Felipe Bressanim Pereira passou a usar carro blindado e seguranças após vídeos sobre exploração de menores
Felipe Bressanim, conhecido como Felca, publicou vídeo denunciando exploração de menores nas redes sociais. Foto: Reprodução/YouTube
Da Redação da Rede Hoje
O youtuber e humorista Felipe Bressanim Pereira, de 27 anos, conhecido como Felca, afirmou em entrevista ao podcast PodDelas que passou a andar com carro blindado e seguranças em São Paulo para se proteger de ameaças recebidas após publicar vídeos com denúncias.
Felca ganhou destaque ao criticar influenciadores envolvidos com apostas esportivas (“bets”) e, em seu vídeo mais recente, intitulado “Adultização”, denunciou o influenciador paraibano Hytalo Santos por exploração de menores.
O vídeo de quase 50 minutos, publicado no dia 6 de agosto, já ultrapassou 26 milhões de visualizações no YouTube. Nele, Felca denuncia que conteúdos de menores, gerenciados por responsáveis ou terceiros, são sexualizados e explorados por redes de pedofilia, sem punição adequada por parte das plataformas digitais.
Após a publicação, o assunto chegou ao Congresso Nacional. O presidente da Câmara, deputado Hugo Motta (Republicanos-PB), afirmou em seu perfil no X que irá pautar o tema nesta semana. “O vídeo do Felca sobre a adultização das crianças chocou e mobilizou milhões de brasileiros. Esse é um tema urgente, que toca no coração da nossa sociedade. Na Câmara, há uma série de projetos importantes sobre o assunto. Nesta semana, vamos pautar e enfrentar essa discussão”, escreveu o deputado.
Um dos nomes citados no vídeo é o de Hytalo Santos, influenciador paraibano com 20 milhões de seguidores, acusado pelo Ministério Público da Paraíba de exploração infantil, corrupção e aliciamento de menores. Ele teria exposto crianças e adolescentes em ambientes sexualizados e com consumo de álcool em uma espécie de reality show na internet.
Entre os participantes está Kamylinha Santos, de 17 anos, que desde os 12 anos aparece nos vídeos do influenciador. Em uma das gravações, a jovem aparece com poucas roupas dançando no colo de outro menor, enquanto adultos aplaudem. O caso está sob investigação policial e do Ministério Público do Trabalho da 13ª região por possível exploração de menores e violação do Estatuto da Criança e do Adolescente (ECA). Hytalo nega as acusações, e a mãe de Kamylinha manifestou apoio ao influenciador.
Outro caso citado por Felca é o de Caroliny Dreher, cujo conteúdo teria sido produzido e publicado pelos pais desde que ela tinha 11 anos. Conforme o youtuber, para atender a pedidos de seguidores, inclusive de redes de pedofilia, os responsáveis passaram a divulgar conteúdos mais sensuais. Felca classificou o caso como “uma das coisas mais asquerosas e corrompidas” que já viu. O caso também está sob investigação, mas a reportagem não localizou os responsáveis para se manifestarem.
Felca não responsabiliza apenas os cuidadores, mas também as plataformas digitais, que, segundo ele, falham no controle e na punição dos conteúdos abusivos. “As redes deveriam sinalizar esse tipo de conteúdo e não monetizar, banir, punir e não colocar no caldeirão de sopa dos recomendados”, declarou.
Desde a denúncia, Felca relata ter recebido muitas ameaças, o que o levou a usar carro blindado e seguranças para sua proteção. Ele afirmou que o processo para produzir o vídeo durou cerca de um ano e contou com a participação de uma psicóloga especializada em crianças.
O vídeo “Adultização” reúne denúncias sobre influenciadores que abusam da imagem de crianças e explica como algoritmos favorecem a divulgação desse conteúdo. A denúncia viralizou, despertando debate sobre a exposição infantil e os direitos das crianças na internet.
A conta do influenciador Hytalo Santos foi removida do Instagram, mas não há confirmação oficial de ligação direta com as denúncias feitas por Felca. O Ministério Público já investiga o caso desde 2024.