Acordo entre Codemig e Sesi Minas, endossado pelo governo estadual, representa o fim de um importante projeto cultural e um equívoco que compromete a identidade e excelência artística de Minas Gerais.

Em documento assinado, de forma explícita, determina que a orquestra desocupe a Sala Minas Gerais até o próximo dia 31 de julho, em um movimento que tem sido caracterizado como um "canibalismo cultural". Foto: divulgação, Rafael Motta

Redação da Rede Hoje

Em um desdobramento surpreendente, o governo do estado de Minas Gerais assinou um acordo que efetivamente encerra a trajetória da renomada Filarmônica de Minas Gerais. O documento, de forma explícita, determina que a orquestra desocupe a Sala Minas Gerais até o próximo dia 31 de julho, em um movimento que tem sido caracterizado como um "canibalismo cultural".

A notícia foi divulgada nesta segunda, 8/4, no site Concerto, assinada por Nelson Rubens Kunze. De acordo com a reportagem, a decisão política tem gerado repercussões intensas, considerando o papel significativo que a Filarmônica representou tanto artisticamente quanto em iniciativas de gestão cultural. O projeto sinfônico moderno da orquestra, marcado por sua abertura, pluralidade e democratização da música clássica, será profundamente afetado, incluindo programas de formação de plateias, educação musical, fomento a novas composições, entre outros.

O acordo, que inicialmente se apresentava como uma gestão compartilhada entre a Codemig e o Sesi Minas, excluiu totalmente a Filarmônica de Minas Gerais do processo. Em um cenário em que a orquestra é mencionada apenas em termos contratuais e de desocupação de espaços, evidencia-se a falta de consideração e respeito para com um dos mais proeminentes projetos culturais da região.

A justificativa de que a Sala Minas Gerais estaria subutilizada, apresentada pelo presidente da Fiemg, é contestada pela própria Filarmônica, que respondeu que o espaço é ocupado 270 dias por ano, refutando a ideia de que a estrutura não está viva e pulsante. A insistência do governo em promover eventos diversos em um espaço claramente voltado para música de concerto revela uma desconexão preocupante com a identidade e propósito originais da Sala Minas Gerais.

Diante desse contexto, o acordo entre Codemig e Sesi Minas, endossado pelo governo estadual, representa não apenas o fim de um importante projeto cultural, mas também um equívoco que compromete a identidade e excelência artística de Minas Gerais. A esperança reside na possibilidade de reavaliação dessa decisão, reconhecendo o valor insubstituível da Filarmônica de Minas Gerais para a cultura do Brasil.


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