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Eustaquio Amaral

Economista, ex-superintedente de Planejamento e Finanças da Secretaria Estadual de Saúde de MG. Acadêmico da Academia Patrocinense de Letras. Colunista do portal Rede Hoje.  eustaquioamaral@gazetaptc.com.br 

PRIMEIRA COLUNA. REI NEGRO, DE EXPRESSÃO NACIONAL, FOI MORTO EM PATROCÍNIO

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Criado em Domingo, 29 Novembro 2020 10:49

 quilombo-1

Pérolas. Assim, podem ser intituladas diversas histórias sobre o nosso querido Município. Algumas ainda pouco conhecidas. Tais como as que antecedem a fundação de Patrocínio e narrativas da própria fundação ou criação (não confundir com emancipação).

 

O PRIMEIRO MARCO – Em 1729, a Coroa Portuguesa criou a estrada real ligando Pitangui e o sul de Goiás, passando pela gleba de José Pires Monteiro, situada entre a Lagoa Seca e o Ribeirão Feio (provavelmente, é o hoje o Córrego Feio). A estrada passou a ser chamada de “Picada de Goiás”. As primeiras expedições utilizaram a estrada, mas a maioria foi dizimada pelos índios Caiapós. Portanto, há 300 anos. Mais tarde, o governador da Capitania, Conde de Valadares, foi incumbido de atacar os índios e os calhambolas (escravos fugitivos). Com destaque, para os componentes do Quilombo do Ambrósio, que dominavam a “Picada de Goiás”.

 

O SURGIMENTO DO FUNDADOR – Depois de vários embates entre os índios e brancos na região, o governador da Capitania, cargo nominado capitão-geral de Minas, Conde de Valadares, determinou ao capitão Inácio de Oliveira Campos, explorar as regiões chamadas de Bromado e Esmeril. E destruir os Quilombos existentes. Isso em 1771. O capitão Inácio era casado com a lendária Joaquina de Pompéu, líder política e grande fazendeira na região que hoje é Pitangui, Abaeté e Pompéu.

 

O NOVO ELDORADO – A excelente pastagem, as fontes hidrominerais para o gado salitrar (alimentar), a uberdade (fartura) da terra, os riachos cristalinos e a posição estratégica na estrada Picada de Goiás, constituíram os fundamentos para a construção da Fazenda Brumado dos Pavões, pelo capitão Inácio de Oliveira Campos. Assim, a partir 1772, a fazenda tornou-se o centro de abastecimento e repouso das tropas e bandeiras rumo a Goiás. Esse cenário atraiu gente, boa ou não, de outras regiões, que desejava começar ou recomeçar a sua vida.

 

FUNÇÃO DA FAZENDA – O capitão Inácio não permaneceu muito tempo na região, chamada pelos escravos de Catiguá, pois adoeceu. E pouco depois, após o seu retorno, faleceu em Pitangui. Como herança, Joaquina de Pompéu, recebeu a próspera fazenda e mais de 4.000 cabeças de gado. A Fazenda Brumado dos Pavões produzia cereais e carne para abastecimento das tropas/viajantes e até para a Corte no Rio de Janeiro. A importância dessa fazenda começou a ser conhecida. Com isso, precários casebres foram construídos nas proximidades dela. Principalmente, por gente pertencente à força de trabalho da fazenda. Mas... a pujança da Fazenda atraiu também bandoleiros, assassinos, assaltantes e negros (fugitivos da escravidão). Esses para sobreviverem, assaltavam. Mormente, oriundos do quilombo do Ambrósio e do Quilombo Pernaíba.

 

FAMOSO REI AMBRÓSIO – Destemido líder de três quilombos, o negro Ambrósio foi atacado, em 1746, no seu Quilombo, na região de Formiga/Cristais. Daí, pouco depois, construiu o seu segundo e maior quilombo, entre Ibiá e Campos Altos (mais de 1.000 pessoas), onde também foi combatido pelas forças da Capitania. O terceiro Quilombo de Ambrósio, subordinado ao maior, ocorreu na região de onde iria surgir Patrocínio.

 

O REI FOI MORTO NO RIO DOURADOS – A mando do governador, o bandeirante de Pitangui, Bartolomeu Bueno do Prado eliminou o Quilombo do Ambrósio em Ibiá (1759), que teria 400 casas. Na mesma época, Ambrósio fugiu, com a sua corte, para o Quilombo do Pernaíba (nascentes do Rio Dourados), com 70 casas (quase 500 pessoas), ligado à confederação do Quilombo do Ambrósio, que fora despovoado. Nesse ano, 1759, em 7 de setembro, o rei Ambrósio foi morto na região dos Dourados. E parte de seu séquito (turma) também morreu. E cinquenta foram enviados como prisioneiros para o Rio de Janeiro.

 

QUEM FOI AMBRÓSIO – Simplesmente, foi o rei do Reino Africano de Minas Gerais, como afirmam os historiadores. Num estudo da Universidade Federal de Minas Gerais–UFMG, Rei Ambrósio é aquele agricultor e guerreiro das armas, chefe das lutas quilombolas (escravo fugido). À época (1730-1760), fazendeiros, políticos e comerciantes usurparam dos negros livres e dos brancos pobres, extensões de terras e pequenas fazendas. Assim, “negro” e “branco pobre” eram a motivação de aniquilamento dos quilombos e povoações inerentes.

 

kilombo1O QUE É QUILOMBO – Formado por mestiços, negros forros (escravos libertos), brancos pobres, índios, caboclos e negros fugidos (escravos), o quilombo era um abrigo e reduto de resistência à escravidão. Também pode ser considerado um acampamento militarizado. Em Minas, o Quilombo do Ambrósio, também chamado Quilombo Grande, foi considerado extensa confederação de pequenas e grandes comunidades. Como o Quilombo dos Palmares (Pernambuco), com o seu líder Zumbi dos Palmares, o Quilombo do Ambrósio tinha autonomia, líderes e até negócios. Era “quase um reino” dentro da Colônia (Brasil), diziam as autoridades portuguesas.

 

IMPORTÂNCIA – Por isso, Palmares e Ambrósio são considerados os principais líderes quilombolas que existiram no território brasileiro. E os principais quilombos.

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FONTES – MGQuilombo (O Quilombo em Minas), Wikipédia, periodicos.ufmg.br, e livro do médico e escritor José Lagares Barbosa, natural de Cruzeiro da Fortaleza, e residente na Grande BH (Ibirité). Esse livro sobre a vida dele em Cruzeiro da Fortaleza.

 

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