O material filtrante é da década de 1990, ficaram 27 anos sem trocar e a cidade cresceu, sem o mesmo ocorrer no sistema
Segundo o Daepa, um dos fatores da turbidez é o constante estouro da rede de água. Fotos: Daepa

Da redação da Rede Hoje

Há tempos a população tem reclamado da turbidez da água em Patrocínio. Agora no período chuvoso o problema piorou muito. A reportagem da Rede Hoje procurou o Daepa (Departamento de Água e Esgoto de Patrocínio) para saber o que é o problema e se há solução rápida. Ronaldo Correia, superintendente da autarquia, informou que o problema é antigo e que o Daepa tem procurado soluções definitivas outras paliativas para contornar a situação.

Ou seja, a situação vai permanecer sem solução pelo tempo necessário para o Daepa trocar a tubulação (grande parte antiga e de ferro) e material filtrante, o que demora. Segundo o Daepa, a cidade cresceu muito sem que o sistema de abastecimento acompanhasse.

O superintendente informou que há problemas antigos que tem que ser solucionados aos poucos. “O Silas Brasileiro colocou o material filtrante na década de 1990. Ficaram 27 anos sem trocar. Agora estamos trocando. São várias sequelas que faz com que você não tenha uma qualidade 100%”, explica.

Ronaldo Correia diz que o Daepa enfrenta problemas também com a tubulação antiga. “O estouro de uma rede aqui na Avenida JK, ficamos umas 8 horas até que conseguimos conter o problema. Na mesma semana, tivemos que substituir uma tubulação desce pela Governador Valadares e passa dentro dos imóveis”.

Segundo o superintendente, “fizeram uma coisa errada que é conjugar as águas de vários bairros”. Isso será corrigido com o tempo e aos poucos. Também o que ocorre na rua, com obras públicas e privadas que acabam atingindo a rede. Isso é Mais como do que se pensa: "infelizmente é realmente incontrolável, por tantas coisas; por obras, muitas obras em cima das redes. Quem arrebenta muitas vezes nem é culpado, porque imagina que a rede esta no meio da rua e chega lá ela tá dentro do lote. Essas redes antigas feitas de ferro, que são antigas demais, desde quando começou a cidade. As adutoras tínhamos aqui, que funcionavam, uma foram feita em 1969 e 1984", completa.

Ronaldo Correia mostra que a água entra no sistema de distribuição limpa.

ENTREVISTA – RONALDO CORREIA DE LIMA



Rede Hoje: Qual é a verdade do sistema?

Ronaldo: A primeira barragem do Córrego Feio foi construída em 1969 para atender de 10 a 15 mil pessoas, na época. A cidade tinha de 3 a 4 mil moradores. Foi um projeto ambicioso. É o que tem até hoje. Nós fizemos paliativos nela em 2020. Essa é a primeira demanda. Quando a água chega na cidade, mesmo chegando suja, nós tratamos e temos amostra dessas águas a cada hora. Além de tudo, temos também os reservatórios que nós ampliamos nos bairros. Gostaria de lembrar que até 6 anos atrás nem água tinha, faltava água. Eu ouvi do prefeito que a principal demanda do Daepa. El disse: tudo! Tem bairro na cidade que já chegou a ficar 15 dias sem água. Em 2020 nós tivemos a pior crise hídrica dos últimos 100 anos. Faltou água em todas as cidades vizinhas, tendo rodízio de um dia sim, quatro, cinco não (sem abastecimento). Nós atravessamos esta crise e não faltou água. Em Patrocínio, o que nós preocupamos primeiro, em ter o produto.

Rede Hoje: A turbidez acontece por que?

Ronaldo: Ela sai daqui de dentro em muito boas condições. É importante salientar que não sai com turbidez da estação de tratamento. Pode vir quem quiser conferir, até o Ministério Público. A ocorrência é nas ruas. Muitas obras (privadas e públicas) arrebentam a adutora e causam o problema (provoca esta turbidez). Um exemplo ocorreu a semana passada: a pessoa foi fazer uma calçada, aí veio a empresa de eletrificação e quebrou. Nós arrumamos. No outro dia passou outra carreta e quebrou de novo. Atingiu a rede de distribuição. Aí vem o problema, porque a água sai suja cai na caixa e às vezes, na hora, não sai nas torneiras. Quando a água vem e cai na caixa, agita sujeira. Então realmente o negócio assim que a gente tem feito de tudo, inclusive começando a trabalhar todo dia 5 horas da manhã, sem horário de parar. É uma série de fatores que faz com que a gente não tenha a qualidade desejada. O consumo de cloro em Patrocínio era mais de 50% acima do que é hoje devido. Nós diminuímos a quantidade de consumo e melhoramos em 200%, esse cloro agressivo que tinha em todas as residências da nossa cidade.

Rede Hoje: Não tem como punir as empresas que fazem essas intervenções?

Ronaldo: O que ocorre na rua infelizmente é realmente incontrolável, por tantas coisas; por obras, muitas obras em cima das redes. Quem arrebenta muitas vezes nem é culpado, porque imagina que a rede esta no meio da rua e chega lá ela tá dentro do lote. Essas redes antigas feitas de ferro, que são antigas demais, desde quando começou a cidade. As adutoras tínhamos aqui, que funcionavam, uma foram feita em 1969 e 1984.

Rede Hoje: E os investimentos?

Ronaldo: Nós temos uma tarifa das mais baratas do Brasil. Nós tivemos um pedido de um aumento de 15%, só foi possível aumentar 7%. Vai começar a vigorar agora em janeiro. Este aumento significa em torno de R$ 140 a R$ 150 mil a mais, mensal, nas nossas contas. O reajuste de salário vai absorver mais de 50% desse aumento. O reajuste que vai vigorar em Janeiro está atrasado. As tarifas da companhia, a maior fornecedora de água que nós temos no estado (Copasa), chegam a atingir 300% acima das do Daepa. E o aumento deles foi de 15,9% este mês. Então uma das coisas que a gente tem, é um custo alto. O Daepa bombeia a nossa água 5 km de distância. Usamos energia para esse bombeamento. É um desvio de 140 metros. Nós temos uma arrecadação em torno de R$ 1.8 milhão a R$ 1.9 milhão, e pagamos R$ 700 de energia e uma folha de encargos de R$ 900 mil. O que sobra é para fazer investimento. O que tem com muita luta. No governo do prefeito de Deiró Marra, os investimentos foram enormes. Nem máquina para trabalhar, tinha. E outras coisas. Na semana passada foram em três lugares. Uma delas aqui na Avenida JK. Uma empresa de eletrificação estourou a nossa doutora e nós ficamos de oito a 9 horas para conter o problema. E dificulta muito, porque não tem registro de manobras. É complicando porque em todo o sistema foi interligado, com todas conjugadas. Agora, estamos individualizando. Na Matinha a água sai direto para o reservatório. No Morada Nova, Nações, mas tem muita rede interligada que você não sabe onde ela percorre. Quando vão fazer uma obra, atingem, rompem a adutora e causam essa turbidez. E não tem como conduzir isso, já que não tem registro de manobras. Surgem sempre com alguma ocorrência de rua. Foi feito investimento no sistema de abastecimento, na redistribuição de água, construindo nesse prazo oito adutoras, aumentamos nossas reservas de bairro de 6 milhões para 18 milhões de litros de reserva. Enfim, tem feito. Às vezes é o que eu falei: nós preocupamos com tudo, a quantidade e a qualidade. A quantidade, praticamente já atingimos nossas metas, mesmo sabendo dos recursos são limitados. Agora, a qualidade, depende de muita coisa inclusive do que eu te disse.



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