Organização clandestina, chamada “Comando C4”, é responsabilizada pela morte de advogado em Cuiabá e tinha tabela de preços para eliminar autoridades



Sede da Polícia Federal em Brasília
— Crédito: Marcelo Camargo/Agência Brasil

Da redação da Rede Hoje

Brasília (DF) — A Polícia Federal revelou nesta terça-feira (28) que militares da ativa e da reserva fundaram uma empresa clandestina voltada à espionagem e execuções por encomenda. A descoberta ocorreu durante a sétima fase da Operação Sisamnes, que investiga um esquema de corrupção em diversas instâncias do Judiciário. A informação foi revelada pelo portal UOL.

Segundo a PF, o grupo operava sob o nome informal de “Comando C4: Caça Comunistas, Corruptos e Criminosos”, utilizando uma empresa registrada como fornecedora de segurança privada para acobertar crimes como homicídios por contrato.

Uma tabela manuscrita apreendida pela PF indicava valores para espionagem e, possivelmente, execuções: R$ 250 mil para ministros do Judiciário, R$ 150 mil para senadores, R$ 100 mil para deputados e R$ 50 mil para cidadãos comuns.

Entre os investigados está o coronel da reserva do Exército, Etevaldo Caçadini de Vargas, que já estava preso por decisão da Justiça estadual de Mato Grosso e, agora, foi novamente alvo de mandado expedido pelo Supremo Tribunal Federal (STF). Foi em sua residência que os agentes encontraram a tabela e nomes de possíveis alvos.

A defesa de Caçadini nega as acusações e afirma que ele foi citado após suposta “tortura” de um dos executores do homicídio do advogado Roberto Zampieri, crime que levou à descoberta do esquema. O pedido de liberdade do militar segue pendente de análise pelo Tribunal de Justiça de Mato Grosso.

Além do coronel, outros quatro suspeitos foram alvos de mandados de prisão nesta fase da operação, cujos nomes não foram divulgados. Também houve cumprimento de ordens de busca, apreensão e monitoramento eletrônico. A operação foi autorizada pelo ministro Cristiano Zanin, do STF.

De acordo com a PF, o “Comando C4” é responsável pelo assassinato de Roberto Zampieri, morto a tiros em dezembro de 2023, em Cuiabá. O advogado era investigado por envolvimento em um esquema de propinas a membros do Judiciário. A análise de seu celular revelou provas de corrupção envolvendo desembargadores e assessores de ministros do Superior Tribunal de Justiça (STJ).

O Conselho Nacional de Justiça (CNJ) foi informado sobre os dados extraídos do aparelho, que indicam pagamento de vantagens indevidas a servidores de cortes superiores.

Segundo a PF, a organização criminosa estruturava contratos conforme o cargo da vítima e atuava como uma verdadeira “empresa do crime”, com motivações políticas e institucionais.


Todas as notícias