Esquerda se organiza, PL vive crise e nomes tradicionais tentam se firmar para as eleições.
 
No primeiro cenário testado, Marília Campos (PT) lidera com 19%, seguida por Carlos Viana (Podemos), com 18%, e Alexandre Silveira (PSD), com 14%. Foto: Guilherme Bergamini/ALMG e Saulo Cruz/Agência Senado
 
Da Redação da Rede Hoje
A corrida pelo Senado em Minas Gerais em 2026 começa a ganhar contornos mais definidos. Com duas vagas em disputa, os principais partidos já articulam candidaturas que prometem misturar figuras conhecidas, apostas em renovação e disputas internas intensas.
No campo progressista, o Partido dos Trabalhadores (PT) tenta equilibrar estratégia e competitividade. O deputado federal Reginaldo Lopes, que desistiu de disputar o Senado em 2022 para coordenar a campanha de Lula em Minas, volta a ser um dos principais nomes cotados.
Vice-líder do governo na Câmara e com presença consolidada no estado, Lopes busca transformar sua influência política em apoio eleitoral direto. Seu nome aparece em pesquisas internas do partido, mas ainda não há definição sobre alianças e coligações.
Outra figura de destaque é Marília Campos, prefeita de Contagem. A petista, sondada pela direção nacional do partido, sinalizou preferência por uma candidatura ao Senado, em vez de uma eventual disputa ao governo de Minas.
O campo progressista
Marília Campos é vista como liderança com base popular consolidada e experiência administrativa em um dos maiores municípios da Região Metropolitana de Belo Horizonte. Ela aparece em primeiro lugar nas sondagens divulgadas até o momento.
O PSOL, por sua vez, trabalha para se reposicionar no cenário eleitoral. A ex-deputada federal Áurea Carolina, que também foi vereadora em Belo Horizonte, avalia retornar à legenda e disputar uma das vagas.
Ligada a pautas de diversidade, juventude e igualdade racial, Áurea Carolina surge como opção da esquerda para ampliar o espectro de candidaturas femininas no estado. O partido deve definir sua estratégia no primeiro semestre de 2026.
Segundo levantamento do Real Time Big Data, divulgado em 18 de agosto, a disputa apresenta múltiplos cenários e indefinições.
Números da pesquisa
No primeiro cenário testado, Marília Campos (PT) lidera com 19%, seguida por Carlos Viana (Podemos), com 18%, e Alexandre Silveira (PSD), com 14%. Outros nomes lembrados são Eduardo Costa (Cidadania), com 12%, Marcelo Aro (PP), com 11%, Eros Biondini (PL) e Áurea Carolina (PSOL), ambos com 7%, além de Domingos Sávio (PL), com 6%.
Nos cenários seguintes, Carlos Viana mantém leve vantagem, com empates técnicos envolvendo Silveira, Aro e Eduardo Costa. O levantamento ouviu 1,5 mil eleitores entre os dias 11 e 13 de agosto e tem margem de erro de três pontos percentuais.
A pesquisa indica um quadro aberto, com indefinições que refletem a fragmentação política em Minas Gerais. Os partidos devem intensificar articulações a partir do início de 2026.
O bolsonarismo em crise
No campo bolsonarista, o Partido Liberal (PL) vive momento de instabilidade interna. O deputado federal Domingos Sávio foi anunciado como o nome oficial da legenda, com apoio de Jair Bolsonaro, que cumpre prisão domiciliar.
Entretanto, outras lideranças do partido lançaram pré-candidaturas. O deputado estadual Cristiano Caporezzo e o comunicador Marco Antônio “Superman” se colocaram como alternativas, provocando divergências entre dirigentes estaduais.
A crise se ampliou após “Superman” se referir a quadros do PL como integrantes do “centrão”, o que gerou reações internas. A possibilidade de sua migração para o partido Novo foi mencionada pelo deputado Marcel Van Hattem, do Rio Grande do Sul.
Outros nomes do partido, como Eros Biondini e Zé Vitor, mantêm articulações independentes. Biondini, ligado ao segmento católico, e Zé Vitor, presidente da Comissão de Saúde da Câmara, buscam ampliar espaço político regional.
Polêmicas e desgaste
Domingos Sávio é um dos investigados por quebra de decoro após invadir a Mesa Diretora da Câmara em agosto e defender anistia a acusados de envolvimento nos atos de 8 de janeiro.
Eros Biondini é citado em apuração da CPMI que investiga repasses a entidades sob suspeita de irregularidades em descontos de benefícios do INSS. O parlamentar destinou cerca de R$ 5 milhões em emendas para uma dessas organizações.
Caporezzo, por sua vez, já protocolou pedido de impeachment contra o ministro Alexandre de Moraes, o que ampliou sua visibilidade entre apoiadores do ex-presidente Bolsonaro.
Essas disputas internas e controvérsias enfraquecem a tentativa do PL de consolidar uma candidatura única ao Senado em Minas Gerais.
Outras articulações partidárias
Enquanto o PL enfrenta divisões, outros partidos intensificam negociações. O Republicanos anunciou a pré-candidatura do deputado federal Euclydes Pettersen, apoiado pelo senador Cleitinho Azevedo.
No PSD, Alexandre Silveira trabalha para manter influência política e viabilizar retorno ao Senado. O parlamentar, derrotado em 2022, tenta recompor alianças com lideranças regionais e prefeitos.
O Podemos deve oficializar Carlos Viana, atual presidente da CPMI do INSS. Após derrotas nas eleições de 2022 e 2024, o ex-senador busca reconstruir seu espaço político.
Marcelo Aro (PP), secretário de Estado de Governo de Romeu Zema, e o jornalista Eduardo Costa (Cidadania) também figuram entre os cotados.
O papel de Rodrigo Pacheco
O presidente do Senado, Rodrigo Pacheco (PSD), encerra seu mandato em 2026 e avalia opções políticas. Ele pode disputar o governo de Minas Gerais, migrar para o MDB ou aceitar eventual indicação ao Supremo Tribunal Federal.
A decisão de Pacheco influenciará diretamente a estratégia do PSD e de partidos aliados. A possibilidade de reconfiguração das forças políticas estaduais é vista como determinante para a disputa ao Senado.
O cenário mineiro segue em aberto, com indefinições que refletem tanto a fragmentação nacional quanto as mudanças nas bases eleitorais regionais.
Reportagem com informações do Brasil de Fato Minas
 
             
             
             
             
             
             
             
            