Entre os principais avanços do acordo está a eliminação de tarifas para produtos como café e sete tipos de frutas que serão exportados para a União Europeia sem restrições tarifárias ou cotas

Crédito foto:  Valter Campanato/Agência Brasil


O governo brasileiro ressaltou que 95% dos bens e 92% do valor das exportações de bens brasileiros à União Europeia estão contemplados no acordo

Da redação da Rede Hoje

Após 25 anos de negociações, o tão aguardado acordo comercial entre Mercosul e União Europeia (UE) foi finalmente assinado nesta sexta-feira (6). O texto final manteve as condições estabelecidas em 2019 para o comércio de produtos agropecuários, contrariando expectativas de países europeus, como França e Polônia, que buscavam restringir a entrada de itens sul-americanos no bloco europeu.

Entre os principais avanços do acordo está a eliminação de tarifas para produtos como café e sete tipos de frutas, incluindo abacate, limão, lima, melão, melancia, uva de mesa e maçã. Esses itens poderão ser exportados para a União Europeia sem restrições tarifárias ou cotas, garantindo maior competitividade aos produtores do Mercosul.

Para outros produtos agropecuários, o tratado prevê cotas específicas e a desgravação tarifária gradual, com prazos que variam de quatro a 12 anos. O objetivo é estabelecer uma zona de livre-comércio, permitindo a eliminação total do imposto de importação entre os dois blocos, beneficiando diversos setores produtivos.

O governo brasileiro ressaltou que 95% dos bens e 92% do valor das exportações de bens brasileiros à União Europeia estão contemplados no acordo. Produtos como carne bovina, suína e de aves, além de etanol, açúcar e arroz, terão condições especiais para exportação, incluindo volumes máximos com alíquota zero e tarifas reduzidas para volumes excedentes.

Impacto no agronegócio
Cesar Gonzalez | Pixabay
Frutas como abacates terão retirada imediata ou gradual das alíquotas

O café brasileiro, um dos produtos de maior destaque no mercado internacional, terá tarifas eliminadas em até sete anos. Frutas como uvas frescas e abacates terão retirada imediata ou gradual das alíquotas, enquanto produtos como melancias, maçãs e limões verão a eliminação total das tarifas em até uma década.

Já para o setor de carnes, as condições incluem cotas específicas: a carne bovina, por exemplo, terá um volume inicial de 99 mil toneladas com tarifas reduzidas a 7,5%. A carne de aves terá cota de 180 mil toneladas, sendo metade com osso e metade desossada, enquanto a carne suína terá volume inicial de 25 mil toneladas.

Produtos como etanol, açúcar e mel também foram contemplados. O etanol combustível terá uma cota inicial de 200 mil toneladas com tarifas reduzidas, enquanto o açúcar terá uma cota de 180 mil toneladas com tarifa zero, beneficiando diretamente produtores brasileiros.

Atenção a barreiras sanitárias e ambientais

Embora o acordo represente uma grande vitória para o agronegócio sul-americano, produtos que exigem atenção a barreiras sanitárias e ambientais ainda enfrentam desafios. De acordo com o Ministério do Desenvolvimento, Indústria, Comércio e Serviços, cerca de 3% dos itens negociados estão sujeitos a barreiras não tarifárias, como questões sanitárias e padrões ambientais europeus.

Os próximos passos incluem a divisão das cotas de exportação entre os países do Mercosul e a implementação gradativa das condições acordadas. O governo brasileiro enfatizou que o tratado reflete o equilíbrio entre a abertura de mercados e a proteção de setores sensíveis para ambas as partes.

Um novo capítulo nas relações comerciais

O acordo Mercosul-União Europeia marca um novo capítulo nas relações comerciais entre os blocos. A expectativa é de que ele impulsione a competitividade dos produtos sul-americanos no mercado europeu, fortalecendo o agronegócio e incentivando o desenvolvimento econômico sustentável na região.

Com as condições firmadas, produtores brasileiros terão a oportunidade de ampliar sua presença no mercado europeu, enquanto consumidores da UE poderão acessar produtos de alta qualidade a preços mais competitivos. O tratado agora segue para aprovação formal nos parlamentos dos países envolvidos.


Fonte: Agência Brasil


Todas as notícias