Neste aniversário revelamos parte da história de Patrocínio de fatos positivos e outros lamentáveis; cidade que amamos, nem por isso deixamos de lembrar suas mazelas

Patrocínio 182 anos. 

Da Redação da Rede Hoje

Patrocínio chega aos 182 anos oficialmente hoje, 7 de abril de 2024. Nesta reportagem, traremos um resumo desta história bonita, mas também sofrida, construída por tanta gente: escravos, trabalhadores, produtores, comerciantes, industriais, políticos, enfim, pela sua gente.

Destas, destacamos os professores, trabalhadores braçais (que nunca são lembrados quando se conta a história das cidades), gente de áreas como: saúde, agricultura e pecuária – grandes, médios, pequenos e produtores familiares produtores; comerciantes (familiares, pequenos, médios e grandes), estudantes, jornalistas (que contam esta história deste o princípio), técnicos, mecânicos (uma categoria que teve muita importância) e trabalhadores em geral. E claro, as famílias pobres, médias e ricas, todos construiram nossa história.

Com 182 anos, Patrocínio tem muito a comemorar pelo que construiu e também a lamentar suas mazelas. Lembrar preocupações que crescem à medida que a cidade vai se modernizando: saúde, educação, moradia, desemprego, saneamento básico, desigualdade social, trabalho infantil, fome, desmatamento, desigualdade racial, drogas e violência.

Chegou a ter 7.177 escravos

Conta o cronista-historiador Eustáquio Amaral, na “Primeira Coluna” que assina aos domingos no portal da Rede Hoje que, em 1872, durante o Império do Brasil, ocorreu o primeiro censo decenal no país, conhecido como "Recenseamento do Brasil", realizado por meio das "freguezias" que funcionavam como distritos. Na região de Minas Gerais, a cidade de Patrocínio destacou-se como uma das mais populosas do Triângulo Mineiro, mesmo possuindo apenas três "freguezias". Surpreendentemente, a "freguezia" São Sebastião da Serra do Salitre, ligada a Patrocínio, apresentou o maior número de escravos na região, com 3.830, enquanto a sede do município contava com 1.699 escravos, totalizando 7.177 escravos nas três "freguesias" da cidade.

Além da liderança em escravos, Patrocínio destacou-se também em população livre, contando com 24.201 habitantes livres, sendo quase 10 mil na "freguezia" de Nossa Senhora do Patrocínio. Embora Bagagem (Estrela do Sul) liderasse em população livre, Patrocínio superava em habitantes quando somados os escravos. O censo revelou também a presença de estrangeiros na cidade, principalmente africanos, e a predominância de uma população majoritariamente mineira e católica.

Os dados do censo de 1872 para Patrocínio também destacaram altos índices de analfabetismo, com 94% da população da "freguezia" de Nossa Senhora do Patrocínio sem saber ler ou escrever. Além disso, o censo registrou a presença de idosos centenários, diversidade de profissões na cidade, com destaque para costureiras, lavradores, e a inusitada presença de "criados e jornaleiros", apesar da inexistência de jornais locais na época. Esses dados fornecem um panorama interessante da sociedade e economia de Patrocínio durante o Império do Brasil.

Salto na produção agrícola, cujo resultado representa mais de 70% da economia local, saímos da agricultura de subsistência para grande exportador. Patrocínio, localizada no estado de Minas Gerais, é conhecida por sua relevância na produção agrícola brasileira, especialmente no setor de café e leite, mas também lavoura branca, outros tipos de produção de origens agrícolas, além de mineração. Abaixo estão mais detalhes sobre essas duas atividades:

Produção de Café:

Qualidade do Café: A região de Patrocínio é reconhecida pela qualidade do café produzido, com grãos de características sensoriais apreciadas tanto no mercado interno quanto no externo.

Volume de Produção: A cidade se destaca nacionalmente como um dos maiores produtores de café do Brasil, contribuindo de forma significativa para a produção total do país.

Tecnologia na Produção: Muitos produtores em Patrocínio adotaram tecnologias modernas para o cultivo do café, incluindo sistemas de irrigação eficientes, máquinas de última geração e práticas sustentáveis.

Atividade Leiteira:

Diversificação Agrícola: Além da produção de café, a atividade leiteira é uma importante fonte de renda para produtores da região, contribuindo para a diversificação econômica.

Alta Produtividade: A região de Patrocínio possui condições climáticas e de solo favoráveis para a criação de gado leiteiro, resultando em altos índices de produtividade por animal.

Cooperativas e Indústrias: Existem cooperativas e indústrias de laticínios em Patrocínio e arredores, que processam e comercializam uma parte significativa da produção leiteira local.

Esses aspectos combinados evidenciam a importância de Patrocínio como um dos principais polos agrícolas e bacias leiteiras do Brasil, destacando-se tanto na produção de café quanto na atividade leiteira, e contribuindo de maneira expressiva para a economia do estado de Minas Gerais e do país como um todo.

A história

A cidade de Patrocínio tem suas raízes fincadas em uma rica história que remonta ao século XVIII. Sua fundação, datada de 1772, foi resultado direto da visão estratégica do Conde de Valadares, então capitão-general de Minas Gerais. Sob suas ordens, o capitão Inácio de Oliveira Campos estabeleceu uma fazenda no local, inicialmente voltada para criação de gado e atividades agrícolas, visando abastecer os viajantes que percorriam a rota entre Minas e Goiás, via Pitangui.

A propriedade de Oliveira Campos, conhecida como "Fazenda do Bromado dos Pavões", foi um marco crucial na região, sendo ponto de passagem para expedições emblemáticas como as bandeiras de Anhanguera e Lourenço Castanho. O povoado que ali se formou em 1773, denominado Salitre, gradualmente se desenvolveu. Em 1804, a autorização para construção de uma casa de oração dedicada a Nossa Senhora do Patrocínio deu início à associação do nome da santa ao local, evoluindo posteriormente para o arraial do Salitre.

A ascensão administrativa de Patrocínio é notável ao longo do século XIX. Em 1829, tornou-se curato, alcançando o status de paróquia em 1839. Em 1842, foi elevada à condição de vila, culminando em sua promoção a cidade em 1874. Esse período também foi marcado pela descoberta do famoso diamante "Estrela do Sul" em 1852, quando a região enfrentava desafios como a presença de bandos de malfeitores que atacavam os viajantes, destacando-se a ação corajosa de voluntários pedestres de Patrocínio na contenção desses grupos em 1853.

A evolução administrativa do município é evidenciada pelas diversas leis e decretos que moldaram sua estrutura ao longo do tempo. O distrito de Nossa Senhora do Patrocínio foi criado em 1812, elevado à vila em 1840 e à condição de cidade em 1873. A partir de então, novos distritos foram criados e outros modificados, refletindo o crescimento e a organização da região.

No século XX, mais especificamente em 1953, ocorreu um marco significativo com a criação do município de Serra do Salitre, desmembrado de Patrocínio. Essa fase também testemunhou a criação de novos distritos e ajustes na composição municipal, mantendo-se até os dias atuais.

Patrocínio é assim não apenas uma cidade com uma história rica e diversificada, mas também um exemplo de desenvolvimento e adaptação ao longo dos séculos, mantendo-se como um centro importante na região do Triângulo Mineiro, enraizado em suas tradições e voltado para o futuro.

Fontes: Primeira Coluna, Eustáquio Amaral, outubro de 2021, disponível em https://www.redehoje.com.br/index.php/colunistas/278-primeira-coluna-fantastico-fatos-desconhecidos-na-historia-de-patrocinio-eustaquio-amaral; Patrocínio (MG). In: ENCICLOPÉDIA dos municípios brasileiros. Rio de Janeiro: IBGE, 1959. v. 26. p. 295-299. Disponível em: http://biblioteca.ibge.gov.br/visualizacao/livros/liv27295_26.pdf.