Regulação de plataformas e maior conscientização surgem como prioridades após denúncias de adultização e sexualização de menores
Foto: Bruno Peres/Agência Brasil

Da Redação da Rede Hoje
O crescente fenômeno da exploração infantil nas redes sociais mobiliza especialistas e autoridades, que apontam a necessidade urgente de medidas para proteger menores de idade. Dados revelam que 30% das crianças e adolescentes brasileiros já tiveram contato com estranhos online, enquanto casos de adultização e sexualização precoce se multiplicam nas plataformas digitais. 
Da Redação da Rede Hoje
Mecanismos perversos de engajamento
Rodrigo Nejm, do Instituto Alana, explica como os algoritmos das redes sociais criam um ciclo vicioso: "Conteúdos com teor sexualizado ou comportamentos adultos recebem maior visibilidade, gerando mais receita tanto para as plataformas quanto para os criadores". Esse sistema estaria levando famílias e as próprias crianças a aumentarem progressivamente a exposição em busca de likes e visualizações.

Esse sistema estaria levando famílias e as próprias crianças a aumentarem progressivamente a exposição em busca de likes e visualizações. Fonto: arquivo | Agencia Brasil
Riscos concretos e imediatos
Débora Salles, pesquisadora da UFRJ, alerta para os perigos reais: "Imagens aparentemente inocentes, como crianças na piscina ou trocando de roupa, são apropriadas por redes de pedofilia". Ela destaca ainda outros perigos menos óbvios, como a exposição a conteúdos extremistas ou de ódio que podem moldar negativamente o desenvolvimento infantil.
Duas frentes de ação
Enquanto o governo prepara proposta de regulamentação a ser enviada ao Congresso, a Câmara dos Deputados forma grupo de trabalho para elaborar legislação específica em 30 dias. O PL 2.628/2022, que prevê multas milionárias para plataformas omissas, surge como principal referência. Paralelamente, especialistas pedem campanhas massivas de conscientização para pais e educadores.
Impactos no desenvolvimento
O psicólogo Tiago Giacometti explica as consequências a longo prazo: "Crianças expostas a padrões irreais de beleza e comportamento desenvolvem distorções permanentes em sua autoimagem e relações sociais". Ele cita o caso crescente de influenciadores mirins que dão conselhos financeiros ou adotam posturas adultas como particularmente preocupante.
Recomendações imediatas
Especialistas sugerem três medidas urgentes:
1. Limitação rigorosa do tempo de uso das redes por menores
2. Supervisão constante por adultos responsáveis
3. Configuração máxima de privacidade em todos os perfis
A Sociedade Brasileira de Pediatria reforça que a proteção digital deve ser tratada com a mesma seriedade que outros aspectos da segurança infantil, como o uso de cadeirinhas em veículos ou proteção em piscinas.
Com informações da Agência Brasil