Quatro adultos passaram mal e sofreram parada cardiorrespiratória após refeição na área rural, levantando suspeita de ingestão de "fumo-bravo"; em Iraí, bebê morre após se afogar e ser encontrado pelo avô.
Planta similar a couve, suspeita de ter causado a intoxicação, sendo coletada para análise. (Crédito: Polícia Científica/Divulgação)
Da Redação da Rede Hoje
Quatro pessoas da mesma família, todos adultos, foram socorridas em estado grave na tarde desta quarta-feira, dia 8 de outubro, na área rural de Patrocínio, após um severo caso de intoxicação alimentar. A situação, que mobilizou o Corpo de Bombeiros e o SAMU, ocorreu logo após o almoço, quando os membros da família consumiram uma planta que, erroneamente, acreditavam ser couve comum.
O chamado para o socorro chegou ao Corpo de Bombeiros por volta do meio-dia, com relatos de que a família estava passando mal subitamente após a refeição. Segundo o sargento Pedro, da corporação, ao chegarem no local, as vítimas ainda se encontravam conscientes e conversando, mas o quadro clínico se deteriorou de forma acelerada, exigindo uma ação imediata das equipes de resgate.
O sargento explicou que, dada a gravidade e o número de pessoas intoxicadas, foi necessário solicitar o apoio urgente do SAMU, especializado no atendimento de emergências médicas. Uma das vítimas apresentava um estado de saúde mais delicado e foi levada rapidamente para receber os primeiros-socorros, enquanto o restante da equipe se concentrava no atendimento dos demais adultos.
A principal suspeita levantada pelo Corpo de Bombeiros é que a família preparou e consumiu uma planta que crescia espontaneamente no quintal e que foi confundida com couve. Acredita-se que a espécie tóxica ingerida seja o fumo-bravo, uma planta perigosa que é comumente encontrada em áreas rurais de Minas Gerais e pode ser fatal se consumida.
Agravamento do quadro
O relato do militar é de que a família teria colhido a planta, que nasceu no quintal, e a preparou da forma habitual, refogando-a antes de consumir. No entanto, os sintomas de intoxicação começaram a se manifestar logo após a ingestão, levando todos os adultos a um quadro de mal-estar generalizado. Felizmente, uma criança que estava na residência não participou da refeição e não apresentou nenhum sintoma.
A médica do SAMU, Luísa Babilônia, detalhou a gravidade da situação médica no local do atendimento. Ela informou que todas as quatro vítimas apresentavam sinais claros de insuficiência respiratória, um indicativo do efeito devastador da toxina no organismo. A equipe médica precisou intervir de forma imediata e intensiva para tentar estabilizar os pacientes na área rural.
Ainda no local, a médica confirmou que todas as vítimas evoluíram para um estado de parada cardiorrespiratória (PCR) durante o atendimento de emergência. Foi uma corrida contra o tempo para a equipe do SAMU, que felizmente conseguiu reverter os quadros de PCR dos quatro adultos, um feito notável diante da gravidade da intoxicação.
Diante da extrema necessidade de suporte avançado de vida, duas das vítimas precisaram ser entubadas ainda no local da ocorrência para garantir a oxigenação. Todas as quatro pessoas, em estado de saúde considerado grave, foram encaminhadas com urgência para a Santa Casa e para o Pronto Socorro Municipal de Patrocínio, onde receberam os cuidados intensivos.
Investigação e alerta
A causa exata da intoxicação ainda está em processo de apuração pelas autoridades competentes. A médica Luísa Babilônia ressaltou que, além da suspeita da ingestão de planta tóxica, foram levantados indícios no local que podem sugerir um possível contato com agrotóxicos, o que complicaria ainda mais o diagnóstico. A investigação pericial será crucial para determinar o agente causador.
Para auxiliar na identificação, uma amostra da planta suspeita foi coletada pelas equipes de socorro no local onde a família a havia colhido. Parte do material foi entregue à Polícia para análise e o restante foi encaminhado à Santa Casa. A análise pericial será determinante para confirmar se o fumo-bravo, ou outra espécie tóxica, foi o responsável pelo grave quadro de intoxicação.
Diante deste incidente gravíssimo, o Corpo de Bombeiros Militar reforça um alerta fundamental à população, especialmente aos moradores da área rural de Patrocínio e região. A corporação desaconselha veementemente o consumo de qualquer planta desconhecida, por mais que a aparência seja semelhante à de alimentos comuns, como a couve ou o espinafre.
O sargento Pedro enfatizou a importância de nunca arriscar a saúde por desconhecimento: “Não comam plantas que vocês não conhecem. Algumas podem ser altamente tóxicas, como foi nesse caso". A cautela deve ser redobrada, pois a ingestão de espécies venenosas pode levar rapidamente a consequências letais, como o quadro de PCR sofrido pelos adultos socorridos.
Desdobramentos hospitalares
As quatro vítimas permanecem sob cuidados intensivos nas unidades hospitalares de Patrocínio, sendo monitoradas de perto pelas equipes médicas. A reversão das paradas cardiorrespiratórias é um indicador positivo, mas a extensão dos danos causados pela toxina no organismo ainda é desconhecida. A equipe médica está trabalhando para estabilizar as vítimas e tratar os efeitos da substância.
A situação gerou grande comoção na comunidade rural e serve de lição dolorosa sobre os perigos da flora silvestre. A simples confusão de uma planta comestível com uma espécie tóxica expôs a família a um risco de vida imediato, necessitando de uma complexa operação de resgate e tratamento médico. A atenção agora se volta para a evolução clínica dos pacientes internados.
Investigação continua
A Polícia Civil de Patrocínio deve iniciar as oitivas com os familiares e as equipes de resgate assim que as vítimas apresentarem condições de depor. O objetivo é traçar o histórico exato do incidente, desde a coleta da planta até o início dos sintomas. A investigação também vai considerar a possibilidade de o contato com agrotóxicos ter agravado ou provocado o quadro de intoxicação.
Os resultados da análise pericial da planta são aguardados com urgência para confirmar o agente tóxico e orientar o tratamento médico. A identificação precisa da substância é crucial para a aplicação de um protocolo de tratamento adequado e para a definição das responsabilidades no caso. A comunidade rural, enquanto isso, é incentivada a consultar especialistas antes de consumir qualquer vegetal silvestre.
Informação técnica
De acordo com o ex-professor da Escola Agrícola de Patrocíno (EASFP), Rubens Rocha Machado, "a 'falsa couve' ou Nicotiana glauca é uma planta altamente perigosa que pode ser facilmente confundida com a couve comum, mas carrega o risco de uma grave intoxicação. Essa espécie silvestre contém alcaloides neurotóxicos que, mesmo após o cozimento das folhas, permanecem ativos e podem desencadear uma série de sintomas perigosos no organismo". Os sinais de intoxicação evoluem de uma fase excitatória – com taquicardia, hipertensão e náuseas – para uma perigosa fase bloqueadora, caracterizada pela queda da frequência cardíaca, paralisia muscular e respiratória, podendo levar à parada cardíaca. Por isso, é fundamental evitar o consumo de qualquer planta silvestre não identificada e buscar atendimento médico imediato ao menor sinal de suspeita de ingestão.
Em Iraí de Minas: Tragédia
Em um trágico incidente na tarde desta quarta-feira, dia 8 de outubro, a Polícia Militar de Iraí de Minas foi acionada para atender uma ocorrência de afogamento com vítima fatal na Unidade de Pronto Atendimento (UPA) da cidade. A vítima era uma criança de apenas 1 ano e 7 meses, que havia dado entrada na unidade de emergência após ser encontrada inconsciente na piscina de sua residência. Segundo o relato dos familiares à Polícia Militar, o bebê estava dormindo e, em um momento de descuido, conseguiu se deslocar sozinho até a área da piscina, onde foi encontrado boiando pelo avô, já sem sinais vitais.
Foram iniciadas imediatamente manobras de massagem cardíaca ainda no local, e a criança foi socorrida às pressas para a UPA, onde a equipe médica realizou novas e exaustivas tentativas de reanimação. Infelizmente, todos os esforços foram em vão, e o óbito foi confirmado no hospital. A Perícia Técnica da Polícia Civil de Minas Gerais foi acionada para conduzir os trabalhos periciais necessários no local e na unidade de saúde. Após a conclusão dos procedimentos periciais, o corpo da criança foi liberado e encaminhado ao Instituto Médico Legal (IML) na cidade vizinha de Patrocínio para as medidas protocolares.