Perdeu a família, a cidade e a comunicação de Minas. 


Comunicado do falecimento feito pelo Grupo Difusora.
Divulgação

Luiz Antônio Costa da Rede Hoje

Patrocínio vive neste momento uma grande perda. Morreu, nesta terça-feira, 27 de fevereiro, aos 91 anos de idade Terezinha Inês Rezende Alves. Falo no pessoal porque convivi com ela 34 anos de minha vida profissional, devo a ela grande parte do meu conhecimento formado no rádio. Dona Terezinha era tão companheira da sua equipe, que nós a chamávamos de mãezona. E ela gostava do apelido. Mulher viveu à frente do seu tempo, mulher esposa, mãe, avó, empresária e desde a morte de Pedro Alves Nascimento, presidia o Sistema Difusora de Rádio (agora Grupo Difusora).

Ela nasceu em de Perdizes, completou seus estudos secundários no Colégio Nossa Senhora do Patrocínio no antigo “Madureza”, onde fui seu colega de classe. Obteve formação em Letras (Português e Inglês) pela FIP - Fundação Educacional de Patrocínio.

Em 1952, uniu-se casou-se com Pedro Alves do Nascimento, deles nasceram Cristiabel Resende Alves (em memória), Marcus Vinícius Resende Alves e Márcio Luiz Resende Alves, resultando em netos e bisnetos.

Em 1974, ela assumiu e revolucionou a Rádio Difusora de Patrocínio, transformando a emissora em potência, com sua visão empresarial gigante e acreditando nos jovens que ali estavam. Implementou uma gestão tão dinâmica e visionária na emissora, promovendo reformas estruturais, ampliação de alcance e estabelecendo os departamentos Comercial, Jornalismo e Esportes. O que fez? Transformou José Carlos Dias em diretor comercial; Luiz Antônio Costa assumiu a direção do jornalismo e esportes; Roberto Taylor Weitzel, diretor de programação, Marcus Vinícius (seu filho), assumiu a gerência geral. Nesse tempo, Márcio Luiz ainda estudava em Uberaba e Cristiabel já morava em Juiz de Fora.

Isso provocou uma revolução tão forte na Difusora, que ainda nos anos 70 a emissora já era modelo de administração e vinham diretores de rádio da região para saber o que tinha sido feito na rádio para aquela transformação (que dura até hoje).

E mais, a Difusora passou a ser referência dos jovens, pois este sangue novo trazia de São Paulo e Rio, modelos de sucessos das rádios Excelcior, Bandeirantes e Mundial – na programação musical –; e da Globo e Tupi – no modelo de jornalismo e esportes que foi implantado.

Sábado, 6 de agosto de 2022, dona Terezinha foi uma das primeiras pessoas a ler exemplar do meu livro "CAP: A História de Uma Paixão Grená"

Mas dona Terezinha não ficava só nos bastidores. Nós criamos para ela o programa “Difusora Mulher”, marcando época no rádio regional ao abordar temas como saúde, beleza, receitas e culinária, direcionados às donas de casa.

Após o falecimento de marido Pedro Alves do Nascimento, em 1986, dona Terezinha redobrou seu comprometimento com o Sistema Difusora de Comunicação, que engloba as rádios Difusora 95 e Difusora 98, sendo reconhecida como “Empresária da Comunicação” pela Revista AMIRT e recebendo o reconhecimento como empresária da comunicação da Assembleia Legislativa de Minas.

Lembro-me bem das reuniões com toda a equipe (mais raras) e do departamento comercial (semanais), ela sentada fazendo crochê, enquanto discutíamos as pautas propostas. Sempre atenta, fazia intervenções pontuais. Nunca, em 34 anos, ouvi Terezinha Inês levantar a voz. Primeiro não precisava – só grita quem não tem razão – e segundo, sempre foi respeitada pela equipe. Com seu jeito tranquilo de comandar, não precisava exageros.

Além de sua contribuição como fundadora do Lions Clube Lilia Brandão e sua atuação como presidente em diferentes gestões, dedicou-se intensamente a diversas instituições sociais, como a Creche Irmã Maximiliana, Creche São Cristóvão, Casa da Menina, APAE e Coral Municipal, entre outras.

A última vez que a vi foi no último domingo, 25, na Santa Casa. Eu saia de um atendimento e me encontrei com seus filhos Marquinhos e Marcinho na recepção. Eles perguntaram o que eu tinha e eu também perguntei a eles o que faziam ali. Disseram, “é a mamãe está muito mal, você quer vê-la?”. Eu claro que sim. Ao chegar próximo da maca – ela ainda não havia sido internada —, o Marquinhos disse “mamãe, é o Luiz Antônio”, ela, frágil, com o corpo debilitado, “que bom, oi Luiz, tudo bem?”

Foi a última vez que é vi. Levo as condolências à família, aos funcionários do Grupo Difusora. Esse sentimento de perda não é só de vocês. É da cidade e da comunicação de Minas.


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