Colégio Dom Lusosa na primeira metade do século XX. 
Foto: Fundação Casa da Cultura


Pesquisa.
É o fundamento para o bom conhecimento. Com a ajuda da “Enciclopédia dos Municípios Brasileiros”, editada em 1959, mais revelações oficiais de como foi o município de Patrocínio nos anos 50. Coisas surreais para as atuais gerações. Mas que valem a pena serem conhecidas (ou lembradas). A importância do Hotel Serra Negra, a pujança das melhores escolas do Alto Paranaíba, como era a imprensa, a vez da cisterna e lamparina, e, quem cobria o constante déficit da Prefeitura. Fatos inimagináveis. Fatos sobrenaturais para a realidade atual.

BERÇO DA EDUCAÇÃO REGIONAL – A partir dos anos 30 até a década de 60, o Ginásio Dom Lustosa (padres holandeses) e Escola Normal Nossa Senhora do Patrocínio (freiras belgas, em parte) dominaram a qualidade do ensino no Alto Paranaíba. Por isso, tanto um como o outro recebiam alunos(as) em seus internatos (alunos que residiam nas próprias escolas, sob severa vigilância, no aspecto educacional, religioso e comportamental). Nos anos 50, por exemplo, nos internatos eram registrados adolescentes de Patos de Minas, Monte Carmelo, Coromandel, Paracatu, Carmo do Paranaíba e de diversas outras cidades. Nas duas escolas, havia quase 100 alunos(as) ao ano, no Internato. A cidade possuía, nos anos 50, três estabelecimentos de ensino secundário (Dom Lustosa, Professor Olímpio dos Santos e Escola Normal), dois de ensino pedagógico e um de ensino comercial (Escola Padre Mathias, depois substituída pelo Colégio Olímpio dos Santos). No ensino primário, em 1956, existiam 45 unidades escolares (hoje, 42 de ensino fundamental), 106 professores (hoje, 685 no Fundamental) e quase 4.000 alunos (hoje, quase 12.000 matrículas no Fundamental).




Hotel Serra Negra. Foto: reprodução da TV Hoje|Rede Hoje

HOTEL SERRA NEGRA – Desde a sua inauguração nos anos 20 até os anos dourados, o saudável local também era chamado de Hotel Balneário ou Parque Hotel. Turistas da Região Metropolitana de Belo Horizonte, Goiânia e Uberlândia, para não dizer de Patos Minas (sobretudo), Monte Carmelo e outras cidades do Triângulo, tinham Serra Negra como alternativa (talvez, pela questão de preço) ao Grande Hotel de Araxá. Era usual, muito comum, fazer e passar a “lua de mel” no Hotel do Serra Negra. No hotel havia o tradicional banho com lama medicinal, a maravilhosa fonte de água sulfurosa (tem até foto nessa Enciclopédia de 1959), a fonte de água radioativa e o magistral hotel no meio da mata, com límpido córrego em sua frente (na Enciclopédia, mais fotos desse aconchegante hotel, há setenta anos). Hoje, restaram as ruínas, o desprezo, o desaparecimento quase total das águas e a... saudade de um tempo de glória e magnífico.

MACHISMO MANDAVA... – Em três atividades no Município não tinha mulher e hoje é normal tê-la. Segurança pública (polícias militar e civil) tinha somente 23 homens e nenhuma mulher, conforme registra o Censo de 1950. Na atividade comércio de imóveis e valores mobiliários, crédito e seguros (portanto, incluindo os três bancos) havia 50 homens trabalhando e “zero” mulher. Como também nas indústrias extrativas, que possuía 43 homens.

NEM ÁGUA, NEM LUZ... – Em 1954, estavam edificadas 2.338 casas (incluindo os poucos prédios). Somente 1.030 delas tinha “pena” d’água (“pena” é igual à ligação de água à casa). E 1.118 casas tinham ligação elétrica, que por sinal, com energia bem fraquinha. Assim, mais da metade da cidade não tinha nem água, nem luz. Nessas casas a “cisterna” e a lamparina a querosene (ou vela) eram a única solução.

POUCO BANCO, POUCO COMÉRCIO, TACANHA IMPRENSA – Banco do Brasil (Rua Presidente Vargas), Banco Mineiro da Produção (Rua Presidente Vargas) e Banco Comércio e Indústria (Praça Honorato Borges) formavam a rede bancária. Na cidade, em 1950, existiam 318 varejistas (“armazéns”, “vendas”, boteco, bar e lojinhas de quitanda, como o Café da Vovó) e 12 atacadistas (arroz e de comércio em geral). A Rádio Difusora (Praça Honorato Borges) era verdadeira vitrola, que tocava 78 rotações (disco de vinil com duas músicas). Entrava no ar às 7 horas da manhã e encerrava a transmissão às 17 horas. Pois, não havia energia suficiente à noite. Programas jornalísticos inexistiam. No meio da semana e aos domingos aconteciam os programas de auditório. A Gazeta de Patrocínio (redigida, impressa e entregue por Sebastião Elói) circulava aos domingos, com quatro páginas, onde duas eram compostas só de propagandas.

PREFEITOS PAGAVAM CONTAS DA PREFEITURA... – “É mentira, Terta?!” Parece até a expressão de Pantaleão, personagem mentiroso de Chico Anísio (ver no Youtube). Em 1951, a Enciclopédia registrou arrecadação municipal de Cr$ 1.822.000,00 (um milhão e oitocentos e vinte dois mil cruzeiros). Mas, a despesa pública foi de Cr$ 2.389.000,00. Déficit, portanto, de Cr$ 567.000,00 (cruzeiro era a moeda da época). Nos anos subsequentes, 1952, 1953, 1954 e 1955, o déficit continuou. De três hipóteses, uma é verdadeira. Primeiro, o Estado pode ter ajudado. Segundo, a dívida passou para o próximo prefeito. Terceiro, o prefeito e amigos “bancaram” o déficit. Na verdade, as finanças públicas do Município eram de pequeno montante. Por outro lado, a história oral informa que três prefeitos de Patrocínio nada recebiam. Pelo contrário, emprestavam veículo e trator à Prefeitura, custeavam as viagens (não havia “diárias”), davam dinheiro aos funcionários públicos, e outras “coisitas”. Amir Amaral, Mário Alves do Nascimento e Enéas Ferreira Aguiar são os nomes. Por isso, se não “cobriram” o déficit, certamente contribuíram para a normalidade da Prefeitura. Daí, as três hipóteses conjugadas são a verdade.

POR FIM, É BOM SABER – Nos anos 50, Patrocínio possuía um hotel (Santa Luzia), sete pensões, um cinema (Rosário), sete bibliotecas (Graças a Deus!), Santa Casa com 41 leitos, duas tipografias (Gráfica Pinheiro (?) e Gazeta), nove médicos e 320 aparelhos telefônicos, que se comunicavam, por meio de uma telefonista, que ficava na central telefônica na Praça Santa Luzia (pista da rua Presidente Vargas). Não havia o serviço interurbano (não se falava com outra cidade por telefone). E a companhia telefônica era puramente patrocinense.

A FORÇA ELEITORAL – Nas eleições de 3 de outubro de 1955 (o dia de eleições era sempre esse), dos 8.177 eleitores votaram 4.572 para prefeito, vice-prefeito (nessa época, a eleição para vice-prefeito era separada da eleição do prefeito) e onze vereadores (UDN, PSD e PTB). Para governador e presidente da República também, inclusive a eleição de seus vices era separada. Dessa maneira, viveu uma feliz e maravilhosa geração que está (quase) de partida...

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Nesse 05/03, esse corintiano seu amigo, celebrou seus 6.1 ( Preciso ter presente que meu valente pai chegou aos 6.2) O curioso é que todo mundo perto de mim parece só ter 20/30 e poucos anos. Quando alguém me chama de idoso acho estranho. Parece que não é comigo. Ainda conservo meus cabelos pretos, fora a cara de bolacha, um pé de galinha aqui, um bigodinho chinês ali, "envelheço na c/idade".
Outra coisa. O luto agora não deixa meu peito com facilidade. A dor ficou mais teimosa...
A tal ampulheta que mede o tempo definitivamente embiruteceu de vez para o meu lado. A areia fina parece descer mais rápida agora, que cheguei aos 6.1. Idade esta que não preciso ser um craque em matemática para perceber o encurtamento de meu futuro, enquanto o meu passado vai se espichando feito as sombras da Igreja Matriz que observei numa tarde destas.
Nesta altura da vida desejo ser mais humano, empático, solidário e gentil comigo mesmo.
Continuo defendendo que o ser humano deve se preparar para morar debaixo de um viaduto, ou ser o presidente de seu país, com a mesma dignidade e leveza existencial.
Continuo gostando das coisas simples, mas não comum. Quero ser amigo pessoal das florzinhas abandonadas.
As crianças me chamam de "Mito". "Ti Mito"Sei que não sou, mas não "desmiltifico", nada. ( risos)

Minha aposentadoria chegou e com ela alguns ajustamentos.
Garimpo por aí o que me faz sentir um ser melhor.
Tipo, coisas que guardo pra vida: Um menino japonês durante a Segunda Guerra Mundial (1945) parou com atenção esperando sua vez para ir a pira de cremação para a qual ele trouxe seu pequeno irmão morto. A pessoa que tirou a foto disse em uma entrevista, que a criança mordia tão forte os lábios para não chorar que lhe saía sangue. Foi então que o guarda pediu o corpo e disse: "Dê-me a carga que você trouxe" e a criança respondeu: NÃO É UMA CARGA, É MEU IRMÃO", ele entregou o corpo, virou-se e saiu...
Há um Filme baseado neste fato (o túmulo dos vagalumes)
No Japão hoje em dia a imagem é usada como símbolo de força, que mesmo após tantas coisas ruins, precisamos ser fortes. Preciso da força desse japinha quando coisa ficar feia pro meu lado.

Há algum tempo li um exemplo de solidariedade que lacrimejou meu olhar. No Teatro Glauce Rocha, em Campo Grande, MS, os rapazes de uma turma de formandos, em Engenharia Ambiental, emocionaram os convidados ao aparecerem carecas na cerimônia de colação de grau. Era uma homenagem surpresa ao colega também sem cabelos, mas por consequência de uma quimioterapia. Jaito Mazutti Michel, 24 anos, descobriu um tumor maligno no joelho. As aulas na faculdade já haviam terminado e só quando os colegas se reuniram para o ensaio da formatura confirmaram a doença e decidiu homenageá-lo, sem que ele soubesse. Na noite do evento, o impacto com a entrada dos colegas sem cabelo ao chamado do cerimonial. Todos com sorriso aberto para Jaito, que retribuiu no mesmo tom e com serenidade. No discurso, a voz faltou várias vezes, mas a oradora da turma, conseguiu dizer que “QUANDO NOSSOS FILHOS, NO FUTURO, ASSISTIREM AO CLIPE E PERGUNTAREM POR QUE TODOS ESTAVAM CARECAS, VAMOS DIZER QUE FOI PARA UM AMIGO SE SENTIR MELHOR, FAZEMOS QUALQUER COISAS”.

Nascido na roça, sigo colhendo lições da natureza. Sabe-se que o asqueroso bicho-da-seda é a larva de uma mariposa. Quando nasce mede cerca de 2,5 mm de comprimento. Durante 42 dias alimenta-se sem parar, de folhas de amoreira e sofre quatro metamorfoses. Quando atinge o tamanho de 5cm, começa então a tecer um casulo branco e brilhante, composto por um único fio. Com um movimento geométrico infinito, em torno de seu próprio corpo, após três dias de trabalho, estará envolta em um casulo confeccionado por um fio de aproximadamente 1200 metros. Se for deixada em paz... Em 12 dias se transformará numa linda borboleta.
Só tenho um fio: MINHA VIDA. E sou também artesão do meu próprio destino. Tenham paciência comigo que ainda sou um bichinho feio e falho.

Nos últimos 60 anos, passou pelo mundo e por mim, enquanto urdia meu fiozinho de vida: A guerra do Vietnã, a queda do muro de Berlim, o assassinato de John F. Kennedy, o assassinato de Martin Luther King Jr, a execução de Che Guevara, o homem chegou a lua, o fim da guerra fria, a guerra do Golfo, a tirania de Idi Amim Dada, prisão e liberdade de Nelson Mandela, caso Watergate; surgiu a Bossa Nova, os "Meninos de Liverpool", Tropicália, a Discoteca, o Woodstock, o inicio do Campeonato Brasileiro, o estilo hippie, o termo unissex, a pílula anticoncepcional, queimaram sutiã em praça pública, o tentado às Torres Gêmeas, essa Pandemia do Cornavírus, essa Guerra Rússia/Ucrânia…

Nós últimos 60 anos, passou pelo mundo e por mim, ENQUANTO EU URDIA MEU FIOZINHO DE VIDA: A morte de Tancredo Neves, a morte de Ayrton Senna da Silva, a eleição e reeleição do tal operário á Presidência da República, a eleição da primeira Mulher para a Presidência... O advento do Bolsonarismo, a prisão de Lula, a soltura de Lula e o comitê do PT chamado STF.

Nós últimos 60 anos, passou pela minha cidade e por mim, enquanto urdia meu fiozinho de vida, empresas como: A Saiasi (meu primeiro emprego), Fama, Minasilk, Sericitextil, Pitter, Garcafé, Casas de Calçados do Abrão, Casas Manuel Nunes e claro, Cine Rosário, Cine Patrocínio...

Nós últimos 60 anos, passou pela minha cidade e por mim, enquanto urdia meu fiozinho de vida, personalidades queridas como: Dr. Michel Wadhy, Sr Sebastião Eloi, Dr Renato Cardoso, Dr Hélio Furtado, Sr Manuel Nunes, Pedro Alves do Nascimento, Dr. Olímpio Garcia, Profº Afrânio Amaral, Geraldo Tuniquinho, Dr Alaor de Paiva, Dr. José Figueiredo, Dr Abdias, Véio do Didino, Prof Hugo Machado, Jeorge Elias, Sr. Joãozinho da Estação, Vera Nunes, Cândido Delfino, Profª Lirinha, Roberto Taylor, Maria Alves do Nascimento, Lincoln Machado, Sr Diolando Rabelo, Marlenísio Ferreira, Irene Vaz Amaral, Profª Conceição Eloi, Profª Marta Eloi, Darlene Ferreira, Marcelino Marques Araújo, Elias Abrão Neto, Sr Zico Pacote, João Fernandes dos Santos, Sr A(l)rmando Mendes, Dr Paulo Pereira, Marta Freitas, Zé Dalmo, Sr Valdinon, Cássio Remis, Dr Luiz Viana, Tsuname, Renatinho de Oliveira, Pedro Cortes, Dr Ivan Gomes, Pastor Osmar, Vicente Marra, Cláudio Alcântara, Dona Toniquinha, Rondes Machado, Raquel Cristina Ferreira…. Minha Mãe, meus Avôs, minhas Avós, meu Pai, meu tio Amiro, tia Marieta, tio Sebastião, tio Adolfo, tia Natália. Meu Tio Darico, Tia Amadinha, Tia Helena, Tia Margarida, Madrinha Fiota, Tia Luiza, Tio Pedro, Tio Durval...Prima Vânia, Eurípedes, Nicinha, Sidney; cunhado Joaquim; sobrinhas Lilian e Kajeane...

Borboletinhas apressadas que me deixaram ainda tecendo o meu fiozinho vida e foram para outro jardim…

Outro dia minha filha, Melva, me fez um convite; " Pai, vamos ali comigo em um buteco?" Nosso destino foi o Bar do Jair, no Bairro Morada Nova.



Uma mesa posta no canteiro da Av dos Bálsamos. Uma cerveja ( ou duas) - a mais barata, um limão e sal e só e só. Só, não. Eu e ela. Pai e filha. Como a gente conversou sobre tudo sobre nada, sobre a vida. Como valeu aquele pedaço de tarde. Um átimo fugidio chamado instante que valeu a pena. Alí naquele lugar improvável, na fala solta, conheci mais de minha filha, inteligente e bem humorada. Ela me ouvindo sem interromper. Os melhores momentos da vida são aos mais simples. Bem disse o Poeta Rangeliano, Alberto Araujo: "O melhor lugar do mundo é a boa companhia"
PROSSIGO, O CÉU AINDA NÃO VEIO...

VIVER TEM SIDO UM OFÍCIO BOM...( pós niver)



Meu coração amanheceu dizendo: " Vá lá e agradeça esse povo"

Quando fui ver era gente demais. Pensei e agora? O que dizer nesse pos níver ? Quando fui buscar uma palavra que expressasse meus sentimentos. Me senti no mato sem cachorro. Poderia dizer "gratidão, gratitude, obrigado ou valeu, gentem!, Mas são vocábulos surrados, desgastados pelo mal uso...

Cora Coralinda disse que " Nada do que vivemos faz sentido, se não tocarmos o coração das pessoas"
" Vá lá e agradeça"...

Tem uma manhã linda lá fora. Não vou caminhar, não tenho coisa mais importante para fazer. Vou ler as mensagens nas plataformas digitais.

Grogue...Zonzo...Tonto...buscando palavras. Me pegaram de jeito..
Para vc ter uma ideia, imagina aquela mulher que deixa o salão de beleza toda cheia de dedos, com receio de estragar o esmalte fresco das unhas?..
E aquele elefante numa loja de cristal que não sabe o que fazer da tromba e do rabo?
Sabe aquele artesão, com receio de arranhar com os olhos a sua obra prima?
Sabe o pai todo desengonçado que toma o filho nos braços pela primeira vez e tenta caminhar pelo quarto com aquele presentinho dos céus ?

Sabe aquele empregado tentando lustrar a porcelana da china de seu patrão com medo de fazer merda?
Sabe a brisa da manhã soprando mais leve para não destruir a gota de orvalho lá no quintal? ..

Aqui estou, deste tipinho, sem tirar nem por. São demonstrações de carinho e consideração, “que me imensaram”...
Um telefonema de Marilúcia Lemos, outro de Eustáquio Amaral (Faltou a ligação de Rondes Machado e Dona Toniquinha. Doeu muito) Ronaldo Samuel, no Zap; Pedro Constantino, no messenger; Jussara Queiroz, no Instagram; o áudio do Sanarelli; a visita de Joaquim Machado e o infalível e precioso tesouro: Cartão de José Reinaldo da Silva. Nas pessoas destes, que todos sintam citados.



Resumindo a ópera: Feito a mulher que deixa o salão; o elefante na loja de cristais; o artesão com a sua obra prima; o pai com o seu filhinho; o empregado limpando a porcelana da China; a brisa com medo de destruir a gota de orvalho..De cá , também estou com receio até de continuar vivendo e estragar tudo (Brincadeirinha, rsrs...) Se fosse um tantinho assim de carinho, eu mesmo retribuiria, com o meu MILTON OBRIGADO! Mas, ao verificar, vi que é muito, muito além de meus méritos. Por isto olhei pro alto numa prece: “DEUS, REDOBRE O TUA PROTEÇÃO, SOBRE OS MEUS AMIGOS, RETRIBUA EM DOBRO ESTE CARINHO E FAÇA PROSPERAR TODOS OS SEUS PROJETOS DE VIDA!”
Ou...Não sei o que vem lá, mas até aqui, viver tem sido um ofício bom...
Fotos: Pixabay | Fotomontagem: Rede Hoje



Marina Amaral
Diretora Executiva e Editora da Agência Pública


Lendo os comentários sobre uma reportagem da Folha, falando das dificuldades enfrentadas pelos profissionais de imprensa na Ucrânia, percebi uma indignação em comum: como podem os jornalistas falar de si mesmos em um momento em que os ucranianos lutam pela vida?

Compreendo a revolta dos leitores, mas faço outra pergunta: qual o papel da opinião pública em uma guerra? E como esse julgamento se forma?

Depoimentos de ucranianos com parentes na Rússia, publicados pela BBC, dão pistas nessa direção. A jovem Oleksandra, de 25 anos, que está abrigada com seus cachorros no banheiro de seu apartamento em Kharkiv, há mais de dez dias sob ataque, não consegue convencer os pais, em Moscou, que civis estão morrendo pelos bombardeios russos. Segundo ela, ainda que preocupados com a filha, os pais repetem o que ouvem na TV estatal.

Meus pais entendem que alguma ação militar está acontecendo aqui. Mas eles contra-argumentam: ‘Os russos vieram para libertá-los. Eles não vão estragar nada, eles não vão tocar em você. Eles estão apenas mirando em bases militares’”, contou a jovem à BBC, em depoimento semelhante a outros entrevistados com família no país invasor.

Claro, a mídia ocidental mente também - e muito. Basta lembrar do caso das armas químicas (inexistentes), usadas para os Estados Unidos invadirem o Iraque, desinformação que foi publicada como verdadeira até pelo New York Times. Ou a ausência de notícias sobre a guerra no Iêmen, liderada pela Arabia Saudita com apoio dos Estados Unidos, que já deixou mais de 10 mil crianças mortas ou mutiladas.

Mas, para além de aliados e inimigos, a informação que os correspondentes de guerra trazem, inclusive os brasileiros, como nosso querido Yan Boechat, é essencial para disparar a solidariedade mundial, o apelo à paz, a repugnância pela crueldade dos bombardeios contra civis.

O jornalismo é um serviço público essencial à democracia e ao direito à informação. As distorções, omissões e manipulações - que também ocorrem nos países em que a imprensa é oficialmente livre - resultam da falta de independência (em relação ao mercado, ao patrão, aos padrões ideológicos vigentes) e não do excesso de prerrogativas dos jornalistas, ou da futilidade do seu trabalho.

No próximo dia 15 de março, a Agência Pública completa 11 anos, o que também pode ser considerado um marco na criação da mídia independente de DNA digital que se desenvolve no país desde então. São esses veículos valentes que impulsionaram pautas essenciais para os brasileiros, como o genocídio indígena motivado pela ganância do governo e seus aliados, os efeitos do racismo estrutural, a perseguição à população LGBTQIA+, a violência contra as mulheres até no momento do parto. É deles que precisamos, se não para mudar o mundo, para que o país aprenda a ouvir aqueles que podem fazer isso: as mulheres, os indígenas, os negros, os jovens de periferia, os defensores de direitos humanos. Incluí-los no debate, mostrar as violações que sofrem e as mentiras das quais são alvo é a nossa missão.

Agradeço a todos os que fazem parte da equipe da Pública, a todos os jornalistas parceiros que remam na mesma direção e, principalmente, a você, leitora e leitor, que estão com a gente nesse resgate do jornalismo como instrumento de consciência e de qualificação do debate democrático. E que venham as eleições livres e democráticas, dessa vez, com muita informação de qualidade pra gente rebater as falsidades e discutir o que interessa. Muito obrigada!

Marina Amaral

Diretora Executiva e Editora da Agência Pública




A Rede Hoje reúne dez textos de mulheres de várias profissões e reprentatividade de diferentes partes do país, que tem ligação com Patrocínio, sobre o Dia Internacional da Mulher

Fotos: Pixabay

Conhecimento. O seu valor é imensurável. Por isso, é importante tê-lo, por exemplo, sobre o que o Município foi para entender o que ele é. E até prever alternativas do que será. Para tanto, uma visão oficial de Patrocínio na década de 50 é indispensável para descobrir onde moravam/moram a tranquilidade e a felicidade. No passado ou no presente? Ou nos dois lugares? A “Enciclopédia dos Municípios Brasileiros”, editada em maio de 1959, pelo IBGE, revela parte da história, economia, finanças e da vida de Patrocínio. Milho, o carro chefe agrícola. A energia elétrica gerada de Patrocínio para Patrocínio. E olha lá! A riqueza mineral não explorada. Grande avião voando nos céus rangelianos! Temperatura regular e agradável. E mais coisas que colocam as atuais gerações estupefatas!

   Foto da Av. Rui Barbosa na década de 1950. Foto: Wordpress.com


A LIDERANÇA DO MILHO
– Em 1955, as culturas agrícolas no chão patrocinense eram de três produtos básicos: milho, arroz e feijão. Foram produzidos 92.300 sacos de 60kg de milho. E 33.638 sacos de feijão. Quase a mesma quantidade de arroz: 32.600 sacos de 60kg. O atual líder café teve apenas produzidos 8.600 arrobas (arroba equivale a 15 quilos), por meio de 30.400 pés. Em termos de espaço para o cultivo, o milho também liderou com 3.775 ha. Por outro lado, a tecnologia ajudou demais a produção leiteira. Passou de 14 milhões de litros em 1955 para 175 milhões em 2020.

MAIS ATIVIDADES ECONÔMICAS – Na pecuária, em 1955, havia 120.000 cabeças de bovinos, 45.000 porcos e 8.000 cavalos. Portanto, quantidade maior do que hoje: bovinos (109.000 cabeças), equinos (2.500 cabeças) e suínos (157.500 cabeças). Essa maior agora devido à Pif Paf. Já a indústria, somente empregava 433 cidadãos em 1955. Muito pouco, por sinal.

PATROCÍNIO PRODUZIA ENERGIA PARA VIZINHO – Não existia ainda a CEMIG na região. Nos anos 50, a luz era bastante fraca. À noite, o vagalume era concorrente em luminosidade. Havia quatro cachoeiras aproveitadas para pequenas usinas hidrelétricas, que geravam energia para Patrocínio, Parque Hotel de Serra Negra, São João da Serra Negra e Guimarânia. A usina dessa era na cachoeira de Chapadão de Ferro. A de Patrocínio no Rio Dourados. Enfim, as ruas da cidade eram iluminadas... pelo luar. E os namorados sempre agradeciam. E os “ladrões de galinha” (de galinha mesmo, para festivas galinhadas) também agradeciam.

ENCICLOPÉDIA REGISTROU RIQUEZAS NATURAIS – Nessa década, importantes reservas de minério de ferro (será?), nióbio (será extensão de Araxá?), pirocloro, pirita, apatita, diamante (?) e ouro (?). As jazidas estariam na serra em Salitre de Minas até o Chapadão de Ferro. Isso além das águas minerais sulfurosas (tipo Araxá), radioativas e magnesianas (a melhor do Brasil). O potencial hidrográfico patrocinense era formado por volumosas e límpidas águas dos rios Quebra Anzol, Salitre, Dourados, Santo Antônio, São José dos Folhados e o Espírito Santo, juntamente com a vulcânica (enorme) lagoa do Chapadão de Ferro. Hoje, tudo isso é miragem, ou desbotados retratos na parede. Exceto, o fosfato.

PATROCÍNIO TINHA AVIÃO E TREM! – A lendária Rede Mineira da Viação (RMV) transportava passageiros para Belo Horizonte, Catiara, Ibiá, Monte Carmelo, Três Ranchos/GO e outras localidades. No final da Av. Faria Pereira, um pouco além da ferrovia, era o campo de aviação. Ou aeroporto. Ou até “aeropasto” para os folclóricos. Nele pousava o histórico DC-3, com capacidade para 30 passageiros, duas hélices e necessidade de 700 metros de pista. A empresa era a Nacional, depois Real. Ocorriam voos para Araguari, Uberaba, Patos de Minas e BH. De segunda-feira à sexta-feira. O escritório da empresa se localizava na Praça Santa Luzia (pista da Rua Presidente Vargas), onde as passagens eram adquiridas.

AUTOMÓVEIS, SETE ÔNIBUS... E POEIRA – Em 1955, a Prefeitura registrou 126 automóveis (todos importados), 57 “camionetas”, 122 caminhões e 07 ônibus. Isso para enfrentar estradas com buracos e lama. Ônibus havia apenas para Patos de Minas, Paracatu, Carmo do Paranaíba, Uberaba e Monte Carmelo. Em 2020, já são 35.000 automóveis, 6.400 caminhonetes, 649 ônibus e 2.120 caminhões emplacados em Patrocínio. Quem vive, viveu (isso)!

MAIS FRIO, MENOS CALOR – A temperatura média máxima de Patrocínio não ultrapassava 33º. E a mínima, 6º, que ocorria, realmente, em junho ou julho. Chuvas eram em torno de 1.200mm por ano. Hoje, 1.400mm de pluviosidade média anual. Sem dúvida, o tempo era mais “disciplinado”. Verão era verão, inverno era inverno...

POPULAÇÃO DIMINUIU E PORQUÊ – Em 1950, a população de Patrocínio era de 34.061 pessoas. Maioria mulheres, quase 400 a mais do que homens. E população bem rural, trabalhadora, 75% (ou seja, 25.600 habitantes dos 34.000 no Município). Em 1955, cinco anos depois, Patrocínio contava com 26.613 pessoas. Pois, o distrito de Serra do Salitre emancipou-se levando consigo pouco mais de 7.000 habitantes (em 1953).

DISTÂNCIAS ENTRE BH E PATRÔ – Quando a viagem era pelo DC-3 da Nacional (ou Real), a distância aérea da capital era de 380km (linha reta é 338km). Pela antiga rodovia de chão, 486km. Pela “Maria Fumaça” (trem movido a vapor – combustível lenha), 596km. Portanto, 220km a mais do que a rota aérea da época. Hoje, pela rodovia pavimentada, são 416km, pelo Expresso União.

FONTES E AS MANCHETES DA PRÓXIMA EDIÇÃO – As informações básicas dos anos 50 foram coletadas pelo perene agente de Estatística, Afrânio Santos Pinto. A agência estatística situava-se no 1° andar da Prefeitura Municipal, no maravilhoso casarão da Praça da Matriz (hoje, Casa da Cultura). Nas próximas edições, o bem mais badalado de Patrocínio (Serra Negra), as melhores escolas da região, as finanças públicas do Município (deficitárias), a imprensa e o telefone na cidade e mais indicadores que só o IBGE tinha e tem. Tudo de 1950 a 1959.

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