Brasil assegura R$ 7,19 bilhões para a safra 2025/26 e intensifica ações para rastreabilidade e conformidade ambiental
A principal novidade deste ciclo é a inclusão dos produtores vinculados ao Pronaf e Pronamp entre os beneficiários do Funcafé Foto: Embrapa Café
Da Redação da Rede Hoje
O setor cafeeiro brasileiro encerrou a semana com importantes avanços. O Conselho Monetário Nacional (CMN) aprovou, na quinta-feira (22), o montante de R$ 7,188 bilhões para o Fundo de Defesa da Economia Cafeeira (Funcafé) na safra 2025/2026, um aumento de 4,37% em relação ao ciclo anterior. A decisão foi tomada após reunião do Comitê Técnico do Conselho Deliberativo da Política do Café (CTCDPC).
Os recursos, provenientes do Orçamento Geral da União, seguirão a mesma distribuição da safra passada: R$ 1,81 bilhão para custeio; R$ 2,59 bilhões para comercialização; R$ 1,68 bilhão para aquisição de café (FAC); R$ 1,05 bilhão para capital de giro das indústrias e cooperativas; e R$ 31 milhões para recuperação de cafezais danificados. Outros R$ 20 milhões foram reservados para ações discricionárias como capacitação, levantamento de safra, pesquisa e promoção, com a garantia de que não poderão ser contingenciados.
A principal novidade deste ciclo é a inclusão dos produtores vinculados ao Pronaf e Pronamp entre os beneficiários do Funcafé. O presidente do Conselho Nacional do Café (CNC), Silas Brasileiro, destacou a importância estratégica do Fundo como ferramenta central da política cafeeira brasileira.
As taxas de juros e o spread bancário relativos aos financiamentos serão anunciados, provavelmente, em julho, com o lançamento oficial do Plano Safra pelo Governo Federal.
Avanço no mapeamento do parque cafeeiro
Outro destaque da semana foi a realização de uma reunião extraordinária do CTCDPC, na segunda-feira (19), no Ministério da Agricultura e Pecuária (MAPA), em Brasília, para discutir o projeto de Mapeamento do Parque Cafeeiro Nacional. O encontro, conduzido pelo diretor do Departamento de Comercialização do MAPA, José Maria dos Anjos, reuniu representantes do setor público e privado, além de técnicos da Conab e da Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG), parceiras na execução do projeto.
A proposta visa atualizar os mapas das áreas cafeeiras do Brasil com o uso de tecnologias de sensoriamento remoto e inteligência artificial, além de disponibilizar uma plataforma geoespacial pública e gratuita.
Durante a apresentação, Silvio Porto, diretor de Política Agrícola e Informações da Conab, destacou a relevância do projeto diante das exigências da nova regulamentação da União Europeia (EUDR), que impõe padrões rigorosos de rastreabilidade e conformidade socioambiental para produtos agrícolas exportados.
A professora Sônia Carvalho Ribeiro, da UFMG, apresentou as metodologias utilizadas e o cronograma do projeto, que prevê a entrega de mapas atualizados das safras 2024/25 e 2025/26, além de análises técnicas alinhadas à conformidade com o EUDR.
Silas Brasileiro ressaltou o apoio unânime ao projeto e a qualidade técnica da equipe. Como encaminhamento, ficou definida a criação de um grupo técnico específico, que será formado por representantes das entidades privadas do CDPC e do MAPA, para aprofundar as discussões e propor aperfeiçoamentos à iniciativa.
A proposta também prevê a formalização da parceria entre o CDPC e o consórcio Conab/UFMG por meio de um memorando de entendimentos, com investimentos financiados pelo Funcafé.
“Esse é um trabalho pelo qual lutamos há anos. Acreditamos na expertise da Conab e da UFMG para apresentar o mais avançado levantamento realizado no país, fundamental para decisões sobre mercado e produção”, avaliou Silas Brasileiro.
Classificação de risco pela União Europeia
Brasil é classificado como risco médio pela UE e amplia esforços para consolidar competitividade no mercado internacional
Em outro desdobramento relevante, a União Europeia divulgou nesta semana sua classificação de risco por país no âmbito do EUDR. O Brasil foi enquadrado como país de risco médio, o que significa que 3% dos volumes exportados para a UE estarão sujeitos a auditorias de conformidade.
Embora alguns concorrentes diretos, como Vietnã, Índia e Costa Rica, tenham sido classificados como de baixo risco, a avaliação foi considerada positiva pelo setor, pois afastou o risco de o Brasil ser incluído na categoria de alto risco — o que poderia comprometer sua posição nas cadeias globais de suprimento.
Silas Brasileiro reforçou que o café brasileiro não está associado à expansão do desmatamento, ressaltando que, desde a data de corte de 2020 imposta pela UE, não há novos cultivos sobre áreas desmatadas.
“Seguiremos esclarecendo que a cafeicultura brasileira não representa risco ambiental e merece, no mínimo, ser classificada como de baixo risco. Esse é um trabalho contínuo, inclusive pelas nossas cooperativas”, afirmou.
Com informações de Alexandre Costa – CNC.