Capa do cd "Absolutely Rock’N’Roll"


Sábado, acabo de chegar de um dia normal de trabalho na Rádio Módulo FM. Almoço, vou ver um pouco de TV para depois atualizar informações do portal da Rede Hoje. Estou assistindo o documentário sobre a Guerra do Vietnã – Arquivos Perdidos (o episódio em que um soldado luta para sobreviver a um feroz ataque durante a noite; os últimos soldados americanos voltam para casa e a queda de Saigon) no canal History 2. O telefone toca. Do outro lado da linha, uma voz conhecida e sempre entusiasta.

— Xará, onde cê tá?
Já sei, é Luiz Cabeleira. Respondo que estou em casa. Ele:
— Então venha para cá, nós estamos esperando você aqui na casa do Rizzo (Cláudio Risis de Carvalho).
Eu pondero que não tem nada marcado e não estou sabendo de nada.
— Nós resolvemos assar uma carne, tomar uma cervejinha e cantar algumas músicas da nossa época na Churrascaria Alvorada.
Neste caso, não há agenda que resista. Só para ouvir essas feras dos Metralhas, Brazillian Hippies, H6, Super Som 201, tocando, já valia a pena ir até lá. Ainda mais encontrar velhos amigos e ouvir engraçadíssimas histórias da época destas bandas e suas viagens. Chego à Rua Nhô Nhô Paiva, estão me esperando na porta o Luiz Cabeleira e o Luiz Pindoba. Agora somos três Luiz, não sei quem vai aguentar, mas, paciência.
Entro, Abigail como ótima anfitriã  com o sorriso de sempre vem, me recebe e encaminha para uma ampla varanda onde estão todos reunidos. O Rizzo dono da casa, Wanderlei Guarda, Edson Bragança, Luiz Cabeleira, Luiz Pindoba, Sânzio (que era dos Asteroides de Patos de Minas, depois veio para o Banco do Brasil de Patrocínio e nunca mais foi embora), Paulo Figueiredo (o Pauleca, que jogou no Patrocínio Esporte) e outras pessoas, entre elas a Tânia Bragança, mulher do Edson, fotografando a turma.
A recepção é calorosa. Aproveito para agradecer o Wanderlei Guarda que me trouxe um presentão – um Box com três CDs, “Absolutely Rock’N’Roll ” com 60 clássicos do rock, com músicas de Little Richard, Chuck Berry, Elvis Presley, Jerry Lee Lewis, Bill Halley e os Cometas entre outros.
Vamos colocar o papo em dia. Aí, entram em cena Edson Bragança e Pindoba, contando histórias do Zé Piquira, Tião Cabide (músicos que já morreram), Jorge Mansur e do ainda vivo Lázaro Ferro Lacerda o Lazinho. O Pauleca, também vai contado boas histórias   que nada tinham a ver com os músicos, mas eram da época — a melhor delas, da montagem de uma empresa para criar frango de corte, que a ração era mais cara que o frango, em consequência a empresa faliu e os pais dele e do sócio tiveram que pagar as dívidas. O desenrolar dessa história é sensacional, mas conto em outra oportunidade.
Enfim, entre uma história e outra, muitas risadas, boas lembranças e músicas, muitas músicas. A whiter shade of pale, All My Loving, And I Love Her, Can't Buy Me Love, Eight Days A Week, Hello, Goodbye, Here Comes The Sun e umas mais “novas” como Mesmo de Seja Eu e Another brick in the wall, que aproveitamos a filha do Luiz Cabeleira, com sua voz linda para interpretá-la. Nos violões, Wanderlei Guarda, Edson Bragança e Sânzio; na percussão improvisada, Luiz Pindoba e nos vocais ora um, ora outro, às vezes todos, trazendo de volta aquele som mágico do final dos anos 1960 e dos anos 1970, levando-nos numa viagem à Churrascaria Alvorada.
Abgail serviu mais tarde um arroz com bacalhau e sobremesa.
É hora de ir pra casa. Me despedi da turma e agradeci ao Rizzo e Abgail pela tarde maravilhosa que passamos ali e fui embora revigorado, com certeza de ter ficado umas boas três horas com nosso passado.

 PS.: da turma que estava neste encontro, Wanderley e Rizzo já se foram, deixando saudades e vazio entre nós!
Crônica integrante do meu quinto livro — segundo da série — "O Som da Memória, A Volta", lançamento breve.

Foto: Acervo Público Municipal | Casa Cultura | Museu Hugo Machado Silveira


Importância
. Há uma data que, praticamente, nenhum patrocinense valoriza. Talvez, por sê-la no primeiro mês. Talvez, por ser período de férias. Talvez, por não interessar aos poderes públicos. Nem aos políticos. Mas ela não deixa de ser significativa. Na verdade, é a segunda data mais importante para Patrocínio: 12 de janeiro. A primeira é 7 de abril, data da emancipação. Tem duas grandes cidades vizinhas que inverteram essa classificação cívica. História é para ser conhecida e considerada. E não ser desconhecida e ignorada. Quando Patrocínio se tornou cidade e quando outras dez cidades da região também fizeram o mesmo. Isso é interessante saber. Até nessa etapa histórica, Patrocínio demorou mais do que algumas cidades do Triângulo. Ser elevada de vila para cidade.

AS PRIMEIRAS CIDADES - No Triângulo-Noroeste, os quatro municípios e vilas que se tornaram cidades à frente de Patrocínio foram Paracatu (1840), Uberaba (1856), Bagagem (Estrela do Sul) em 1861 e Araxá em 1865. Pela existência (idade) do município, Bagagem foi mais rápido, pois ficou como vila apenas cinco anos. Inclusive venceu o seu ‘‘município-pai’’ (Patrocínio), que apenas foi elevado à cidade em 12 de janeiro de 1874. Portanto, 13 anos antes de Patrocínio, Bagagem (Estrela do Sul) chegou à cidade.

PATOS FAZ FESTA NO DIA DA CIDADE! - A vila de Santo Antônio dos Patos ganhou condição de cidade no dia 24 de maio de 1892. Ou seja, há 130 anos. Historicamente, os patenses sempre fazem grandes festividades nessa data, incluindo a famosa Festa Nacional do Milho. Porém, o distrito de Santo Antônio dos Patos emancipou-se de Patrocínio em 29 de fevereiro de 1868, cumprindo a Lei Provincial nº 1291, de 30/10/1866. Conclusão: Patos de Minas comemora o dia que se tornou cidade (24 de maio) e não o dia que se emancipou (seja 29 de fevereiro, que é ano bissexto, ou, 30 de outubro, o da lei).

ARAGUARI TAMBÉM FESTEJA O DIA DA CIDADE - A Vila do Brejo Alegre (Araguari) desligou-se do município de Bagagem (Estrela do Sul) em 31/03/1884. E, quatro anos depois, em 28/08/1888 tornou-se a cidade de ‘‘Araguary’’. A grande festa cívica araguarina acontece em 28 de agosto (dia da Cidade). Daí, a última festa comemorou os 134 anos de Araguari. Nela registrou-se hasteamento de bandeiras, desfile cívico-militar, feira regional de artesanato, show com Trio Parada Dura, dentre outros eventos, que ocorreram na bela cidade.

OUTRAS VILAS ELEVADAS À CIDADE - Em 1882, Carmo da Bagagem foi levada à categoria de vila. Dez anos depois, 24 de maio de 1892, ganhou o status de cidade. E em 1900, Carmo da Bagagem passa a ser denominada Monte Carmelo. Já Carmo do Paranaíba tornou-se vila em 1876 e cidade em 04/10/1887. Carmo também faz a sua festa no dia da Cidade (04 de outubro). E Sacramento de vila (1871/transformou-se em cidade cinco anos depois (1876). Uberaba foi vila em 1836 e cidade em 1856. Contudo, a festa é em data diferente de ambos esses eventos. É a capital do Triângulo, Uberlândia, comemora o dia da cidade com muita festa, em 31 de agosto. Na última edição, festejou 134 anos. Uberlândia, em um mesmo ano, passou de vila para cidade (1888). Por isso, a festa dos uberlandenses é no dia da Cidade.

E PATROCÍNIO COMEMORA O DIA DA CIDADE? - Nunca comemorou. O dia da emancipação sim. A apresentação histórica das principais cidades da região e suas datas cívicas marcantes é para concluir, outra vez, de que o Município precisa reconhecer o dia 12 de janeiro. Pelo menos, conhecer, saber e reconhecer. Isso é cívico. Isso é cultura. Isso é ser bem patrocinense.

POR FIM - O alerta não é menosprezo ao 7 de abril. É simplesmente ter conhecimento de uma data (o da Cidade), que é bastante comemorada em outras cidades, tais como Patos de Minas, Araguari, Uberlândia e Carmo do Paranaíba. Salve o dia 12 de janeiro, o dia da Cidade de Patrocínio.


Foto: reprodução | Youtube | TV Cultura


  • No ano que vem haverá eleições. Já imagino os políticos correndo atrás de nós, e nós correndo deles.

  • Muitas pessoas deixarão a bebida. O perigo é não se lembrarem onde.

  • Cautela e caldo de galinha não farão mal a ninguém. Exceto às coitadas das galinhas.

  • Milhares e milhares de pessoas manifestarão o desejo de ir para o céu, desde que não seja de caixão.

  • Nossas vidas não serão curtas. Nós é que ficaremos mortos tempo demais.

  • Os inimigos mais terríveis serão aqueles que já foram nossos amigos, pois conhecem nossas fraquezas.

  • Se Deus existe, por que teremos de conviver com coisas como a fome, violência, racismo e o Domingão do Huck?

  • Haverá três destaques brasileiros nas Olimpíadas: assalto triplo, corrida de 1.500 metros com bolsas de turistas e revezamento de celular roubado.

  • Quem se achar horrível pela manhã deverá acordar ao meio-dia.

  • Os bancos continuarão a ser instituições que nos emprestam dinheiro, desde que apresentemos provas suficientes de que não precisamos de dinheiro.

  • Se os homens voltarem para casa à noite e encontrarem uma mulher que lhes dê amor, carinho e ternura, cuidado, pois isso significa que entraram na casa errada.

  • Muitos maridos carregarão o peso do chifre, além de terem de sustentar as vacas.

  • Cuidado, amigo, se todas as mulheres derem em cima de você! Com certeza, você mora num porão de motel.

  • As mulheres chorarão antes do casamento; os homens, depois.

  • Muitos homens descobrirão que estão ficando velhos quando perceberem que o trabalho já não dá prazer, e o prazer começar a dar trabalho.

  • O dinheiro não trará felicidade, mas ajudará a sofrer em Las Vegas.

  • A maioria dos brasileiros trabalhará o máximo para ganhar o mínimo.

  • Pelo jeito que a coisa vai, o terceiro sexo estará em segundo.

  • Todos nós seremos a favor do sexo antes do casamento, mas desde que não atrase a cerimônia.

  • A maioria dos políticos serão homens muito devotos. E será fácil perceber a quantidade “devotos” que eles comprarão nas eleições.

  • Muitas mulheres serão ótimas donas de casa. Sempre que se divorciarem, ficarão com a casa.



Hoje é um dia próprio para reflexões. Mas por que falar de temas tristes nesta época do ano? É que nesta época, tem coisas que doem mais que em qualquer outra. Vou contar uma história e você, leitor, vai concordar.
Quem quiser saber o que acontecerá conosco daqui há alguns anos, deve visitar um asilo. Qualquer um. Apesar do ótimo tratamento dispensado por estas instituições é muito triste a situação dos idosos ali colocados. São pessoas doentes pela idade (inevitável). Às vezes, nem tem problema grave, contudo são deixadas porque dão muito “trabalho”, necessitam de dedicação em tempo integral, as despesas não são fáceis para os familiares. Outros por causa de sua situação – geralmente algum problema mental – nesse caso, fica ainda mais difícil para os familiares e são deixados em entidades como a Casa do Idoso, cujos profissionais são bons, treinados para ter paciência. O atendimento religioso também ajuda, certa vez,  para uma reportagem da Rede Hoje, acompanhei o Frei Éderson Queiroz e ví a diferença (positiva) que isso faz. Mas é diferente de casa, da família.
Escrevi uma reportagem para a revista Presença em setembro de 1991 sobre o Asilo São Vicente de Paula. Para fazer a reportagem, conversei com alguns personagens e achei deliciosas as histórias que contavam. Umas verossímeis, outras nem tanto, eram frutos de mentes já confusas.
Uma história bonita e triste era de um senhor chamado Zico. O “seo Zico” nasceu em agosto de 1909. E contatava que fez de tudo na vida:
— Fui ferreiro, carpinteiro, fazia o que queria com madeira e ferro: carros de bois, armas de fogo. Minha maior diversão, era caçar e tudo com minhas armas, de fabricação própria. Morava perto de São Benedito e não sei ler, mas tenho saída em qualquer repartição.
Mas ele não teve muita sorte. Foi casado duas vezes, na primeira com 19 anos e a esposa, dona Afonsina, era nove anos mais velha. Tiveram dois filhos, mas ela morreu quando tinham quatro anos de casados. O segundo casamento aconteceu bem mais tarde. Ele tinha 40 anos, a segunda esposa, também era mais velha em dois anos. Viveu com dona Rufina 38 anos. Ela morreu de AVC aos 80 anos. O filho, Adelino, também morreu com 20 anos, de infarto.
— Fecho os olhos e os vejo fazendo de tudo, como se fosse hoje.
Contava com saudade.
Um dia apareceu um outro senhor na Santa Casa de Patrocínio com amnésia. Não sabia responder a mais simples das perguntas: o próprio nome. Foi levado para o asilo e ninguém nunca procurou por ele. Isso foi em 1989. Como não sabia o nome, não tinha documentos, passaram a chamá-lo “Aristides”. Morreu anos depois sem saber quem era, nem de onde veio.
Contudo, o José Venâncio de Vasconcelos, todo mundo sabia de onde era e a cidade tinha um grande carinho com ele. Era o “Zé Bonitinho”. Era o tipo mais popular de Patrocínio. Nascido em março de 1905, em Gameleira, perto de Macaúbas, embora os documentos indicassem o nascimento no município de Coromandel. Adorado pelas crianças, incapaz de fazer mal a qualquer criatura. Se preocupava mesmo era com a aparência. Chegou a me cobrar um “paletó branco, bem bonito”.
— Olha, Zé, branco eu não tenho, mas tenho uma de outra cor, não serve?
— É bonito?
— Muito!
— Então serve, viu?
As pessoas com mais de 30 anos se lembram de Regina Arruda Martins, “Regininha”, que nasceu em Coromandel. Veio para Patrocínio com dois anos de idade, fez o primário, casou-se e teve dois filhos – Gaspar e Vicente – que morreram jovens. Vicente foi depois do pai e do irmão. Morreu por alcoolismo. Depois da tragédia com os três familiares, “Regininha” começou a andar pelo cidade, sem rumo. Corpo curvado, cabeça baixa, como se procurasse algo no chão. Também incapaz de maltratar quem quer que fosse. Calma, educada, sem elevar o tom de voz, morreu com mais de 100 anos.
Com eu dizia, naquela edição de Presença, o adjetivo “velho” desperta em nós a sensação de algo ultrapassado, fora de época, obsoleto, inútil. Essa fase da vida se caracteriza pela angústia de se perceber envelhecendo, com as chances de realização diminuindo em virtude da passagem impecável do tempo. O isolamento social é uma característica evidente do idoso.
Devemos questionar as condições de vida na terceira idade, recriar tudo, refazer relações para que os velhos não sejam excluídos, nem fiquem sozinhos e confinados em asilos. E se precisarem ir para essas instituições, que não fiquem sozinhos, porque nada deve doer mais que a solidão depois de ter dado uma vida por irmãos, filhos e netos, terminar sozinho…. isolado.



Crônica integrante do meu quinto livro — segundo da série — "O Som da Memória, A Volta", lançamento previsto para breve.

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