Tanto este quando o abaixo são aviões da Real na época. Fotos:site
 
Aviação Comercial

Aéreo. É o meio de transporte mais confortável e rápido para médias e grandes distâncias. Isso não é novidade. Todavia, até existir a empresa Gol, fundada pelo empresário genuinamente patrocinense Nenê Constantino e filhos, em agosto de 2000, inusitado é dizer que, Patrocínio contou com linhas aéreas comerciais. E até já foi centro regional de embarque e desembarque de passageiros. Além, é claro, de ter sediado, na região, os primeiros primitivos “Teco-teco”, desde há mais de 80 anos.

EMPRESAS QUE POUSAVAM EM PATROCÍNIO – Anos 50. No começo da década, havia a linha aérea BH, Patos de Minas, Patrocínio e Uberlândia. O mapa de rotas da Viabrás-Viação Aérea Brasil S/A e Nacional a mostrava. Mas, entre os patrocinenses, as empresas conhecidas foram a Real e Nacional.

SAGA AÉREA – A empresa Real Aerovias existiu de 1946 a 1955, no Brasil. A Transportes Aéreos Nacional, sua direta concorrente, existiu também, no mesmo período. A Viabrás (1942-1955), após acidente fatal (Goiás), com um avião DC-3, em 1952, entrou em decadência, sendo adquirida, em 1955, pela sua parceira (desde 1949), a Nacional. Assim, por ser coligada, em Patrocínio quem atuou, inicialmente, foi a Nacional, nos primeiros anos da década de 50, nessa linha.

A REAL AEROVIAS E OUTROS DESTINOS – Até 1955, provavelmente atuaram em Patrocínio a Nacional (parceira da Viabrás) e a Real. A ligação de Patrocínio com Araguari, Uberaba e BH, deve ter sido explorada pela Real (este autor conheceu gente que viajava para Araguari, pela Real). Na verdade, de 1956 a 1961, existiu apenas a Real (adquirira a Nacional e a Viabrás). Portanto, essa empresa (Real) permaneceu no ar de 1946 a 1961, quando foi comprada pela Varig.

COMO ERAM OS AVIÕES – O DC-3 era a aeronave que pousava no “Campo de Viação” (nome dado aos aeroportos, pista de chão, nos Anos Dourados). O de Patrocínio situava-se na atual Av. Faria Pereira com Rodovia para BH (lado esquerdo para quem se dirige ao bairro Serra Negra). Esses aviões foram produzidos de 1936 a 1950, com capacidade para 21 a 32 passageiros. Seis janelas de cada lado, duas hélices, dois tripulantes e velocidade “de cruzeiro” de 310 km/h. Portanto, durava cerca de uma hora a viagem BH-PTC. Uma das quatro aeronaves existentes na empresa sempre servia a Patrocínio (PP-KAA ou PP-KAB ou PP-KAC ou PP-KAD).



PASSAGENS E PASSAGEIROS – O escritório da Nacional, depois Real, era na Praça Santa Luzia (pista da Rua Presidente Vargas). Lá, as passagens eram adquiridas pelos patrocinenses e por gente de outras cidades, que desejavam chegar mais rápido, sobretudo, a BH e Uberaba (centro médico e educacional do Triângulo Mineiro, naquele tempo). Por exemplo, Coromandel, Serra do Salitre, Monte Carmelo (a partir, dos meados dos anos 50, havia em alguns dias, voos de Monte Carmelo para BH e Araguari, também).

CONHECIDOS PATROCINENSES NOS AVIÕES – Em 1958 e 1959, alguns patrocinenses estudavam no Colégio Diocesano, de Uberaba. Tais como: os irmãos José Maurício (hoje, cirurgião plástico famoso em BH) e Totonho Figueiredo (craque do futebol, hoje residindo na cidade), ambos filhos do médico José Figueiredo, e, João Borges Alves (filho de Elmiro Alves do Nascimento, residente na cidade). Esses estudantes e seus familiares usavam os voos da Nacional-Real. A passagem custava CR$ 15,00 (quinze cruzeiros). Barata, pois o internato no curso primário (Diocesano) custava CR$ 150,00 (moeda da época). Ou seja, 10 vezes mais do que o custo da passagem.


O AEROPORTO DE PATROCÍNIO – Como o avião Douglas DC-3 exigia 700 metros de pista para decolar e aterrissar, a pista de chão e muito capim era de quase 800 metros. Havia um hangar de madeira, onde tinha dois pequenos aviões estacionados (Teco-teco). Às vezes, acontecia de ter uma terceira aeronave pequena no lado externo do hangar. O gerente de tudo isso, nos anos 50/60, era Abrahão Nader (irmão da médica Nalzira Nader), que quando o DC-3 estava chegando, ele tinha que tirar animais da pista (cavalo, vaca, carneiro, etc.).

PRIMÓRDIO DA AVIAÇÃO PATROCINENSE – No período 1941/42/43, surgiu em Patrocínio o seu primeiro piloto e instrutor aeronáutico, Elias Alves da Cunha (família Manoel Nunes). Em 1943, foi inaugurado oficialmente o “Campo de Avião” (nome antigo de pequeno aeroporto), com dois aviões, modelo Paulistinha (Teco-teco). Pertenciam a Hélio Marinsek e a Elias Alves da Cunha, que também era mecânico aeronáutico. Wanda Pereira, tornou-se a primeira mulher a pilotar, no Município. Juntamente, com Etelvina Barbosa Cunha, esposa de Elias, o “descobridor” do avião para Patrocínio.

POR FIM – Esta crônica foi motivada por conversa deste autor com o escritor de Coromandel, José Humberto, e, com o grande jornalista patrocinense Márcio Araújo (irmão do saudoso Marcelino Araújo). Atualmente, José Humberto escreve o livro sobre “Cem anos de Coromandel, como Município” (pequena parte desta crônica fez parte da referida conversa).




Hoje, Patrocínio tem suas companhias de teatro. Arve’Luz Teatro e Poesia, Cia Máxima de Teatro, CIA. Sonhos Teatrais, Cia Borboletas no Aquário, Grupo de Teatro Sónois, Coletivo Recomendado, só que me lembro. São respeitados, ganhadores de prêmios e só não são inteiramente profissionais porque os atores, diretores e técnicos têm outras atividades. O maior nome do teatro em Patrocínio é Flávio Arvelos, ninguém contesta isso. Mas existem outras dezenas de pessoas, formadas pelo Flávio, ou não, ligadas as artes cênicas na cidade. E as artes cênicas sempre foram uma das características do patrocinense.

No primeiro ano da década de 1960, tenho apenas seis anos. Em Patrocínio, duas coisas fervilham: o cinema e o teatro (bem menos frequente). Também pudera, são as únicas fontes de lazer da cidade para quem não gosta de futebol – os adeptos do esporte ainda têm o Patrocínio Esporte, semiprofissional, para ver.

Na ocasião, todos os cinemas têm “teatro” também na denominação porque, além da tela, possuem grandes palcos e até coxia (bastidores, o lugar fora do palco em que o elenco aguarda sua deixa para entrar em cena). É o caso do Cine “Teatro” Rosário e, depois, do Cine “Teatro” Patrocínio. Ali, de vez em quando, são apresentadas peças, montadas por companhias vindas de outras regiões. É mais frequente a apresentação dos artistas locais.


Segundo o grande locutor sertanejo, Humberto Côrtes, certo dia a cidade vai viver um desses seus grandes momentos. A apresentação de uma peça dos atores locais. Os artistas são professores, gente do comércio, jornalistas, entre outros.

Quase sempre, o rádio (que na época tem os artistas próprios, que se apresentam no radioteatro) fornece o maior número de artistas e figurantes. O Humberto Côrtes é um deles. O Assis Filho, brilhante locutor esportivo, cantor e artista, é outro.

O Cine Teatro Rosário está lotado. Todos os 500 lugares ocupados. O burburinho do público abrindo as cadeiras, conversando, deixa qualquer ator nervoso. Imagine quem vai entrar no palco pela primeira vez? É o caso do Humberto Côrtes.

Começa o espetáculo. Cena vai, cena vem, e o Humberto na coxia, esperando sua hora de entrar. Lá pelas tantas, para aumentar seu nervosismo, falta algo fundamental no palco. A cena é do experiente e tranquilo Assis Filho, que faz o papel de um marido traído. O texto da peça manda que a pessoa que seria sua mulher na representação, tenha uma carta nas mãos, diga:

—Nossa, meu marido não pode nem sonhar que recebi uma carta do Alfredo. Tenho que queimá-la!
E põe fogo na carta.
O problema é que o contrarregra se esqueceu de colocar a caixa de fósforos ou o isqueiro no palco. Então, sem outra saída, a atriz rasga a suposta carta. O Assis entra no palco, como se estivesse entrando na sala do casal, vê a expressão da mulher, olha para os lados e deveria dizer:

—Nossa! Que cheiro de papel queimado!
Mas, quando entra no palco, faz todo aquele drama e não vê papel queimado, Assis acha a solução na criatividade, e diz:
- Nossa! Que cheiro de papel... rasgado!
Ninguém desconfia. O Assis volta para a coxia e reclama:
—Gente, me deixaram numa fria, tive que improvisar.
E é nesse momento que Humberto Côrtes vai entrar em cena. Ele olha por uma abertura da cortina e vê todo aquele movimento. Os parentes de toda a região, convidados para ver sua “performance”, ansiosos.
Ele pensa: - Tô perdido! Mas entra em cena.
Humberto faz o papel de um garçom que entra naquela sala de clima pesado, com uma bandeja de chocolates, e oferece à moça. Sua fala:
—Chocolates, senhorita?
Ele entra em cena, caminha trêmulo até a atriz e solta:
—Chocolita, senhorate?
Foi sua primeira e última atuação como ator de teatro. Daí pra frente, só atrás do microfone.

Crônica integrante do meu quinto livro — segundo da série — "O Som da Memória, A Volta", lançamento breve
Capa do cd "Absolutely Rock’N’Roll"


Sábado, acabo de chegar de um dia normal de trabalho na Rádio Módulo FM. Almoço, vou ver um pouco de TV para depois atualizar informações do portal da Rede Hoje. Estou assistindo o documentário sobre a Guerra do Vietnã – Arquivos Perdidos (o episódio em que um soldado luta para sobreviver a um feroz ataque durante a noite; os últimos soldados americanos voltam para casa e a queda de Saigon) no canal History 2. O telefone toca. Do outro lado da linha, uma voz conhecida e sempre entusiasta.

— Xará, onde cê tá?
Já sei, é Luiz Cabeleira. Respondo que estou em casa. Ele:
— Então venha para cá, nós estamos esperando você aqui na casa do Rizzo (Cláudio Risis de Carvalho).
Eu pondero que não tem nada marcado e não estou sabendo de nada.
— Nós resolvemos assar uma carne, tomar uma cervejinha e cantar algumas músicas da nossa época na Churrascaria Alvorada.
Neste caso, não há agenda que resista. Só para ouvir essas feras dos Metralhas, Brazillian Hippies, H6, Super Som 201, tocando, já valia a pena ir até lá. Ainda mais encontrar velhos amigos e ouvir engraçadíssimas histórias da época destas bandas e suas viagens. Chego à Rua Nhô Nhô Paiva, estão me esperando na porta o Luiz Cabeleira e o Luiz Pindoba. Agora somos três Luiz, não sei quem vai aguentar, mas, paciência.
Entro, Abigail como ótima anfitriã  com o sorriso de sempre vem, me recebe e encaminha para uma ampla varanda onde estão todos reunidos. O Rizzo dono da casa, Wanderlei Guarda, Edson Bragança, Luiz Cabeleira, Luiz Pindoba, Sânzio (que era dos Asteroides de Patos de Minas, depois veio para o Banco do Brasil de Patrocínio e nunca mais foi embora), Paulo Figueiredo (o Pauleca, que jogou no Patrocínio Esporte) e outras pessoas, entre elas a Tânia Bragança, mulher do Edson, fotografando a turma.
A recepção é calorosa. Aproveito para agradecer o Wanderlei Guarda que me trouxe um presentão – um Box com três CDs, “Absolutely Rock’N’Roll ” com 60 clássicos do rock, com músicas de Little Richard, Chuck Berry, Elvis Presley, Jerry Lee Lewis, Bill Halley e os Cometas entre outros.
Vamos colocar o papo em dia. Aí, entram em cena Edson Bragança e Pindoba, contando histórias do Zé Piquira, Tião Cabide (músicos que já morreram), Jorge Mansur e do ainda vivo Lázaro Ferro Lacerda o Lazinho. O Pauleca, também vai contado boas histórias   que nada tinham a ver com os músicos, mas eram da época — a melhor delas, da montagem de uma empresa para criar frango de corte, que a ração era mais cara que o frango, em consequência a empresa faliu e os pais dele e do sócio tiveram que pagar as dívidas. O desenrolar dessa história é sensacional, mas conto em outra oportunidade.
Enfim, entre uma história e outra, muitas risadas, boas lembranças e músicas, muitas músicas. A whiter shade of pale, All My Loving, And I Love Her, Can't Buy Me Love, Eight Days A Week, Hello, Goodbye, Here Comes The Sun e umas mais “novas” como Mesmo de Seja Eu e Another brick in the wall, que aproveitamos a filha do Luiz Cabeleira, com sua voz linda para interpretá-la. Nos violões, Wanderlei Guarda, Edson Bragança e Sânzio; na percussão improvisada, Luiz Pindoba e nos vocais ora um, ora outro, às vezes todos, trazendo de volta aquele som mágico do final dos anos 1960 e dos anos 1970, levando-nos numa viagem à Churrascaria Alvorada.
Abgail serviu mais tarde um arroz com bacalhau e sobremesa.
É hora de ir pra casa. Me despedi da turma e agradeci ao Rizzo e Abgail pela tarde maravilhosa que passamos ali e fui embora revigorado, com certeza de ter ficado umas boas três horas com nosso passado.

 PS.: da turma que estava neste encontro, Wanderley e Rizzo já se foram, deixando saudades e vazio entre nós!
Crônica integrante do meu quinto livro — segundo da série — "O Som da Memória, A Volta", lançamento breve.

Foto: Acervo Público Municipal | Casa Cultura | Museu Hugo Machado Silveira


Importância
. Há uma data que, praticamente, nenhum patrocinense valoriza. Talvez, por sê-la no primeiro mês. Talvez, por ser período de férias. Talvez, por não interessar aos poderes públicos. Nem aos políticos. Mas ela não deixa de ser significativa. Na verdade, é a segunda data mais importante para Patrocínio: 12 de janeiro. A primeira é 7 de abril, data da emancipação. Tem duas grandes cidades vizinhas que inverteram essa classificação cívica. História é para ser conhecida e considerada. E não ser desconhecida e ignorada. Quando Patrocínio se tornou cidade e quando outras dez cidades da região também fizeram o mesmo. Isso é interessante saber. Até nessa etapa histórica, Patrocínio demorou mais do que algumas cidades do Triângulo. Ser elevada de vila para cidade.

AS PRIMEIRAS CIDADES - No Triângulo-Noroeste, os quatro municípios e vilas que se tornaram cidades à frente de Patrocínio foram Paracatu (1840), Uberaba (1856), Bagagem (Estrela do Sul) em 1861 e Araxá em 1865. Pela existência (idade) do município, Bagagem foi mais rápido, pois ficou como vila apenas cinco anos. Inclusive venceu o seu ‘‘município-pai’’ (Patrocínio), que apenas foi elevado à cidade em 12 de janeiro de 1874. Portanto, 13 anos antes de Patrocínio, Bagagem (Estrela do Sul) chegou à cidade.

PATOS FAZ FESTA NO DIA DA CIDADE! - A vila de Santo Antônio dos Patos ganhou condição de cidade no dia 24 de maio de 1892. Ou seja, há 130 anos. Historicamente, os patenses sempre fazem grandes festividades nessa data, incluindo a famosa Festa Nacional do Milho. Porém, o distrito de Santo Antônio dos Patos emancipou-se de Patrocínio em 29 de fevereiro de 1868, cumprindo a Lei Provincial nº 1291, de 30/10/1866. Conclusão: Patos de Minas comemora o dia que se tornou cidade (24 de maio) e não o dia que se emancipou (seja 29 de fevereiro, que é ano bissexto, ou, 30 de outubro, o da lei).

ARAGUARI TAMBÉM FESTEJA O DIA DA CIDADE - A Vila do Brejo Alegre (Araguari) desligou-se do município de Bagagem (Estrela do Sul) em 31/03/1884. E, quatro anos depois, em 28/08/1888 tornou-se a cidade de ‘‘Araguary’’. A grande festa cívica araguarina acontece em 28 de agosto (dia da Cidade). Daí, a última festa comemorou os 134 anos de Araguari. Nela registrou-se hasteamento de bandeiras, desfile cívico-militar, feira regional de artesanato, show com Trio Parada Dura, dentre outros eventos, que ocorreram na bela cidade.

OUTRAS VILAS ELEVADAS À CIDADE - Em 1882, Carmo da Bagagem foi levada à categoria de vila. Dez anos depois, 24 de maio de 1892, ganhou o status de cidade. E em 1900, Carmo da Bagagem passa a ser denominada Monte Carmelo. Já Carmo do Paranaíba tornou-se vila em 1876 e cidade em 04/10/1887. Carmo também faz a sua festa no dia da Cidade (04 de outubro). E Sacramento de vila (1871/transformou-se em cidade cinco anos depois (1876). Uberaba foi vila em 1836 e cidade em 1856. Contudo, a festa é em data diferente de ambos esses eventos. É a capital do Triângulo, Uberlândia, comemora o dia da cidade com muita festa, em 31 de agosto. Na última edição, festejou 134 anos. Uberlândia, em um mesmo ano, passou de vila para cidade (1888). Por isso, a festa dos uberlandenses é no dia da Cidade.

E PATROCÍNIO COMEMORA O DIA DA CIDADE? - Nunca comemorou. O dia da emancipação sim. A apresentação histórica das principais cidades da região e suas datas cívicas marcantes é para concluir, outra vez, de que o Município precisa reconhecer o dia 12 de janeiro. Pelo menos, conhecer, saber e reconhecer. Isso é cívico. Isso é cultura. Isso é ser bem patrocinense.

POR FIM - O alerta não é menosprezo ao 7 de abril. É simplesmente ter conhecimento de uma data (o da Cidade), que é bastante comemorada em outras cidades, tais como Patos de Minas, Araguari, Uberlândia e Carmo do Paranaíba. Salve o dia 12 de janeiro, o dia da Cidade de Patrocínio.


Foto: reprodução | Youtube | TV Cultura

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