Audiência na Assembleia cobra ações permanentes e integração entre órgãos para enfrentar alta taxa de acidentes nas rodovias e cidades mineiras


Audiência na ALMG reuniu representantes de órgãos de trânsito para discutir estratégias de redução de acidentes e mortes nas estradas e cidades mineiras

Da Redação da Rede Hoje

Apesar de campanhas como o Maio Amarelo e milhares de ações educativas realizadas por órgãos de segurança, os números de mortes no trânsito em Minas Gerais continuam alarmantes. Até o último dia 15 de junho, foram registradas 486 mortes em mais de 4 mil acidentes nas rodovias federais que cortam o Estado, média de 2,1 mortes por dia. Somente em Belo Horizonte, 148 pessoas perderam a vida no trânsito entre janeiro e maio deste ano.

Esses dados foram apresentados durante audiência pública da Comissão de Transporte, Comunicação e Obras Públicas da Assembleia Legislativa de Minas Gerais (ALMG), realizada nesta segunda-feira (16), para debater a eficácia das ações de prevenção e educação no trânsito.

Educação nas escolas: uma solução de longo prazo

Um dos principais consensos entre os participantes é a necessidade de fortalecer a educação para o trânsito, especialmente dentro das escolas públicas. A gerente de Operação Viária do DER-MG, Rosely Fantoni, defendeu que a Secretaria de Estado de Educação (SEE) passe a integrar de forma efetiva a educação no trânsito ao currículo escolar.

Atualmente, as ações estão pulverizadas: palestras isoladas, cursos online, atividades da "Transitolândia" da Polícia Militar e concursos de redação, como o que envolveu 1.200 alunos da educação básica neste ano. Mas, segundo Rosely, falta um programa estruturado, contínuo e com metas claras.

O deputado Professor Wendel Mesquita (Solidariedade), que solicitou a audiência, já apresentou requerimento para que a SEE implemente esse tipo de ação. Também foi pedida à Secretaria de Estado de Planejamento a informação sobre os recursos atualmente investidos em educação no trânsito.

Mapeamento das “zonas quentes” de acidentes

Outra frente de atuação discutida foi o mapeamento de áreas com maior índice de ocorrências, as chamadas "zonas quentes". Segundo a tenente-coronel Marcely Camargos, do Corpo de Bombeiros, foram identificadas 79 zonas críticas em Minas, sendo 26 em rodovias e 53 em áreas urbanas, concentrando 41% dos acidentes no Estado.

A partir desse diagnóstico, os Bombeiros realizaram workshops para profissionais das unidades operacionais e desenvolveram 349 ações educativas durante o Maio Amarelo deste ano.

Mudança de comportamento é fundamental

A imprudência foi apontada como causa de 90% dos acidentes, de acordo com o tenente-coronel Renato Quirino, da Polícia Militar Rodoviária. Esse dado também foi reforçado pela Polícia Rodoviária Federal (PRF), representada por Marcos Mapa Ávila.

Outro fator de preocupação é o uso de celular ao volante. Rafael de Paula Costa, da Polícia Civil, relatou ações de conscientização em bares, escolas e até no Mineirão para alertar sobre os riscos da distração ao dirigir.

Municípios precisam assumir sua parte

Atualmente, apenas 101 dos 853 municípios mineiros fazem parte do Sistema Nacional de Trânsito, o que limita a atuação local em fiscalização e educação. Bruno Schneider, da Coordenadoria Estadual de Gestão de Trânsito (CET), destacou que a municipalização é essencial para ampliar o alcance das ações preventivas.

A falta de regulamentação também afeta o controle de atividades como mototáxi e motofrete, sobretudo em Belo Horizonte. Douglas Oliveira, da Guarda Municipal da capital, defendeu a aprovação de uma lei específica para o setor, que tramita na Câmara Municipal.

Meta global e desafios locais

A audiência também reforçou o compromisso de Minas em ajudar o Brasil a atingir a meta de redução de 50% nas mortes no trânsito até 2030, estabelecida pela ONU. Hoje, o Brasil registra uma média de 17 mortes por 100 mil habitantes, enquanto países como a Suécia, referência mundial, têm taxa de apenas 3 por 100 mil e trabalham para chegar a zero.


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