Eustáquio Amaral | Primeira Coluna
Tempo. Ele é inexorável. Não para. O último mês do primeiro semestre do ano, Junho, chega ao seu final. Mês dedicado a Juno, primeira-dama (deusa) do Olímpo. Esposa de Zeus (Júpiter) e defensora de casamento. Nele alguns imortais de Patrocínio partiram para o plano celestial. Como o Professor Franklin Botelho. Ele encantou cinco gerações. Patrocinense adotivo, faleceu em 18 de junho de 1981. Portanto, há 44 anos, Prof. Franklin integrou-se à terra que tanto amou. Mas quem foi ele? Um pouco de tudo, com exuberância. Professor, músico, pintor (arte), compositor, anedotista (humor), radioamador, fotógrafo, dramaturgo (autor de peças teatrais, sobretudo cômicas), e, diretor colegial (Ginásio Dom Lustosa e Colégio Professor Olímpio dos Santos).
PROFESSOR DE QUÊ E EM QUAL ESCOLA – Francês era a sua matéria escolar predileta. Lecionava-a com pleno domínio (o Francês, o Inglês, o Latim e o Português eram obrigatórios no currículo ginasial, hoje parte do Fundamental). Nos anos 30, 40, 50 e 60, no Ginásio Dom Lustosa. Já nos anos 50, 60 e 70 no Colégio Professor Olímpio dos Santos também. Além do Francês, Franklin era professor das matérias Canto Orfeônico (música) e Geografia.
DE ONDE VEIO – Nasceu em Paracatu em 09/5/1907. Filho de engenheiro-deputado na Velha República. Como estudou em Uberaba (maior cidade regional, à época) passava sempre por Patrocínio, por causa do transporte de passageiros por ferrovia. Isso nos anos 20.
JOVEM MESTRE – Em Paracatu, tornou-se exímio violinista (violino). E aos 22 anos de idade, mudou-se para Patrocínio para “dar aula” na melhor escola do Triângulo (junto ao bom Colégio Diocesano, de Uberaba), o Ginásio Dom Lustosa (dos Padres Holandeses), que já funcionava há dois anos (1929). E o seu amor à educação era tanto, que passou a residir em frente à entrada principal da escola, à Rua Afonso Pena.
A MAIS BELA MÚSICA DE PATROCÍNIO – Franklin Botelho compôs a valsa “Serenata”. Romântica, harmoniosa música, que encantou a alma e o coração de diversas gerações patrocinenses. Sobretudo, interpretada pelo autor com o seu mágico violino. Eis a estrofe final:
MAIS MÚSICA DO PROFESSOR – O Hino Oficial de Patrocínio tem Franklin Botelho como autor da música, e, letra do poeta Augusto de Carvalho (tão aclamado pela lenda Sebastião Elói). Franklin ainda compôs diversas toadas sertanejas tais como: “Campina Verde”, “Manhãs de Minha Terra”, “Sabiá” e “Cancela”.
PROFESSOR GENIAL E CULTURAL – O teatro também fazia parte de seu dom artístico. Tanto é que é autor de diversas peças teatrais. As de humor provocavam intensas gargalhadas. Tais como: “A Incrível Genoveva” (a mais famosa), “Só No Bodoque” e “Os Caipiras São Assim”. Quanto à religiosidade, o destaque é a peça “São Francisco de Assis”.
FONTE DE INFORMAÇÃO SOBRE A GUERRA – Nos anos 40, como ótimo radioamador, cumpriu importante papel nas comunicações, junto com o telégrafo (hoje, ambos, praticamente, inexistentes). Prof. Franklin, com a sua estação de radioamador, identificada com o PKY-30, Esqueleto Quente, comunicava, por ondas curtas, com diversos países, principalmente a França. E de lá, pelos radioamadores franceses (ou de outros países) sabia das últimas informações da Segunda Guerra Mundial. Além de tudo, era um serviço de utilidade pública gratuito também para outras necessidades dos cidadãos (saúde, notícias de familiares, etc.).
POR FIM – Professor Franklin Botelho é o patrono da cadeira nº 1, da Academia Patrocinense de Letras (que precisa ser reativada), e, nome de praça na cidade. Prof. Franklin foi um gênio que Patrocínio e região conheceram.