLA INFANTIL – No subgrupo Creche, Patrocínio conta com apenas 10 unidades escolares na rede municipal, o que é pouco. A rede particular tem 14 unidades. No outro subgrupo, o Pré-escolar, o Município tem 20 unidades escolares (de Pré-escolar) na rede municipal. E a rede particular (privada) somente há 8 unidades. Enfim, reunindo as redes da Prefeitura e Particular, Patrocínio tem poucas unidades, comparando com as grandes cidades da região (Patos e Araxá, por exemplo) e com outras regiões mineiras.
RESUMO – No grande grupo Ensino Básico, Patrocínio encontra-se muito bem no Ensino Fundamental e Ensino Médio. Isso considerando a evolução de 2008 a 2020. E tudo tendo como parâmetros (padrão, medida) o número de matrículas, de docentes e de escolas. Já o Ensino Infantil está satisfatório no período (2008/2020). Mas, pode melhorar um pouco mais, observando os três parâmetros. Pois, já existe um positivo indicador, que o crescimento do número de docentes nos últimos três anos. Agora, é promover a adequação do número de escolas e, principalmente, do incremento de crianças matriculadas, objetivando a robustez do ensino infantil na cidade. No geral, Patrocínio está muito bem na fita!
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Muito se tem falado na imprensa sobre intenções do Presidente da República de se afastar das instituições republicanas, como o Judiciário e o Legislativo, fundamentais em uma democracia.
Quem conhece um pouco da História do Brasil, não deixa de notar a semelhança do momento político atual com a época de 64. Naquela época, inicialmente houve um golpe cívico-militar. Posteriormente, os militares alijaram da politica todos os civis- Juscelino e Lacerda, por exemplo, e houve um golpe dentro do golpe e os militares governaram sozinhos por vinte anos.
Tomando com base os fatos ocorridos em Minas Gerais, que teve papel preponderante em 64, são muitas as semelhanças entre os dois momentos e enumerá-las tornam óbvias as intenções do atual governo. Naquela época, prevendo que o país caminhava para o regime comunista, temerosos de aqui acontecer o que havia acontecido em Cuba, uma das preocupações da direita daquela época foi armar os fazendeiros contrários à reforma agrária que seria proposta por João Goulart. Em Minas, na região de Corinto e Diamantina, bispado de Dom Sigaud, radicalmente direitista, os fazendeiros recebiam armas até pelo correio. Bolsonaro pretende que cada cidadão possa ter até quatro armas.
O golpe de 64 foi preparado com uma grande mobilização das polícias militares, principalmente em Minas Gerais, onde o Coronel José Geraldo, comandante da PM mineira, aderiu totalmente ao movimento. Bolsonaro tenta cooptar as polícias militares e inclusive pretendia gastar dezessete milhões de reais na compra de fuzis para equipar não somente o exército o que é natural, mas também as polícias militares. Em um momento em que se procura privatizar as ferrovias, a extinta polícia ferroviária vai ser recriada, dando ainda mais poder ao governo federal junto às polícias.
Jango não era comunista, era latifundiário no Rio Grande do Sul. Fez um governo dúbio e mostrou-se leniente com as greves, com as manifestações pelas reformas de base que incluíam a reforma agrária temida por todo os proprietários de terra, acirrando ainda mais o ânimo da direita. Governou dentro de total instabilidade política. O governo atual procura de toda forma desestabilizar a política, com manifestações claras contra as instituições, contra o STF e contra o congresso nacional . Desestabilizando as instituições, aumenta a força do governo central. Em Minas, no período que antecedeu o golpe, Augusto de Lima, neto, um civil, conclamou abertamente a polícia militar, com folhetos distribuídos em Belo-Horizonte, na cidade inteira, a se rebelar e não atender o governador Magalhães Pinto para dar cobertura a um congresso de trabalhadores previsto para ser realizado em Belo-Horizonte.
O governo Bolsonaro propôs esta semana que os crimes de ofensa às forças armadas sejam julgados por um tribunal militar. Todos os que aderiram à luta armada entre 1968 e 1978 , os terroristas, foram julgados por um tribunal militar. Jango anistiou todos os marinheiros participantes da revolta dos marinheiros, que tinha entre seus líderes o cabo Anselmo, o que acirrou ainda mais o ânimo da cúpula militar contra seu governo. Bolsonaro não permitiu a punição ao ex-ministro Pazuelo, um militar de alta patentes, informalmente o anistiou. O movimento de 64 teve uma ampla adesão da sociedade, dos civis, inclusive da Igreja Católica que, posteriormente, diante das torturas, tornou-se ferrenha combatente da ditadura. Bolsonaro busca uma ampla adesão de sociedade ao seu governo e a maior expressão são os passeios de moto, as motociatas. Hoje tem a seus favor não a Igreja Católica , mas as igrejas evangélicas.
A revolução de 64 teve amplo apoio das grandes empresas, das multinacionais que financiaram não só o golpe, como também, mais tarde, a tortura. A Volks permitiu, naquela época, a prisão e o interrogatório de funcionários dentro da própria fábrica. Bolsonaro, em seus desvarios conta, com o apoio de grandes empresários, explicitamente, dos donos da Havan e da Wizard. O governo militar suspendeu as eleições previstas para 1966. O governo atual já deixou claro, se depender dele e não mudarem as urnas, não haverá eleições em 2022.
Além disto, a CIA deu todo o apoio e suporte ao movimento de 64. Não é de estranhar a recente visita de elemento da CIA ao Brasil, certamente preocupados com a América Latina, com as eleições no Peru e no Chile e com a polarização direita/ esquerda no Brasil após a volta de Lula ao cenário político.
A imprensa tem falado quase diariamente em intenções golpistas do presidente Bolsonaro. As semelhanças do atual governo com o golpe de 64 são inúmeras. E os militares já estão no governo. Por vias democráticas, mas estão. Só falta realmente o golpe tão almejado por Bolsonaro.
Emprego. Muito se fala sobre ele. Em Patrocínio não é diferente. Como uma amostra, um bom indicador, o Sebrae/MG demonstra o emprego ou desemprego gerado pelas Micro e Pequenas Empresas, as conhecidas MPE. Isso em 2021, de janeiro a abril, acumulado. Os dados são do Cadastro Geral de Empegados e Desempregados, o Caged, do Ministério do Trabalho e Emprego. No contexto mineiro, os setores da indústria e de serviços tiveram melhores desempenhos em 2021. Na região Noroeste e Alto Paranaíba, juntas, Patrocínio ocupa tão somente o 7º lugar no aumento de número de empregos gerados por MPE para todos os setores. Por incrível que pareça, o setor da indústria é o de melhor performance patrocinense: 4º lugar regional.