Poisé, amigo! Corre à boca pequena que você pretende se candidatar ao cargo de vereador. Há, está mirando é a prefeitura? Aguenta a mão aí, não se filie a nenhum partido, antes de ler( ouvir) o que tenho para lhe dizer, nesta releitura. Afinal, você já conta com o meu voto como tento certo. Né bem assim, não. Devegar com o andor…

Seguinte…vamos rachar um cafezinho ali na Cafeteria Dulcerrado, mas já adianto, vou falar olhando nos seus olhos. Tenha maturidade para ouvir. Ao final dessa prosa, entre na vida pública de cabeça erguida e determinação férrea, ou deixe pra quem realmente tenha vocação.

As eleições municipais é uma ebulição que se inicia quatro anos antes do pleito e continua quatro anos depois dele. Ou seja, a temperatura nunca se arrefece.

Digamos que ela é a eleição mais importante. E por ser próxima do eleitor é, também a que bota fogo na fundanga. Nela o eleitorado, pira. É o pleito que realmente mexe com as emoções, com os nervos, com a paciência e com a razão das pessoas. O arraial fica em pé de guerra.

Quer mais um agravante, amigo? Se nos antanhos tempos dos coronéis, do voto em cédula, do voto de cabresto, do voto de curral eleitoral, tinha os folhetos anônimos que jorravam pelas ruas na calada da noite, imagina agora as fake news, na era das mídias sociais. É claro, são vereadores e prefeitos que pagam o pato. Seguram a bucha. São para-raios de deputados, senadores, governadores e presidentes. Eles estão lá em cima.

Aqui e ali, vão chamar você de ladrão. Sendo que você nunca roubou uma agulha na vida; vão lhe chamar de corrupto, sendo que seu maior tesouro é uma vida limpa e honrada…É a nova opinião pública, meu caro. Com razão, algumas vezes; sem razão, outras. Eles, no entanto, são imprescindíveis para testar e reforçar suas convicções. Se você sabe o que está fazendo, nada a temer.

E você, diante deste pequeno cenário que pintei acima, ainda pretende se candidatar a vereador. (Ou a prefeito)
Se, sim. Vamos pedir mais dois cafezinhos. Vou pegar mais pesado , agora…

Preliminarmente, antes de você decidir a se candidatar, conte mil vezes até mil. Pense e repense. E ainda respire fundo. Consulte familiares, amigos próximos, gato, cachorro, papagaio, certifique o peso de sua decisão.

Entrando na política, a partir da campanha, você passará a ser aquele mosquitinho numa parede branca. Como venho dizendo, todos os seus movimentos serão públicos e julgados friamente. Sobretudo, por quem nem lhe conhece. Na campanha ou no decorrer do mandato, gente que não “come pão com você”, nem foi seu eleitor, vai até dizer que voce não vale o que o gato enterra. Meu caro, o jogo é duro, tenso, desleal, ingrato e injusto. O maioria ainda é despolitizada, não sabem onde descarregar a ira. Sofrem de cansaço cívico. Culpa dos maus políticos. Por conta deles a política no imaginário popular está ligada, atrelada a termos como corrupção, montanha de dinheiro e vida regalada.

Espero que você já saiba o preço alto que se paga. Dizia Raulzito, “Mamãe, não quero se prefeito ( ‘vereador’) pode ser que eu seja eleito e alguém pode querer me assassinar” Pode ser exagero do “maluco beleza”, mas, considere, filiou-se a um partido político, terá gratuitamente,“amigos” e "inimigos". É Céu e inferno. Em um determinado momento você fica bem na fita, no outro, execução sumária. Assassinam a sua reputação, para sempre e por nada, viu?

Sei que não é o seu caso. Mas deve-se deixar a visão romântica de lado na política: "A política é uma guerra sem derramamento de sangue; a guerra uma política com derramamento de sangue." (Mao Tse-Tung). Traduzindo no popularesco, em política: “O bicho pega, pacato cidadão!.”

Você já assistiu a uma reunião da Casa de Leis Rangeliana? Hoje é transmitida onli-nemente. Normalmente sessões de pautas tranquilas, mas tem outras que a OMS deveria proibi-las para cardíacos. Não generalizando, mas tem vereador que incorpora um “espírito de ferrenho defensor do povo” e joga que joga, para a plateia. Fica feio e ele não se toca.

Em geral, péssimos oradores, mas com palavras de fogo, perde-se a linha. Dane- se o decoro. Acham que estão arrazando. Ataca a reputação de seus próprios colegas. Fala o que não deve, escuta o que não quer. Ao invés de discutirem projetos, atacam vidas particulares dos colegas. Há que se dizer que tem vereadores excelentes e que merecem a reeleição no próximo pleito. E aqui, também preciso reconhecer que o atual Presidente da Câmara, Leandro Caixeta, tem pulso firme, e faz cumprir o regimento da casa, mantendo a ordem e o respeito, nas vezes em que o tempo fecha.

Se você, meu amigo, sendo eleito, com a desculpa de ser “ intransigente defensor do povo”, e começar com discursinhos irônicos, piripaques olhando para câmera, shows macabros na tribuna...quero distância de você.

Ou…De onde nasceu essa ideia de se candidatar?

Recebeu um convite de algum partido? Tem certeza de que eles não querem é somente usar e abusar da sua influência? do seu rico círculo de amizade? do seu bom nome na comuna? Está certo de que não querem você apenas como um burro de carga? Se você perder a eleição, pode não ver mais nenhum deles na sua frente; se você vencer, no entanto, podem te atazanar dia e noite querendo favores e cargos.

Vem cá, você vai se candidatar por que a política está no seu sangue? Teve gente de sua família nesse meio? Não é pelo salário, (ou, é?) Não é por status, ( ou, é?) Não é por que fala bem em público, (ou, é?)

Ou é por vocação, tipo nasci para isto: “Nasci para Servir meu Povo na Vida Pública”

Falando na expressão “servo do povo”, a gente é brazuca do pé rachado. Aqui os poderes são onerosos, esmagadores. 



(Charge: pt.aleteia.org. Viralizada na internet)

Vide corte de Brasília, fora o gordo salário de R$ 33.000,00, penduricalhos. Como auxílio moradia, auxílio palitó, verbas de gabinete e muito mais. Chegam a ganhar 34 vezes mais do que um trabalhador que recebe o salário mínimo. É legal? É. Mas, nem é imoral. É nabalesco!

Sou apaixonado pela expressão “Líder Servidor”. Políticos não devem ser tratados, como “autoridades”, mas, como trabalhadores do povo.

Quer um exemplo? Suécia. Lá os políticos ganham pouco, andam de ônibus, cozinham sua própria comida, lavam e passam suas roupas e são tratados, com muito respeito, por “você”.

A prosa se alonga, vamos pedir um tal “ brunch” para forrar o estômago? Olha aí no cardápio QR Code . O trem aqui na Dulce, é chic, bem…

Mas então, você vai mesmo se candidatar?

Bom. Neste caso a conversa é bem outra. Barriga para dentro, peito para fora, olhar no horizonte. Segure firme o rojão e mete bronca! manda brasa!

Aguarde a legislação eleitoral, no tempo certo solte a sua campanha na rua- digo na redes sociais. Considere que quase todo mundo tem acesso hoje a este novo palanque eleitoral- digo, digital. Outro conselho. Muitos acham que é uma terra sem lei. Cuidado. Vai com tudo no pote, não. É tudo por m triz. Pensa que vai lacrar, bombar e se dá muito mal. “Deus perdoa, a internet, não”. Novos tempos , novos adágios.

Não sou consultor de candidatura, muito menos marqueteiro, ou coisa do gênero. Mas tenho alguns janeiros e anos de janela nesse métier. Posso falar e você não precisa me ouvi:

Tenha uma bussola moral, inabalável. Tenha princípios éticos e moral, firmes. Tenha valores de berço. Tenha plena consciência de sua missão de servir!

A bem da verdade, no meio político, deveria ser ocupado por cidadão de conduta irretocável, sobretudo, líder com retidão de caráter, servidor público que honra e dignifica o cargo e, jamais este ser maquiavélico, corrupto e velhaco que se beneficia particularmente e pessoalmente do cargo, que é público.

Por isto o cansaço cívico é geral, lamentavelmente, em todas as esferas, ninguém confia em político. Nunca me esqueci. Li um recorte do Globo, no qual um leitor
(ou eleitor) comentando a situação, resumiu: “Mataram pra sempre a nossa crença em político” A condição da classe política, portanto, é aviltante. Calamitosa. Precisamos mudar isto.


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