Música, escola, autores premiados e possibilidade confirmada de uma edição em Patrocínio em 2026


Praça Duque de Caxias, no Bairro Santa Tereza, em Belo Horizonte, recebeu grande público no evento literário “Livro de graça na praça”

Fotos: Rede Hoje e divulgação do LGP

Da Redação da Rede Hoje

Belo Horizonte, 15/9/25. A Praça Duque de Caxias, no tradicional bairro Santa Tereza, em Belo Horizonte, foi cenário neste domingo de mais uma edição do projeto “Livro de graça na praça”, criado e promovido anualmente pelo escritor e professor José Mauro da Costa. O encontro reuniu autores de diferentes regiões do país, especialmente do Nordeste, além de música ao vivo, escolas e atividades culturais voltadas para toda a família. Com duração de aproximadamente cinco horas, entre oito da manhã e o início da tarde, a programação atraiu grande público e mostrou mais uma vez a força da literatura em espaço público aberto. A Rede Hoje, além desta reportagem, prepara uma outra para o canal do Youtube.

Entre os destaques esteve a participação do escritor soteropolitano Archibaldo Daltro Barreto Filho, conhecido como Quico, atualmente radicado em Ilhéus, na Bahia. Presença frequente no evento, ele elogiou a proposta: “Eu acho absolutamente encantador e contaminante, porque seguramente acaba contaminando as pessoas. Elas começam a entender o valor da educação e da necessidade da leitura. O nosso grande líder, o professor Zé Mauro, fez neste ano uma apresentação absolutamente objetiva, clara, sintética, estética e que acerta em cheio nas nossas necessidades. Estar aqui e poder participar desse movimento belíssimo é maravilhoso e emocionante”.


Outro nome de peso foi o escritor José Eduardo Gonçalves, vencedor de prêmios nacionais, inclusive o Jabuti, o mais importante da literatura brasileira. Para ele, eventos como este ampliam o alcance da produção literária: “Quando participamos de um evento como esse, temos a oportunidade de levar nossa obra a um público diferente. Normalmente não é um público que frequenta livrarias. Muitas famílias participam e, por exemplo, não sei se aqui em Santa Tereza há uma livraria. Essa é a chance de contato com pessoas que talvez não conheceriam nossos livros. Essa heterogeneidade faz bem para todo mundo, e também para os autores”.

A música também esteve presente e deu o tom da manhã cultural. O músico Daniel Cristóvão destacou a importância de unir expressões artísticas: “A música é parte importante da cultura do povo. Então, ver a praça cheia de gente, com brincadeiras, crianças e pessoas interessadas em cultura é muito bom. Essa mistura valoriza ainda mais o evento e reforça o sentido de comunidade”. A combinação de literatura e música trouxe leveza ao encontro, que se consolidou como espaço de convivência plural.

Uma novidade desta edição foi a participação de escolas, algo que deve se repetir em próximas edições. A professora Sofia Junqueira, da Escola da Serra, comemorou o envolvimento dos estudantes: “Os nossos alunos escreveram os contos que fazem parte do livro Vento de dentro. Como era de se esperar, os adolescentes autores ficaram empolgados. Foi a primeira oportunidade para jovens de 15 a 17 anos escreverem um livro e autografarem sua própria obra. Isso é muito especial e fortalece a autoestima deles”. Segundo José Mauro, esse foi um passo essencial para inserir a juventude na experiência literária.

Escritores patrocinenses presentes ao evento, juntos com o organizador, José Mauro Costa. Foto: Maria de Fátima Soraggi

Patrocínio esteve representada por três escritores: Fabiano Salim, Jussara de Queiroz e Luiz Antônio Costa. Para Jussara, que participa desde 2013 e lançou recentemente o livro A felicidade é o inferno, o convite reforça a importância da cidade no cenário literário: “A presença de três patrocinenses em um evento dessa dimensão engrandece bastante a cultura de Patrocínio. É um espaço de projeção nacional que valoriza ainda mais nosso trabalho”. Faltaram nomes de peso nesta edição, como Ailton Krenak e Frei Beto, que não compareceram por problemas de agenda. O escritor Cícero Christófaro lamentou essas ausências, embora tenha ressaltado que ambos já participaram em outras oportunidades, fortalecendo a pluralidade do projeto.

Cícero Christófaro arquiteto e escritor 

O arquiteto e escritor Cícero Christófaro, participante assíduo do “Livro de graça na praça”, falou sobre a função do projeto diante da vida moderna: “Hoje as pessoas só se ligam na internet. A leitura é fundamental porque nos permite pensar e amadurecer ideias. Muitas vezes os jovens vivem tudo rápido demais, mas esse processo não é assim. A compreensão exige tempo, anos até. Essa experiência é fundamental e eu vejo esse evento como uma forma de mudar essa realidade”.

Entre o público, o economista e colunista da Rede Hoje, Eustáquio Amaral, também marcou presença e reforçou a importância da participação patrocinense: “É uma grande oportunidade que as pessoas têm de conhecer escritores como Luiz Antônio Costa, Jussara Queiroz e Fabiano Salim, ícones da cultura de Patrocínio. Num domingo ensolarado, ver tanta gente aqui prestigiando o projeto é especial. E Patrocínio precisa receber uma edição do evento. A cidade já está bem encaminhada com a Academia Patrocinense de Letras em recuperação, mas deve dar mais alguns passos. Com um evento desses lá, muito provavelmente estarei presente”.


O escritor Fabiano Salim, além de representar Patrocínio, também atua como organizador ao lado de José Mauro. Ele lembrou que o projeto já foi expandido para outras cidades: “O ‘Livro de graça na praça’ já foi realizado em Uberaba, Uberlândia, Manaus e até no Canadá. Agora, tudo indica que teremos uma edição em Patrocínio. Dependendo do esforço da gente e do seu também, Luiz Antônio, vamos conseguir fazer essa edição acontecer em 2026”. A confirmação depende apenas da Secretaria Municipal de Cultura, que já se manifestou favoravelmente por meio da secretária Ana Valéria Desenho de Cunha.

O criador do projeto, José Mauro da Costa, ressaltou que o sucesso da edição de 2025 se deve também à inserção dos jovens: “Dessa vez tivemos aqui o lançamento de livros infantojuvenis através da parceria com a Escola da Serra. Foi um grande sucesso. Os meninos estão sorrindo de orelha a orelha porque aprenderam o gosto de dar autógrafos”. Ele relembrou a origem da iniciativa: “Anos atrás descobri que não havia mais educação literária, declamação de poesias. Resolvi lançar um livro chamado Ouvindo estrelas, que foi um grande sucesso, aprovado pelo Programa Nacional de Biblioteca Escolar. A partir daí comecei a escrever mais, amigos foram se agregando, até que resolvemos oficializar o projeto. Muita gente boa colabora com esse movimento”.

José Mauro, organizador,  fez questão de tirar o chapéu para a cultura de Patrocínio 

José Mauro fez questão de citar Patrocínio como prioridade para o futuro: “É obrigatório realizar esse projeto em Patrocínio. É uma terra de cultura. Eu tiro o chapéu para o pessoal de lá (e fez o gesto) e garanto: o mais breve possível estaremos em Patrocínio”. Assim, além de consolidar-se como referência em Belo Horizonte, o “Livro de graça na praça” amplia horizontes e prepara terreno para novas cidades, levando literatura, música e cultura aonde a praça se torna palco de encontros inesquecíveis.


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