Igreja Matriz Nossa Senhora do Patrocínio, em estilo, colonial no ano de 1918.
 Acervo público




Nesta sequencia, fotos áreas de Patrocínio em 1970, aqui a ferrovia que corta a cidade ainda hoje

Fonte: http://fotosantigaspatrociniomg.blogspot.com/2017/02/vista-aerea-de-patrocinio-1970.html

Religiosidade. Cada um tem a sua. Todas merecem total respeito. Em Patrocínio viveram algumas pessoas de aura mais intensa. Ou seja, pessoas de luz mais forte. No popular, pessoas bondosas e santas. Padre Eustáquio, que tem muito a ver com a cidade, é o maior exemplo. E um de seus discípulos, quiçá o maior, que também viveu em Patrocínio, é outro belo exemplo. Padre Eustáquio faleceu em 30 de agosto de 1943. Esse, faleceu, recentemente, em 07/6/2021. Ambos em BH. Padre Lúcio é o seu nome. Com informações de Lucélia Borges Pereira, autora do livro “Bem-Aventurado Eustáquio”, residente à Rua Presidente Vargas, um pouco sobre o carismático Padre Lúcio Dumont Prado.

ORIGEM – Nasceu em Araxá em 04/5/1941. Filho de Ariovaldo Prado e Inah Dumont Prado, teve cinco irmãos. Nesse mesmo ano (1941), Padre Eustáquio estava vivendo na região pela segunda vez. Nessa ocasião, o santo padre holandês o abençoou e, em oração, vaticinou que Lúcio seria da Congregação Sagrados Corações.

PATROCÍNIO EM SUA VIDA – Após a Segunda Guerra Mundial, a família passou a residir à Rua Presidente Vargas, 780. Exatamente, onde moram hoje as históricas Magda e Lia Novaes, que ainda mantem lá os traços do inesquecível Armazém Santa Terezinha (um comércio com mais de setenta anos de existência).

ESTUDANTE DO HONORATO BORGES – Aluno da professora Irma Carvalho (cunhada do intelectual Gerson de Oliveira), Lúcio Dumont foi colega/amigo de Marcos Borges Alves (filho do sr. Mirote Alves do Nascimento; Marcos hoje residente no Rio de Janeiro) e de Israel Machado Caldeira (professor residente em BH). No caso de Israel, em 1948, colega de Lúcio no primeiro ano escolar. Sempre aluno bem aplicado.

CAMINHADA DA FÉ – “Fazia-me ensiná-lo até decorar as primeiras orações. Gostava de rezar. Como coroinha, levantava cedo para ajudar à Missa, como devoto de Maria Santíssima. Não dispensava o terço e a bênção do Santíssimo todas as tardes. Preparou-se com responsabilidade para a Primeira Comunhão, que ocorreu no dia 17 de junho de 1948, na Igreja Matriz.” Palavras de sua mãe D. Inah.

Padre Lúcio em entrevista ao TV Presença, programa do qual se originou a Rede Hoje


A CAMINHO DE DEUS
– Anteriormente, participou do “Grupo dos Tarcísios”, sob a orientação da professora Célia Lemos Borges (irmã da professora Tuniquinha Borges Pereira). E aos oito anos de idade, ingressou no Seminário Cristo Rei da Congregação dos Sagrados Corações, no interior de São Paulo. Isso a convite (para a família) dos padres Cornélio e Bertrando Lindeman (vigário holandês da paróquia de N. S. do Patrocínio de 1967 a 1980). Lá o menino Lúcio tornou-se o caçula da turma. Por isso, o Pastor o carregava no ombro, devido aos cuidados especiais e carinho (com a criança).

O AUGE ECLESIÁSTICO – Lúcio foi ordenado padre em 4 de julho de 1965. Assim a profecia de Padre Eustáquio em 1941 confirmou-se.

SUA MISSÃO, SUAS REALIZAÇÕES – Padre Lúcio foi o idealizador da construção da Igreja N. S. Rainha da Paz, padroeira no bairro Caiçara em BH (1980). Também foi vice-postulador da Causa de Padre Eustáquio para beatificação, de 1997 a 2008. Superior Provincial da Congregação de 2001 a 2008. E pároco na Igreja Padre Eustáquio na capital mineira (2006/2010).

PLENA AFINIDADE COM O BEATO – Padre Lúcio foi o idealizador e responsável pela construção do Memorial de Padre Eustáquio, inaugurado em 28/8/2007, que é sempre visitado por milhares de pessoas. Líder Espiritual da Casa de Acolhida Padre Eustáquio para crianças enfermas com câncer. Autor do hino “Súplica a Padre Eustáquio”, e, do hino da Congregação dos Sagrados Corações.

NOS ÚLTIMOS TEMPOS... – Com a igreja lotada, Padre Lúcio celebrava a Adoração ao Santíssimo (com a bênção) na Igreja Padre Eustáquio, em BH, que é o Santuário Saúde e Paz, nas tardes de domingo (após uma delas, este cronista esteve particularmente com o bondoso e meigo sacerdote na sacristia da Igreja. E o assunto “Patrocínio” não faltou).

SUA PRESENÇA NA DIVULGAÇÃO DE PADRE EUSTÁQUIO – Nos anos 80, este minifúndio (esta crônica) publicou uma série intitulada “Um Santo que Patrocínio Conheceu”, que antecedeu às (todas) publicações patrocinenses sobre Padre Eustáquio. Em diversas semanas subsequentes, então, no “Jornal de Patrocínio”. Houve repercussão (até um leitor editou um livreto dessas crônicas). A base para essa série foi apresentada a este autor, pessoalmente, pelo Padre Lúcio Dumont. Já sobre o livro de Lucélia Borges, em 02/5/2012, escreveu: “Li o livro. Com certeza pode encaminhá-lo para edição. Será uma contribuição muito interessante e valiosa...”

O CREPÚSCULO, A PÁSCOA – Em 07 de junho de 2021 (noite de segunda-feira), Padre Lúcio faleceu em Belo Horizonte, aos 80 anos de idade. Os seus restos mortais encontram-se sepultados no Cemitério Bonfim (na capital). Como disse a escritora Lucélia nessa data: “Padre Lúcio está no Coração de Deus, definitivamente com os Sagrados Corações!”

FONTES – Texto de Lucélia Borges e arquivo deste cronista.

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Tempo. É bom viajar por ele. Que tal visitar (nossa) Patrocínio em 1965. Para tanto, o veículo a ser utilizado é a edição nº 7, de 18 de julho, do semanário Jornal do Comércio, que circulou durante todo o ano na cidade. Um pouco do comércio, do futebol, de cinema e de gente naquela época que vivem na lembrança de gerações.

A MOVIMENTADA PRAÇA HONORATO BORGES – No Edifício Rosário, sob a gestão dos três irmãos Ferreira (Manoel, Antônio e José, este o proprietário), o Bar Itapoã é atração. O seu telefone é 245, (ainda) da Companhia Telefônica de Patrocínio S/A. Ao lado do Cine Rosário, o Barão engraxate (na entrada) e a Joalheria França (de Joaquim França). Sua (bela) filha Terezinha, colunista do jornal, anuncia que LP (Long Play, grande disco de vinil), 78 (vinil, com duas músicas) ou compacto (pequeno vinil, com quatro gravações) o cliente encontra na loja e pode escolher. E depois, para ouvir, é só colocar no pick-up (espécie de toca-discos) ou na radiola (toca-discos e rádio convencional, ondas médias e curtas). Na oferta, segundo Terezinha, dois LP’s custam apenas Cr$ 11.000,00 (onze mil cruzeiros).




Decisão da Taça Brasil, Santos 2 x 3 Cruzeiro na Vila Belmiro em 1966.  O Bar Caçula, de Mário Batista, anuncia os campeonatos Mineiro e Paulista pela TV (com muito “chuvisco” Patrocínio assistia à TV Itacolomi de BH. Não havia satélite).
Foto: Reprodução internet


PRAÇA SANTA LUZIA – O Bar Caçula, de Mário Batista, anuncia os campeonatos Mineiro e Paulista pela TV (com muito “chuvisco” Patrocínio assistia à TV Itacolomi de BH. Não havia satélite). Telefone 376 e o bar era localizado no prédio do Hotel Santa Luzia.

AINDA NA PRAÇA – Ao lado do Cine Patrocínio, Bar e Restaurante Elite, telefone 349. E no luxuoso cinema da Família Elias, sob a gerência do Sr. Virgílio Gimenez, em duas sessões, às 18h30min e 20h30min, a apresentação do filme “Vingança dos Bárbaros”. Em cinemascope (tela inteira) e colorido (às vezes, havia filme preto/branco), com Anthony Steel. Já no Cine Rosário, no mesmo horário, o filme “Esquina do Pecado”, com Suzan Hayward e John Gavin. Nesse cinema, as cadeiras eram sem estofamento. E havia o chamado “poleiro” (cadeiras no segundo andar, ingresso mais barato, onde a “molecada” fazia a festa).

FAMOSA ARTISTA – Virgínia Lane, conhecida como a “Vedetinha do Brasil” fará grande show no Cine Teatro Patrocínio, junto a 28 artistas nacionais. Depois, baile-show na Autocar (revendedor Willys, na Rua Presidente Vargas, 1.721). (Esse show aconteceu duas semanas depois).

CAP CAMPEÃO E EXPULSÃO DE TODOS! – Segundo o Jornal do Comércio (JC), “o alvinegro mais querido da cidade” foi campeão invicto no quadrangular com URT, Mamoré e Tupi, de Patos de Minas. Mas o incrível aconteceu. No jogo com o Tupi, onde o CAP, chamado de Atlético, venceu por 2 a 0, em Patos, todos os 22 atletas foram expulsos pelo juiz. A partida final, CAP 4 X URT 2, também ocorreu na vizinha cidade. Fausto marcou dois (depois, foi jogar no Vasco da Gama), Anedino e Sabino marcaram os outros dois gols. Detalhe: a camisa do CAP era igual à do Botafogo-RJ e Atlético-MG, às vezes branca com calção preto.

CENAS DE PATROCÍNIO NA VISÃO DO JC – “... a cidade conta com dois ótimos cinemas. Aos domingos, os desportistas se deslocam para o Estádio Júlio Aguiar, onde vê com satisfação os cobras do Atlético (que é o CAP, hoje), que muito prometem (para alcançar a Divisão Extra). O nosso Estádio é o melhor da região. Temos dois clubes de diversão: Churrascaria Alvorada e Associação dos Bancários (onde foi o Itamarati). Grandes noitadas com o moderníssimo conjunto Magnatas do Ritmo. No setor de Ensino, Patrocínio é considerada a capital intelectual do Alto Paranaíba, devido aos seus quatro ótimos ginásios e à Escola Normal. Nossa Estância de Serra Negra, água e hotel, é utilizada por turistas de todo o Brasil...” Isso é um pouco da cidade em julho de 1965, conforme texto do jornal. Porém, hoje, tudo isto parece apenas um retrato na parede.

O COMÉRCIO QUE DEIXOU SAUDADE – Panificadora Maracanã, pão com gosto de pão, à Av. Rui Barbosa, 704, Fone 625. A reabertura das Casas Manuel Nunes, o Barateiro. Armazém Santa Terezinha, de Belchior de Castro, à Rua Gov. Valadares. Armazém Irmãos Constantino, colaborando em baixar o custo de vida. Ribeiro S/A, materiais para construção, mármores e madeiras. A Ciclista, na Av. Faria Pereira, 332, tem bicicletas Caloi e consertos. Joalheria Diamante Azul, na Av. Rui Barbosa, 211. E ao lado, Casa do Tuniquinho com “preços rebentados”. A Camponesa, a maior fábrica de balas e doces da região. Bar São Geraldo, praça Honorato Borges, o bar dos desportistas. Café Mirim na Av. Rui Barbosa.

INTERESSANTE! – Médico (dr.) Latif Wadhy escreve sobre o combate ao câncer. Assis Filho é narrador esportivo da Difusora e Clube de Patos. Edson Pinheiro e Leonardo Caldeira trabalham “lá e cá”. É o intercâmbio entre as duas emissoras. Praça de Esportes (hoje, PTC) continua caindo aos pedaços (escreve o jornal). O patrocinense, grande radialista, Petrônio de Ávila, apresenta a Crônica do Dia (ele trabalhava na Rádio Independência de São José do Rio Preto). Rural Jeep, veículo da Willys, muito é comercializada na cidade. Massilon Machado, o poeta maior, apresenta a sua (poesia) “Súplica”.

FONTE – O Jornal do Comércio, com quatro páginas, tinha o radialista Leonardo Caldeira como diretor, Dr. Vicente Arantes (advogado) como redator e custava Cr$ 1.500,00 (um mil e quinhentos cruzeiros) a assinatura anual. Escritório à Rua Cassimiro Santos, 689 e tiragem de 1.000 exemplares.

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