Representantes da categoria afirmam que dificuldades no MG App comprometem o atendimento à população


Mudanças digitais afetam rotina de trabalho e acesso a sistemas; categoria pede participação nas decisões
 Foto: Guilherme Dardanhan / ALMG

Da Redação da Rede Hoje

Despachantes documentalistas de Minas Gerais estão reivindicando maior participação nas decisões que envolvem a gestão do trânsito no estado. Durante audiência pública realizada nesta quinta-feira (10), na Assembleia Legislativa de Minas Gerais (ALMG), a categoria criticou as mudanças promovidas pela Coordenadoria Estadual de Gestão de Trânsito (CET-MG) e apontou falhas no sistema digital que, segundo eles, dificultam o atendimento à população.

A audiência foi promovida pela Comissão do Trabalho, da Previdência e da Assistência Social da ALMG, e reuniu representantes de entidades de classe e do próprio Executivo estadual.

De acordo com Anderson Matheus, presidente da Associação Profissional dos Despachantes Documentalistas de Minas Gerais (Adesdoc/MG), existem cerca de 7 mil despachantes registrados no estado, responsáveis por mais de 90% da tramitação dos documentos relacionados ao trânsito. No entanto, ele aponta que o atual modelo digital, operado pelo aplicativo MG App, tem causado constantes interrupções no fluxo de trabalho.

O advogado Rodolfo Cesar Bevilacqua, do Conselho Regional dos Despachantes Documentalistas, reforçou que o sistema desenvolvido pela CET-MG não atende às necessidades de quem representa o cidadão. A principal demanda da categoria é o acesso direto ao sistema da Secretaria Nacional de Trânsito (Senatran), o que, segundo eles, agilizaria os procedimentos e reduziria a margem de erro.

Orlando Reis, presidente do Sindicato dos Despachantes do Estado, citou exemplos de cidades do interior onde a falta de equipamentos adequados e conexão à internet agrava os problemas de acesso aos sistemas digitais. “As mudanças são feitas sem diálogo com a base. Isso compromete diretamente quem depende dos nossos serviços para resolver questões de documentação”, pontuou.

A sensação, segundo alguns profissionais, é de exclusão. “Antes, mesmo em condições ruins, nós éramos atendidos. Hoje, é como se estivéssemos invisíveis”, disse Osmano Arlen dos Santos, referindo-se a gestões anteriores.

Representando a CET-MG, o assessor executivo Felipe de Lacerda defendeu que as medidas visam simplificar os serviços, com foco no cidadão. Segundo ele, 89% dos serviços estão atualmente digitalizados e mais de 2,5 mil transferências de veículos foram feitas por meio digital desde março. Lacerda afirmou que estão sendo elaboradas melhorias técnicas para permitir acesso mais eficiente aos despachantes, de forma que possam operar diretamente de seus escritórios.

Durante o encontro, o deputado Mauro Tramonte (Republicanos), autor do requerimento para a audiência, destacou a relevância dos despachantes e disse conhecer de perto os desafios enfrentados pela categoria. Ele anunciou a criação de uma Frente Parlamentar em Defesa dos Despachantes Documentalistas Mineiros, além de prometer encaminhar a apuração de possíveis irregularidades mencionadas.

Sebastião Marques, presidente da Federação dos Despachantes do Estado, resumiu o sentimento dos presentes: “Não somos contra a modernização, mas queremos participar das decisões que nos impactam diretamente”.

A audiência reforçou a necessidade de diálogo entre Estado e profissionais que atuam na ponta do atendimento à população, em um momento de transição digital que ainda impõe barreiras operacionais e institucionais.


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