
Café continua na lista dos produtos taxados e prejudica regiões produtores como Patrocinio. Imagem de Couleur por Pixabay
Da Redação da Rede Hoje
O presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, assinou nesta quarta-feira (30) uma ordem executiva que eleva para 50% a tarifa de importação sobre produtos brasileiros. No entanto, o impacto do chamado "tarifaço" foi consideravelmente reduzido com a inclusão de mais de 700 exceções à medida, poupando setores como aeronáutica, combustíveis, veículos, fertilizantes e alimentos processados.
Ficarão isentos da nova tarifa itens como suco e polpa de laranja, minérios, produtos energéticos, celulose, metais industriais e aeronaves civis, incluindo motores, peças e componentes. A lista também exclui bens de uso pessoal, produtos destinados a doações, livros e itens já em trânsito para os EUA com chegada prevista até o dia 5 de agosto.
Entretanto, produtos-chave da pauta de exportação brasileira, como café, frutas frescas e carnes, não foram incluídos nas exceções e, portanto, serão taxados em 50%. A medida deve impactar diretamente cidades produtoras, como Patrocínio, em Minas Gerais, conhecida nacionalmente pela força da cafeicultura e da produção de outros produtos agrícolas.
Justificativa e implicações políticas
No documento, Trump alega que o Brasil representa uma "ameaça incomum e extraordinária à segurança nacional dos EUA", classificação semelhante à adotada contra países como Cuba, Venezuela e Irã. A ordem executiva prevê que as tarifas entram em vigor em sete dias, ou seja, em 6 de agosto.
Em debate na GloboNews, o analista político Thomas Traumann chamou o anúncio de “recuo considerável” e destacou a contradição entre o discurso político agressivo e a decisão prática de poupar setores inteiros da sobretaxa. "É o Trump sendo Trump. A lista de exceções é gigantesca, e isso mostra pragmatismo econômico", avaliou.São mais de 700 exceções à medida, poupando setores como aeronáutica, combustíveis, veículos, fertilizantes e alimentos processados
O jornalista Octavio Guedes também comentou o movimento: “Trump é agressivo na política e conservador na economia”, resumiu.
Itens que ficaram de fora da tarifa de 50%:
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Aeronaves civis e peças: motores, pneus, componentes estruturais.
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Veículos e autopeças: SUVs, caminhões leves, minivans.
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Metais e insumos industriais: aço, alumínio, cobre, ferro, ouro, prata, silício.
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Fertilizantes e derivados agrícolas: suco e polpa de laranja, castanha-do-brasil, madeira tropical.
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Energia: carvão, gás natural, petróleo, querosene, parafina, energia elétrica.
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Outros: obras de arte, livros, roupas, alimentos doados, artigos em manutenção ou reprocessamento.
Produtos brasileiros que serão taxados:
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Café
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Carnes (bovina, suína e de frango)
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Frutas frescas
Reações e próximos passos
A medida acalma parte do setor exportador brasileiro, mas gera apreensão em segmentos que ficaram de fora das exceções, especialmente o agronegócio cafeeiro e pecuarista. Em cidades como Patrocínio, a elevação da tarifa pode comprometer contratos e reduzir a competitividade dos produtos brasileiros no mercado norte-americano.
O governo brasileiro ainda não se manifestou oficialmente, mas fontes do Itamaraty indicam que a prioridade será evitar o agravamento diplomático, mantendo canais de negociação abertos.
Condicionantes e ameaças de escalada
O texto da ordem executiva prevê que a lista de exceções poderá ser revisada, caso o Brasil “tome medidas significativas para lidar com a emergência nacional e se alinhe suficientemente com os Estados Unidos em temas de segurança, economia e política externa”.
Trump também adverte que retaliações brasileiras poderão resultar em novos aumentos de tarifas por parte dos EUA:
“Por exemplo, se o governo do Brasil retaliar aumentando as tarifas sobre as exportações dos Estados Unidos, aumentarei a alíquota ad valorem estabelecida nesta ordem em um montante correspondente.”
Contradição estratégica
Analistas apontam que, apesar do tom político duro, as exceções revelam o impacto das pressões internas de empresários norte-americanos, que dependem da cadeia produtiva brasileira.
“É um jogo de cena com efeitos econômicos limitados”, conclui Traumann. “Trump opta por manter sua base política mobilizada sem prejudicar setores econômicos sensíveis nos EUA.”
Da Redação da Rede Hoje – Com informações da Agência Brasil e G1