Todos nós ainda nos lembramos do slogan de Tiririca quando candidato à Câmara dos Deputados: “Com Tiririca, pior não fica’. E ficou. Claro que não se deveu a ações deste deputado. Tiririca, muito honesto e humilde, nunca faltou a uma votação no Congresso. Em 2017, decepcionado com a atuação parlamentar, pensou em renunciar diante das “coisas vergonhosas” que via no Congresso

Ainda neste tempo de Titirica, houve o golpe contra o governo da presidente Dilma, orquestrado com a ajuda do próprio PMDB que cometeu o maior erro de sua história, pois saiu totalmente enfraquecido. Michel Temer se revelou um presidente muito fraco com um Congresso mais fraco ainda. A oposição não perdoou Eduardo Cunha, presidente da Câmara, por ter aberto o processo de impeachment contra Dilma e votou pela sua cassação. Condenado a mais de 53 anos de prisão, hoje, já na prisão domiciliar, deve arrepender-se amargamente do caminho que escolheu. Com um executivo e legislativo fracos, o judiciário cresceu no vácuo criado e procurou lavar a lama da política. Com isto, os partidos políticos derreteram, esfacelaram-se chafurdados na lama que eles mesmos criaram.

Esperava-se que, com tanta sujeira à mostra, o Congresso seria muito melhor após as últimas eleições. Infelizmente, percebemos que os novos deputados ainda não mostraram a que vieram. Alguns por não terem cultura política, todos por não terem cultura parlamentar vivem submissos ao velho Congresso que continua pior em suas mazelas.

Collor, quando presidente, quis governar sem concessões ao Congresso e foi cassado. O Presidente Bolsonaro disse que governaria sem concessões e não teve jeito; não conseguiu, teve de ser render ao deprimente Centrão, Teve de ser render a grupos de congressistas, formados por deputados e senadores que visam unicamente às benesses do governo e do poder.

Há uma grande diferença entre o trabalho dos deputados e senadores. Os deputados além de defenderem o país, representam seus estados. É natural, portanto, que procurem atender a interesses regionais de estados e municípios. Já os senadores visam exclusivamente aos interesses do país. Se um projeto, por exemplo, é importante para um estado, mas é lesivo à nação, em tese não devem aprová-lo. Por isto, têm um cargo de um período maior, de oito anos, com eleições intermitentes, para evitar a descontinuidade da possível troca de todos senadores ao mesmo tempo.

Com isto, espera-se que congressistas trabalhem para engrandecer seus estados e o país. Que suas decisões fortaleçam a unidade nacional, gerem crescimento social e econômico e possibilitem o bem estar social. Espera-se que haja no Congresso líderes nacionais capazes de apontar rumos para o país, de dirigir os destinos de nossa nação.

Infelizmente, há uma ausência total de liderança no Congresso. Liderança se faz com grandes homens que se destacam pela altivez, pela lisura, honestidade e pela ética; que coloquem os interesses nacionais acima de qualquer situação de caráter pessoal, ou de grupelhos e que, sobretudo, apontem caminhos para a união do povo e para o crescimento nacional. Líder é aquele que tem seguidores que, quando fala, é ouvido. O último grande líder que tivemos, no Congresso, foi Pedro Simon.

O que se vê, hoje, no Congresso são pessoas que parecem desconhecer a importância e representatividade do cargo que ocuparam. Deprimente. Linguagem de baixo calão, ataque pessoais e às instituições falta ao decoro parlamentar e, pior de tudo, um grande número de congressistas com processos na Justiça, ou seja, no Supremo.

Deste modo, quando achamos que não há novas de formas de falta de lisura, quando achamos que o congresso já chegou ao fundo do poço este parece não ter fundo. Como pode, por exemplo, um senador – imaginem um senador da República –que esconde dinheiro nas nádegas, nos fundilhos, para fugir da polícia, continuar no Congresso? Como pode os congressista escolherem para Presidente da Comissão de Justiça uma deputada que vive atacando as Instituições e com processos judiciais no Supremo? Um deboche, uma afronta à nação.

Na realidade, precisa-se de uma reforma política urgente que reduza pela metade o número de deputados. Não uma reforma feita pelos próprios congressistas, mas elaborada por uma comissão de juristas, sociólogos, por representantes da sociedade como OAB, CNBB, entidades empresariais. A moralização começará por aí.

Com tantos deputados sem uma postura a altura de seu cargo, com tantas atitudes e situações que chocam o povo, o Congresso Nacional estará sempre desacreditado. E, lamentavelmente, pior.

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