Grupo interessado exige conhecer toda a situação financeira antes de avançar; parte da antiga diretoria diz não ter sido comunicada sobre o processo
Marcos Antônio da Silva, o Marcão, a proposta prevê que o investidor ficaria com 90% das ações da SAF, enquanto o Patrocinense manteria 10%
Da Redação da Rede Hoje
O Clube Atlético Patrocinense (CAP) iniciou conversas preliminares com um grupo interessado em assumir o controle da futura Sociedade Anônima do Futebol (SAF) do clube. As negociações, porém, ainda estão em estágio inicial e envolvem levantamento detalhado da situação financeira e jurídica da instituição. De acordo com o dirigente Marcos Antônio da Silva, o Marcão, a proposta prevê que o investidor ficaria com 90% das ações da SAF, enquanto o Patrocinense manteria 10%.
O grupo interessado, cujo nome ainda não foi divulgado, busca informações completas sobre dívidas trabalhistas, obrigações fiscais e outros compromissos do clube. O advogado intermediário, que também não teve a identidade revelada, estaria conduzindo esse levantamento junto à Receita Federal e demais órgãos competentes. A expectativa é que uma reunião online, prevista para esta semana, coloque todos os dados em pauta para que as tratativas avancem.
Segundo Marcão, foram encaminhados ao grupo interessado os documentos disponíveis e as informações referentes às pendências judiciais. Entre elas está uma dívida trabalhista que levou ao bloqueio das contas do CAP. O dirigente explicou que o clube havia pago quatro parcelas de um acordo judicial, mas atrasou as seguintes, o que levou o advogado reclamante (trabalhista) a solicitar o novo bloqueio.
A empresa interessada foi informada sobre o impasse e teria demonstrado disposição em acompanhar de perto a resolução desse problema. Marcão destacou que o pagamento da quinta parcela pode destravar o processo, permitindo a retomada das negociações. Caso contrário, o clube terá de iniciar uma nova rodada de conversas judiciais para reaver o controle de suas contas.
Divergências internas
Enquanto isso, parte da diretoria anterior diz não ter sido comunicada oficialmente sobre as conversas envolvendo a possível SAF. O ex-diretor Diogo Cunha afirmou à Rede Hoje que ele e outros membros do grupo que deixou a gestão recentemente não receberam informações sobre o andamento das negociações. “Não fomos procurados, e até o momento não sabemos de nada oficialmente”, disse Cunha.
A falta de comunicação interna preocupa membros do Conselho e torcedores, que pedem mais transparência no processo. Para muitos, a criação da SAF pode representar uma oportunidade de reorganizar o clube, mas também exige cautela e clareza sobre os termos do acordo. A indefinição sobre quem detém as informações oficiais reforça a sensação de incerteza sobre o futuro do Patrocinense.
Papel do poder público
Outro ponto importante discutido é a continuidade do comodato da República do Futebol, cedidos pelo governo municipal ao clube. Segundo Marcão, a Prefeitura de Patrocínio pretende manter o acordo, mesmo que a SAF seja formalizada. O município também estuda participar da formação de uma base esportiva, com equipes das categorias.
Segundo o dirigente, a Secretaria Municipal de Esportes deve auxiliar na montagem dessas divisões, mesmo com a futura empresa responsável pela SAF. Como todos os ativos que clube tiver, o investidor ficaria com 90% dos direitos sobre os atletas formados e negociados, restando 10% ao CAP. Essa divisão segue o mesmo modelo sugerido para a estrutura principal da Sociedade Anônima do Futebol.
Expectativa e próximos passos
A reunião desta semana será decisiva para definir se as negociações terão continuidade. Ainda não se sabe se o encontro será presencial, em Patrocínio, ou de forma remota. A expectativa é que, após essa conversa, as partes consigam esclarecer pendências financeiras e jurídicas, estabelecendo uma base sólida para o avanço do processo.
Enquanto isso, a torcida e os conselheiros aguardam com cautela. O momento é de incerteza, mas também de esperança em uma possível reestruturação que devolva estabilidade ao clube. Caso as negociações avancem e a SAF se concretize, o Patrocinense pode iniciar um novo capítulo de sua história, buscando segurança financeira e competitividade esportiva.
No entanto, até o momento, não há confirmação oficial de que o negócio será fechado. O que se sabe é que a diretoria atual tenta colocar “os pratos limpos” antes de qualquer assinatura. Até lá, o futuro do Clube Atlético Patrocinense segue indefinido, à espera de um acordo que possa garantir a sobrevivência e o crescimento da equipe nos próximos anos.