No ano de suas Bodas de Girassol, a Gazeta de Patrocínio, sabe que não é todo dia que um impresso coirmão celebra Bodas de Ouro neste país...Por 25 anos, fui colunista do Jornal de Patrocínio e por 14, sou colunista da Gazeta. Sempre testemunhei uma tradição de respeito entre os dois veículos de informação.

Peeergunta! O que você fazia lá pelos idos de 70/80...? (Não tinha nascido né, seu cheio das gracinhas, risos)


Tenha certeza de que este cronista/colunista também já se perde um pouco entre as brumas dos anos, mas já me entendia por gente, sim, com o reduto alí no Fundão da Matriz. Depois das aulas no Grupo Cel. João Cândido Aguiar, reunia com a gurizada do fundo do  Asilo São Vicente e da antiga cadeia, se fosse meados de Maio/Agosto, enchíamos o céu azul de pipas, no “faça chuva e faça sol”, a  'pelota' tinha que rolar em algum campo de terra espalhados pelas periferias. ( Menos na Vila Constantino, era por a bola no campo deles, briga de turma na certa. Sedo maioria nos expulsavam, mas pegávamos um por um depois). No mais, surrupiava-se algumas frutas da época; nadava   no poço das Cotas, treinava Karatê à exaustão com o Geraldinho da Dona Carmem.

Seguia outros rituais. Comprava algo para minha Vó, anotado a caderneta no Armazém Santa Terezinha ou pão de sal na venda do João Lazinho. Tomava o café da tarde ouvindo o programa “Peça o que quiser”, apresentado por Luiz Antônio Costa na Rádio Difusora. Corria, para casa de minha tia Dalva/Tio Durval, na rua Casimiro Santos, 718, onde   assistia com  primos e amigos: Rin-tin-tin, Manda-Chuva, Vila Sésamo e Sítio do Pica Pau Amarelo; Daniel Boone, Zorro, Hulk,  Ilha da Fantasia. E qualquer lance com as divas, Farrah Fawcett, Lynda Carter, Sandra Breia, Bruna Lombardi.. (era um pirralho de dez anos, já com bom gosto)

Deslumbrava-me (E ainda me deslumbro)  com os caras dos anos 70, era estilo, psicodélico, ou, maluco beleza. Na moda, o black power, woodstock, estilo Jackson Five,  era cores e brilhos pelas ruas. Para os homens, nada como se espelhar no John Travolta,  em “Os Embalos de Sábado à Noite”, de terno preto, calça boca de sino e golas enormes e pontudas. Cabelos emprastecados de gel. E as jovens cheias de penduricalhos hippes, bata multicoloridas, laços no cabelos  e saia cigana, indiana ou hippe chic (até hoje é a moda feminina que mais aprecio. Hippe chic, forever, nada igual)

Escusado dizer que não existia celular e internet, (há, mas a gente vivia feliz, à beça, viu gente!) Além do cinema e a boa Biblioteca Pública, tinha, mandava brasa o melhor veículo de comunicação de todos os tempos: O rádio.

Era o máximo a sensação de entrar numa loja de discos, e ficar namorando as capas cheirando a tintas dos “vinis dos caras”. Aqui e ali, era o dia todo  ouvindo, ABBA, The Carpenters, The Rolings Stones, The Beatles, Chicago e, claro, Roberto Carlos, Rita Lee, Elias Regina, Milton, João Bosco, Gil,  Fagner, Os Incríveis, Belchior e Tom Jobim. As bandas proliferavam: RPM, Ultrage a Rigor, Titãs, Legião Urbana, Casa das Máquinas, 14 Bis, Barão Vermelho, Kid Abelha, Paralamas do Sucesso, Capital Inicial, Ira e Blitz. Anos da sonzeira imbatível!


A geração 70/80 foi assim: Única e enquanto durou foi eterna, e enquanto eterna; inesquecível, marcante

Ebulição, efervescência. “Gente & Coisa” se sucediam para entrar na galeria da história.

Do Palácio da Alvorada, o Presidente Médice, timoniava o país.O regime caducava e aqui e ali podia-se ouvir manifestações contra os anos de chumbo. General Figueiredo sucedeu a Geisel na velha dança do poder. E o Brasil finalmente começava a soletrar uma das palavras mais ricas do nosso vocabulário: DEMOCRACIA. ( E agora o populacho luta com unhas e dentes para voltar a DITADURA, uma das palavras mais horrenda do nosso vocabulário)

Na janela para o mundo a gente via que o povo do “Tio Sam” ainda chorava a morte de Bobby Kenned. No Chile, intensa guerra civil. Oriente Médio, um barril de pólvora. Nas page one dos jornais de todo mundo sangue e revolta.


A seleção canarinho  erguia pela terceira vez a taça “Jules Rimet”.O Galo Mineiro sagrava-se campeão no primeiro “Brasileirão” e a moeda corrente no país era o Cruzeiro.

Caetano, o bom baiano, seguia cantado; “O sol se reparte em crimes, espaçonaves guerrilhas. Em cardinales bonitas eu vou, em caras de presidentes, em grandes beijos de amor. Em dentes, pernas, bandeiras, bombas e Brigitte Bardot... Quem lê tanta notícia? Eu vou porque não?”...

Assim caminhava a humanidade nos anos 70/80. E neste contexto borbulhante, Patrocínio - “o doce colo de Minas Gerais”, acolhia, amparava, protegia e bancava a todos como filhos. Olímpio Garcia, era o prefeito, um engenheiro de visão arrojada para dédeu. Nosso agreste cerrado, quem diria, era o ouro da vez. Seduzia gente lá do cantinho do mapa. Surgia então, o êxodo da prosperidade chamado Polocentro. O café do cerrado iniciava seu protagonismo em nossa economia. Graças a gente valente e aguerrida e visionária que veio chagando com suas famílias, nosso café nascia para o mundo com nome e endereço.

Neste efervescente contexto, exatamente no dia 26 de Maio, de 1973, nascia um jornal:  O JORNAL DE PATROCÍNIO. Sim, os jornais também nascem, e quando tem gestão, paternidade responsável, sobrevivem com vitalidade. Faz a sua própria história, ao registrar a história.  


O JP- como é carinhosamente chamado - nasceu do genuíno amor por Patrocínio. Isto porque lá em Uberaba,  o bancário José Afonso Amorim, falava todo  empolgado do momento de progresso que Patrocínio experimentava. Ouvindo, impactado, o Jornalista Paulo Silva, entendeu que era chegada a hora de fundar em sua cidade natal, um veículo de informação à altura de seu ritmo desenvolvimentista.

Mas esse jornal só deu certo e prosperou, por que caiu nas mãos certas. Caso contrário ficaria nas primeiras edições. Foi assim. Assim foi.  Por indicação do entusiasta José Amorim, o jornalista Paulo Silva, procurou a pessoa adequada  para iniciar o audacioso projeto: Ex- bancário: Joaquim Correia Machado Filho. Logo, após algumas edições, em bom acordo,  a parceria se desfazia, sem sofrer solução de continuidade. Pelo contrário. Paulo Silva, tocou o barco no Jornal da Manhã, na terra do Zebu,  seguiu, por lá  sendo um dos colunistas sociais  mais reverenciados e bem quistos naquela cidade. De 1973 até 1983, Quim Machado se viu em jornada dupla: Banco e Jornal. Assoviou e chupou cana. Até que o jornalista venceu o bancário. Deu química. “J” de Joaquim e “P” de Patrocínio. Nascidos um para o outro.

É saliente relembrar que Jotapê, não poderia ter começado melhor. A notícia logo correu o mundão. Bateu lá na Assembleia Legislativa, prontamente o Deputado Lourival Brasil, consignou um “Voto de Aplausos e Congratulações, aos jornalistas, pela feliz e oportuna  iniciativa da edição de lançamento de um novo jornal na cidade de Patrocínio como nome de  “Jornal de Patrocínio”. Moderno, vibrante, muito bem impresso e paginado, além de tudo, contando com excelente equipe de colaboradores, Jornal de Patrocínio está fadado,  por certo a prestar relevantes serviços á encantadora cidade de Patrocínio e toda região do Alto Paranaíba” Importante detalhe: Brasil, nem era deputado de origem patrocinense.

Será se a Deputada Estadual Maria Clara Marra, apresentará uma Moção de Aplausos, ou Votos de Congratulações, via Assembleia Legislativa?; algum vereador, pela Câmara Municipal?)

Há que se dizer. Somando à tenacidade e fibra de Joaquim, Darci Guimarães, Alex, Alan e Analu, ombreou no projeto uma invejável staff de colaboradores ao longo do tempo, dos quais peço vênia para relembrar: Eustáquio Amaral, Dr Edgard Andrade Rocha, Dr Renato Cardoso, Dr Michel Wadhy, Jussara Queiroz, Célio Gomes, Cecílio de Souza, Dr Luiz Vianna Alcântara Filho, Eliane Souza Lima, Zilda Mansur...

Em meio século, crises econômicas, novas mídias, vendavais no mercado, pandemia etc... quantas empresas sugiram em Patrocínio...e quantas desapareceram. O JP continua, “Moderno, vibrante, muito bem impresso e paginado”

Entendeu?

Sobrevivência épica! Semanalmente na trincheira, registrando, reivindicado, criticando, defendendo, alertando, enaltecendo, apontado rumos, buscando o desenvolvimento de Patrocínio em todas as áreas.

Ao jornal que ajudou a criar a bandeira de Patrocínio e que sempre teve Patrocínio como bandeira.


Por estas & outras, cinquenta salvas de palmas, Nação Patrocinense - por favor - todos de pé!


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