
Na reunião ordinária desta terça-feira (7), parlamentares de diferentes partidos dedicaram seus pronunciamentos à ausência de políticas estaduais de habitação e às precárias condições das rodovias mineiras. Fotos: DER/Minas
Da Redação da Rede Hoje
O plenário da Assembleia Legislativa de Minas Gerais tornou-se arena de debates sobre duas crises estruturais durante a reunião ordinária desta terça-feira (7). Parlamentares de diferentes partidos dedicaram seus pronunciamentos à ausência de políticas estaduais de habitação e às precárias condições das rodovias mineiras, apontando falhas na execução de serviços essenciais para a população.
O deputado Leleco Pimentel (PT) destacou a instalação da Comissão Extraordinária de Defesa da Habitação e Reforma Urbana na ALMG, da qual é presidente. Ele afirmou que a comissão assume papel fundamental diante da inexistência de uma política estadual efetiva para o setor habitacional. O parlamentar criticou a contradição entre a produção de estatísticas pela Fundação João Pinheiro e a falta de iniciativas concretas do Executivo.
"Embora tenhamos dados precisos sobre o déficit habitacional, não vemos ações concretas do governo para resolver este problema", declarou Pimentel. Ele enfatizou que a Assembleia decidiu assumir a responsabilidade de debater o direito à moradia e à cidade, diante do vazio deixado pelo poder executivo estadual na área.
No mesmo dia, o deputado Eduardo Azevedo (PL) direcionou suas críticas ao sistema rodoviário mineiro. Ele citou especificamente a MG-050, trecho entre Juatuba e São Sebastião do Paraíso, como exemplo dos problemas enfrentados pelos usuários. De acordo com o parlamentar, as concessionárias cobram valores elevados de pedágio sem entregar a contrapartida esperada em qualidade.
Cobrança de contrapartidas
Azevedo detalhou que existem cinco praças de pedágio ao longo desse trecho, cada uma cobrando R$ 8,80 dos motoristas. "Apesar deste custo significativo para os usuários, quase nenhum trecho foi duplicado", afirmou. O deputado também reclamou da falta de respostas do governo estadual a demandas específicas, como o conserto de um redutor de velocidade na Comunidade Inhame, em Divinópolis.
A situação das rodovias concessionadas revela, segundo a análise dos parlamentares, uma falha no modelo de gestão e fiscalização por parte do poder público. Os altos valores de pedágio não têm se traduzido em melhorias proporcionalmente significativas na infraestrutura, gerando insatisfação entre os usuários que pagam pelo serviço.
O debate sobre habitação expôs a desconexão entre o diagnóstico técnico do problema e a implementação de soluções práticas. Enquanto a Fundação João Pinheiro produz dados detalhados sobre o déficit habitacional, essa informação não se converte em políticas públicas efetivas para enfrentar o problema.
A criação da comissão extraordinária na ALMG representa um movimento do Legislativo para preencher este vazio de gestão. No entanto, sem a articulação com o Executivo estadual, a capacidade de transformar os debates em ações concretas permanece limitada, conforme apontaram os discursos.
Tensões federativas
O plenário também testemunhou trocas de acusações envolvendo o governo federal. A deputada Amanda Teixeira Dias (PL) criticou diretamente o presidente Lula, acusando a gestão federal de criar novos impostos que, segundo ela, sufocam os contribuintes. "Além disso, Lula tem feito um rombo nas contas públicas. A conta antes ficava no verde e agora fica no vermelho", afirmou.
Ricardo Campos (PT) rebateu imediatamente as declarações, afirmando que a questão já havia sido desmentida pelo ministro da Fazenda, Fernando Haddad. O parlamentar petista preferiu focar em demandas práticas, citando a necessidade de uma adutora para Varzelândia e Ibiracatu, no Norte de Minas. Ele se comprometeu a mobilizar o governo federal para obter recursos para esta obra.
Na área da saúde, o deputado Doutor Jean Freire (PT) elogiou a gestão do ministro Alexandre Padilha. Ele anunciou que em breve será entregue uma carreta para a saúde da mulher no Vale do Jequitinhonha. O serviço móvel possibilitará diagnóstico e tratamento de doenças, levando atendimento especializado para uma região historicamente carente de serviços médicos.
Grego da Fundação (PMN) complementou o debate sobre saúde ao relatar visita a instituições em Juiz de Fora. Ele conheceu o Instituto Evandro Ribeiro, braço social do hospital homônimo, que oferece assistência médica gratuita em diversas especialidades para a população carente. A instituição representa um exemplo de como iniciativas complementares podem suprir carências do sistema público.
Os pronunciamentos revelaram as diferentes prioridades e leituras da realidade entre os parlamentares, enquanto cidadãos aguardam soluções para problemas crônicos de infraestrutura e políticas sociais. A sessão mostrou a complexidade de governar um estado com dimensões continentais e demandas diversificadas, onde soluções exigem articulação entre diferentes esferas de poder.