JOGO DIRETO | O CAP vai morrer?
Foto: Módulo FM

Capa do livro "CAP: A Históira de uma Paixão Grená

Por Luiz Antônio Costa

O Patrocinense, por mais que Maurício Cunha e sua equipe se esforcem, parece não ter condições de competir no Módulo II deste ano. A não ser que, na reunião do conselho técnico da Federação Mineira de Futebol (FMF) na próxima terça-feira, 28, os dirigentes consigam apresentar uma solução que soe mágica. Se isso não acontecer, estaremos presenciando o triste desfecho de uma das mais grandiosas histórias de Patrocínio, escrita por centenas de mãos, um legado edificado ao longo de 70 anos. Embora o clube tenha sido oficialmente fundado em 1954, tudo começou em 1948, quando um grupo de jovens decidiu se mobilizar para proporcionar entretenimento à cidade.

Isso está registrado em um livro – que eu mesmo escrevi - intitulado "CAP: A História de uma Paixão Grená", que documenta a notável trajetória do timão grená, fonte de orgulho para todos nós. E é lamentável chegarmos a 2024, ano em que comemoramos sete décadas de história, enfrentando o rebaixamento do clube - e ainda por cima, com a Polícia Federal batendo à sua porta por manipulação de resultados. Que situação triste! A história e o torcedor patrocinense jamais perdoará isso.

Até a reunião de terça-feira, 28, ainda existe a esperança de um milagre, mas como já mencionei, será necessário algo realmente extraordinário. Tive uma conversa há algumas semanas com Maurício Cunha e percebi que ele está procurando soluções para o enorme desafio à sua frente. Ontem, por telefone, conversei com Adélio Furtado, ex-goleiro do CAP, comentarista esportivo e professor de educação física, que atualmente é diretor de futebol na Secretaria Municipal de Esportes, sob a administração de Gustavo Brasileiro. Foi desanimador escutar de alguém que ama o CAP e deseja ajudar, que a situação é extremamente complexa.

Delinho, que foi atleta do profissional do CAP em 1985, depois professor de educação física e comentarista esportivo e que está focado exclusivamente no futebol, expressa sua preocupação com o futuro do Atlético Patrocinense. Ele relata que Maurício Cunha está dedicando-se incansavelmente para reverter essa situação desafiadora, com o apoio de várias pessoas, incluindo figuras como Fúlvio Barbosa, Diogo Cunha, outros dirigentes do Patrocinense no passado e o próprio Adélio. No entanto, a dívida significativa do clube, especialmente na área trabalhista, dificulta qualquer ação que possa gerar receita. Qualquer entrada de dinheiro nos cofres do clube terá que ser direcionada para quitar essas obrigações por decisão judicial.

Ainda assim, Adélio menciona que eles estão se esforçando para que na reunião de terça-feira, a realidade do CAP seja outra e o clube consiga manter seu status profissional. Além disso, ele destaca que o prefeito está disposto a ajudar, oferecendo apoio financeiro ao esporte, mas não pode destinar verbas diretamente ao clube (ainda que em forma de publicidade), já que não há uma previsão clara de futuro.

Sem uma negociação com advogados dos atletas na justiça, todos os recursos financeiros que possam entrar estão bloqueados pela CBF e pela Federação Mineira de Futebol. O ex-goleiro observa com preocupação a atual situação do CAP e acredita que é preciso lutar muito para manter o futebol profissional. Se o clube não conseguir solucionar suas questões, poderão ser 70 anos de esforços desperdiçados, e a perspectiva de outro time profissional na cidade se tornará extremamente remota, já que a sociedade esportiva Patrociense já não existe mais.

O presidente do Conselho Deliberativo do Clube Atlético Patrocinense (CAP), José Francisco Félix, convocou uma reunião extraordinária para conselheiros, diretores, ex-diretores, empresários, torcedores e membros da imprensa, marcada para a segunda-feira, 27 de janeiro de 2025, às 19h, no auditório das ACIP/CDL. O principal assunto será a participação do CAP no Módulo II do Campeonato Mineiro de 2025, cujo prazo para definição é urgente, já que o Conselho Técnico da Federação Mineira de Futebol se reunirá no dia seguinte, 28 de janeiro.

A situação do CAP ainda é incerta, conforme revelou o diretor do clube, Marcos Antônio Silva (Marcão), no programa Módulo Esporte. Ele informou que a confirmação da participação depende de recursos financeiros que ainda estão em busca. Adélio Furtado (Delinho), diretor de futebol da Secretaria de Esportes, também mencionou esforços para encontrar investidores a fim de quitar dívidas que ultrapassam R$ 4 milhões. Os dirigentes estão considerando transformar o clube em uma Sociedade Anônima do Futebol (SAF), onde um investidor assumiria 90% das ações, mas o clube ainda operaria sob o modelo associativo durante a participação no Módulo II.

Ainda há chances de encontrar uma solução e contornar a situação, mas o diretor de esportes da Secretaria Municipal demonstra um certo pessimismo nesse cenário.


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