Confraternização. Mesmo se distanciando no tempo, algumas tornam-se inesquecíveis. Cada ano que se vai, a saudade aumenta. Pois, diversos participantes de outrora passam a ser flores no jardim celestial. A Associação dos Patrocinenses e Amigos de Patrocínio-APA, na primeira década deste século, promoveu mais de dez confraternizações na capital. A maioria foi denominada “Reencontros”. Ou seja, reencontros de patrocinenses que há muito não se viam ou não iam à terra natal. A “Reencontros” de 2005, aconteceu no dia 22 de outubro de 2005, um sábado. Portanto, há 16 anos exatamente. Observando as narrativas e fotos daquele mágico momento, hoje o destaque é o registro de muitos patrocinenses da festa que passaram para o plano superior, o popular andar de cima.
OS MÉDICOS – Enquanto o octogenário pediatra dr. Saul Faria Pereira saudava a todos na entrada do clube, o médico-cantor José Carlos Lassi Caldeira encantava e cantava. E o oncologista dr. Eduardo Brandão (filho do dr. José Garcia Brandão, ícone da medicina em Patrocínio, anos 40 a 80) narrava os livros, sobretudo “Caminhos do Cerrado” (família Brandão), que foi lançado em mês após (11/11/2005). Já o médico Francisco Silveira falava de seu saudoso pai, o prof. Hugo Machado (autor do livro “Chapéu de Palha”, editado em 1989). Dr. Saul faleceu um ano depois, em 21/8/2006. E a dra. Josi Faria, sua irmã, primeira advogada de Patrocínio, que o acompanhou, também está no Céu.
AS PROFESSORAS – Marcelina Othero Nunes (mestre nos anos 60 a 80) era só alegria. Sua cunhada Vera Nunes (filha do sr. Manoel Nunes) viera especialmente de Patrocínio para a solenidade. Laga Wadhy Farah (irmã do médico-poeta Michel Wadhy), professora de Inglês nas décadas de 60 a 80, marcava sua indispensável presença. Carlita Campos dançava divinamente com o seu par Álvaro. Nilda Caetano, ex-superintendente da Secretaria Estadual de Educação, distribuía sorrisos e abraços. E Belinha de Castro (irmã da referencial professora Aglair de Castro) vivificava aquele momento e no dia seguinte retornava a Patrocínio. Já deixaram essa vida a professora Laga Wadhy Farah (falecida há alguns anos, em BH) e a professora Belinha de Castro (falecida na cidade, há poucos anos). Vera Nunes também intregou à comitiva para o Céu (2009).
OS PROFESSORES – O escritor Ivan Gomes da Silveira (que faleceu nesta quinzena em em BH) via poesia em tudo. Israel Caldeira contava estórias da cidade que deixara nos anos 50 (hoje, frequenta as redes sociais rangelianas sobre história). E Haroldo Nunes se lembrava de fatos que o tempo levou.
O PODER JUDICIÁRIO – Patrocínio teve a honra de ver dois de seus filhos atuando como desembargador, em uma mesma época. O desembargador Unias Silva (e sra. Carmencita), irmão do ex-prefeito Amâncio Silva, conversava e falava de Patrocínio. Unias tinha o brilho da Santa Terrinha em seus olhos. Ele e o desembargador Maurício Barros promoveram diversos benefícios para a Comarca local. Hoje, Unias está na última morada. E Maurício, aposentado, dirige escritório de advocacia, junto com familiares, em Patos de Minas.
O PODER POLÍTICO – Expedito de Faria Tavares irradiava luzes de seu passado (vereador pela UDN nos anos dourados, renomado advogado, deputado, presidente da Assembleia Legislativa e secretário de Estado). Ao seu lado, o filho Rogério Tavares, chefe de comunicação do TRE e apresentador de TV. Glauce Caixeta, assessora do deputado Silas Brasileiro, ofertava charme e sabedoria política. Hoje, Expedito é morador celestial, desde 15/1/2006. Portanto, apenas três meses após essa mencionada “Reencontros”. E Glauce participa do Governo do Distrito Federal.
OS HISTÓRICOS – Roberto Cunha entrava no túnel do tempo comentando sobre o seu pai, o aviador Elias Alves da Cunha, o primeiro piloto do Município. Isso nos anos 40. Sônia Alves desfilava simpatia com o seu pai Baim, lenda musical e do futebol patrocinense nas décadas de 40 e 50. Já Maria José Ferreira Mendes (Zezinha) referenciava o espírito de seu pai, General Astolfo Ferreira Mendes, o primeiro general de Patrocínio e o criador da primeira Associação de Patrocinenses em outras cidades (no caso, BH). Anos 50 e 60. Hoje, Baim encanta a turma celestial.
O DIPLOMATA – Não faltava cobiça ao cônsul do Paraguai em Belo Horizonte, o patrocinense Marcos Cardoso (solteiro), acompanhado de sua mãe D. Dalma e o pai Sr. Galeno. Residiram na cidade nos anos 40 e 50 à Rua Presidente Vargas. Hoje, os três residem no infinito azul de Deus.
GENTE INESQUECÍVEL – Waldete Caldeira e o seu marido Aristóteles Nunes (gerente do Bemge, anos 60 e 70), Adriano e Marta Silva (única irmã de oito craques do futebol, nos anos 50 e 60), Maria Helena Brandão (alta executiva da Unimed), Erly Hooper (sobrinha da D. Anjinha da Biblioteca e descendente da família Pieruccetti), empresário Márcio Queiroz e sra. e tanta gente mais que abalou os corações dos presentes. Hoje, Maria Helena e Aristóteles Nunes são companhias do Senhor Deus.
OS DE CASA – Os anfitriões da APA foram representados pelo empresário Ivan Silva (irmão do Deley Despachante). Dulce Nunes Castro (família Manoel Nunes), professor de Farmácia/UFMG José Dias, professora Nely Nunes, advogada Imaculada Machado, empresária Heloisa Boaventura, auditor Belchior de Oliveira e este autor.
O CENÁRIO... O CLÍMAX – O Clube Amigos de JK, na Savassi (BH), recebeu mais de 120 patrocinenses. Sob histórica decoração com fotos de Juscelino e Alkmim, principalmente. E no final, professora e aluno, juntos outra vez. Cantaram em espanhol as maravilhosas “Granada” e “La Violetera”. Marcelina Othero (patrocinense-espanhola) e médico Zé Carlos Lassi. Cenas para jamais serem esquecidas!
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1872. Tempo do Império do “Brazil”. Tempo da Vila de Nossa Senhora do Patrocínio (a cidade é a partir de 1874). Surge o primeiro censo decenal, o “Recenseamento do Brasil”. Para tanto, D. Pedro II cria a Diretoria Geral de Estatística, a semente do IBGE. Em Minas Geraes (com “e” mesmo), há apenas 72 municípios (hoje, são 853). O Censo de 1872 é realizado por Freguezia (com “z”). E “freguezia” é como se fosse distrito. Patrocínio tem três “freguezias”: Vila Nossa Senhora do Patrocínio, São Sebastião da Serra do Salitre e Sant’Anna do Pouso Alegre do Coromandel. Já Santo Antônio dos Patos (Patos de Minas, hoje) conta com duas: a do próprio nome e Sant’Anna do Parnahyba (hoje, Santana de Patos). Araxá tem quatro “freguezias” e Bagagem (Estrela do Sul) cinco. Todavia, considerando todas as “freguezias”, o município de Patrocínio é o mais populoso do Triângulo no Império.
LIDERANÇA ESCRAVA – A “freguezia” São Sebastião da Serra do Salitre, pertencente a Patrocínio, conseguiu nesse Censo o triste título de maior número de escravos da região, com 3.830. Enquanto que na sede do município, “freguezia” de Nossa Senhora do Patrocínio tinha 1.699 escravos. As três “freguesias” patrocinenses possuíam 7.177 escravos. Simplesmente o maior número do Triângulo. Os maiores redutos de escravos de Minas eram Leopoldina e Juiz de Fora. Ambas com mais do que o dobro de Patrocínio.
VICE-CAMPEÃO NA POPULAÇÃO LIVRE – No município de Patrocínio havia 24.201 pessoas livres. Dentre os quais, na “freguezia” de N. S do Patrocínio quase 10 mil livres (9.943), distribuídos entre brancos, pardos, pretos e caboclos (termos do Censo). Bagagem (Estrela do Sul), o campeão em população livre, tinha quase 4 mil pessoas a mais do que Patrocínio (28.106 pessoas). Todavia, quando se reúnem a população livre mais a população escrava, Patrocínio tem quase 1.000 habitantes a mais do que Bagagem. Pois, Patrocínio tinha muito mais escravos.
A POPULAÇÃO POR “PAROCHIA” – “Freguezia” também era denominada “Parochia” (paróquia). As administrações do Império e da Igreja eram iguais territorialmente. A população da “Parochia” de N. S. do Patrocínio (futura cidade e município de Patrocínio) tinha 11.642 “almas” (termo do Censo de 1872). Dos quais, 9.943 “almas” livres e 1.699 escravas. A maioria da raça branca (a metade), e, solteira (tinha 3 mil casados). E a população toda católica. Não havia “acatholicos”.
OS ESTRANGEIROS – Patrocínio acolheu 84 pessoas de outros países. Da África, 60 escravos e 13 livres. Da Itália, uma pessoa. De Portugal, 10. Desses estrangeiros pouco mais da metade eram pessoas solteiras.
HAVIA CARIOCA NO PEDAÇO... – A quase totalidade da população era composta de mineiros. Naturalmente, a maioria do Município. Porém, foram registradas seis pessoas do Rio de Janeiro, uma de São Paulo, Pernambuco e Goyaz (Goiás). E dois baianos.
POPULAÇÃO ANALFABETA! – Na freguesia ou paróquia N. S. do Patrocínio, 94% da população não sabia escrever nem ler. Mais precisamente 10.946 pessoas analfabetas. Apenas 696 eram alfabetizadas. Incrível! Nenhum escravo sabia ler. Os pouquíssimos que sabiam, situavam-se entre a população livre. E mais, tão somente 96 crianças, filhos de pessoas livres, frequentavam escola. Isso contando a idade entre 6 a 15 anos.
CASAS E PESSOAS DEFICIENTES – Em 1872, a Vila de Patrocínio contava com 1.645 “fógos” (casas). Fogos sinalizavam casas com chaminé. Ou seja, autonomia de moradia. Havia fogão à lenha. Felizmente, dentre os quase 12 mil patrocinenses da gema, tinha somente 10 pessoas cegas, 12 surdos-mudos, 21 aleijados, 4 dementes e um alienado (expressões do Censo).
IDOSOS IMPERAVAM... – Na população de 11.609 pessoas, tinham 19 pessoas com mais de 100 anos de idade! Quatro homens brancos e pardos livres, cinco homens escravos, sete mulheres “brancas, pretas e pardas” livres e três mulheres escravas. Portanto, a raça negra era muito mais longeva, considerando o seu tamanho (20% do total), e que havia negros livres também.
UM PROFESSOR, NOVE “BARNABÉS” – Nas profissões liberais existiam dois padres, dois escrivães, dois “pharmacêuticos”, um professor, um médico, dez militares e nove funcionários públicos. Nenhum advogado, parteiro ou artista. Tudo isso se referindo somente a Vila N. S. do Patrocínio. No Município havia muito mais. Por causa de Coromandel e Serra do Salitre.
MULTIDÃO DE COSTUREIRAS, LAVRADORES E DOMÉSTICOS – Entre as profissões manuais ou mecânicas, o destaque é para o número de costureiras: 761, sendo que 35 eram costureiras escravas. Como também é relevante o registro, em 1872, de 3.299 lavradores e quase 2.400 pessoas com “serviço doméstico” (é provável, que sejam empregadas domésticas, capinadores, rachadores de lenha, quitandeiros e similares).
MUITO INTERESSANTE: JORNALEIROS? – Esse Censo registrou 1.146 pessoas como “criados e jornaleiros”. Mas, não havia jornal no Município. Então, deve ser só “criados”. Havia também operários em metais (22 ferreiros), de madeiras (38 carpinteiros e “carapinas”), de operários em tecidos (652 trabalhadores na fabricação de tecidos), em edificações (12 pedreiros e serventes), em couros (sete, inclusive seleiros) e 33 sapateiros. É muito importante destacar os 64 “commerciantes”, guarda-livros (hoje, contadores) e caixeiros (comerciantes “viajantes”).
POR FIM – Para completar o município de Patrocínio, além da “Parochia” de N. S. do Patrocínio, serão apresentadas, nas próximas edições, a “Parochia” de Sant’Anna do Pouso Alegre de Coromandel e a “Parochia” de São Sebastião da Serra do Salitre. As três paróquias (Igreja) ou as freguesias (Província) pertenciam ao Município, em 1872.
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Por Alexandre Costa*
O Brasil vai aos poucos perdendo sua identidade. Seja no esporte, na TV ou na música, o processo de internacionalização continua a passos largos. Antes considerado “país do futebol”, a nação já não liga tanto para jogos da seleção brasileira. Já os clubes veem dificuldade em aumentar o número de torcedores numa geração que não se interessa pelas partidas dos torneios nacionais e até internacionais.
O futebol brasileiro, por exemplo, está chato. As partidas são tecnicamente ruins, com uma arbitragem irritante, atletas mimados e mal intencionados (tentam burlar a arbitragem o tempo todos), sem falar na “cera” que cada time faz quando o resultado lhe interessa. Somado a isso, a geração que experimentou na infância um 7x1 contra Alemanha, acachapante e humilhante, prefere escolher um time de Free Fire para torcer, que conta hoje com vários squads famosos, transmissões ao vivo de suas partidas e ações de marketing voltadas ao seu público.
Na contramão do que é feito no futebol brasileiro, a NBA vem enxergando no Brasil um grande mercado. Em recente matéria do Correio Braziliense, fica evidente que o brasileiro está cada vez mais ligado aos esportes americanos. Por estar morando em Brasília posso dizer com propriedade: as quadras da cidade são muito utilizadas para a prática de basquete, talvez até mais do que para o futebol.
Nesta terça-feira, 19/10, a nova temporada da NBA teve início com um show de organização. A liga promove um grande evento, homenageando atletas e times que foram campeões no ano anterior. A partida de abertura é usada para mostrar aos amantes do esporte o que lhes espera no restante da temporada. E não para por aí. Cada jogo, a partir de agora, é uma atração diferente, um produto mercadológico rentável, que da ao espectador a sensação de querer mais e desejo de consumir os produtos.
Quando olhamos a final dos campeonatos Brasileiro e Copa do Brasil da até vergonha. Não há nada especial. O máximo que existe é uma chuva de papel picado, um inflável com a marca do evento e só. Os jogadores campeões recebem as tão batidas medalhas, entregues por políticos ou dirigentes futebolísticos pra lá de carimbados.
Já o futebol americano, outro bom exemplo de sucesso do marketing, tem no intervalo do Super Bowl (jogo final) os segundos mais caros da tv mundial. Isso porque não é apenas um intervalo, exibindo melhores momentos ou chamando informações inúteis, com comentários manjados (com exceção de alguns comentaristas que realmente sabem o que falam). O Super Bowl tem tantas atrações artísticas sensacionais que imagino a sensação de quem vive isso no estádio. Após o jogo, a festa do vestiário é transmitida ao vivo, tudo vira atração.
Amo o Brasil, acho esse país incrível, com um povo trabalhador. Mas esse mesmo povo é tão carente de lideranças sérias e competentes, em praticamente todas as áreas. Tivéssemos gestores sérios, com visão administrativa moderna, tenho certeza que nosso país seria muito mais destacado do que de fato é.
Precisamos deixar a xenofobia de lado, sermos humildes o suficiente para ver que deveríamos aprender com as ações de quem sabe fazer o melhor. Neste âmbito esportivo, se não agirmos rapidamente em busca de uma mudança drástica na forma como promovemos nossos eventos, estamos fadados a vermos uma geração que não terá nenhum interesse em consumir produtos de clubes de futebol ou da seleção brasileira. Já estamos vivendo uma transformação, pois por onde tenho passado, cada vez mais vejo jovens desfilando com camisas de Lakers, Golden State Warriors, Bulls, Falcons, Eagles, Patriots, e por aí vai!
Enquanto isso: chute fraco de fora da área, goleiro defende, cai no chão e lá se vão dois minutos da nossa preciosa vida com a imagem de um ser humano rolando no chão, sem (na maioria das vezes) estar sentindo absolutamente nada. E vida que segue...
* Publicitário e jornalista, assessor de comunicação do Conselho Nacional do Café.